Aécio destaca projeto que torna Tancredo Neves patrono da redemocratização

"É uma homenagem a uma geração de brasileiros que soube, com tenacidade, mas com paciência, construir o caminho que nos permitiu trilhar o das liberdades e da democracia”, diz deputado e ex-governador de Minas.

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (26/10), projeto que declara o ex-presidente e ex-governador Tancredo Neves patrono da redemocratização brasileira. O Projeto de Lei 5851/05 foi proposto ao Congresso Nacional pela Associação Comunitária do Chonin de Cima (ACOCCI), sediada no município de Governador Valadares, e foi aprovado em sessão que homenageou o ex-presidente.

Emocionado, o deputado federal Aécio Neves, neto do presidente Tancredo, saudou a aprovação do projeto pela Casa e destacou o legado do ex-presidente às novas gerações, sua trajetória na vida pública e na retomada das eleições diretas e das liberdades democráticas no país.

“É com uma alegria imensa que subo à esta tribuna. Quantas vezes, ao longo da minha vida parlamentar, tive o privilégio de ocupar as duas tribunas do Plenário, defendendo as causas que eu acreditava que eram as melhores para o país. Mas hoje tenho um sentimento diferente. Aprendi muito cedo que é triste o povo que não conhece a sua história, pois esse mesmo povo terá uma dificuldade imensa de construir o seu futuro. A Câmara dos Deputados permite, a partir da homenagem que se faz ao ex-presidente Tancredo Neves, ao transformá-lo em patrono da redemocratização, que os brasileiros das novas gerações compreendam as etapas que vencemos, os obstáculos que superamos e que nos trouxeram até aqui, e os valores democráticos pregados por Tancredo e por tantos outros”, afirmou Aécio.

Aécio atuou como secretario particular do governador Tancredo Neves
Aécio atuou como secretario particular do governador Tancredo Neves

Tancredo faleceu em abril de 1985, logo após sua eleição a presidente da República. Ao longo da vida pública, ele foi ministro da Justiça de Getúlio Vargas, foi primeiro-ministro do Brasil, governador de Minas Gerais, deputado estadual e federal. Durante todo processo para retomada da democracia no país, iniciado em 1975, ele participou ativamente e tornou-se líder da campanha das Diretas Já, em 1984, que devolveu a um civil a Presidência da República.

A aprovação do título pelo plenário da Câmara marcou os 20 anos da Comissão de Legislação Participativa, responsável por analisar sugestões da sociedade civil e transformá-las em propostas em tramitação no Parlamento.

Caminho das liberdades e da democracia

Também ex-governador de Minas Gerais, como Tancredo, Aécio lembrou, em seu pronunciamento, a dedicação e o afinco do ex-presidente e dos que lutaram pela retomada da vida democrática no país.

“Essa não é uma homenagem que se faz a um homem, a um cidadão, por mais que ele, pela sua trajetória política e pessoal, as mereça. Ao transformar Tancredo em Patrono da Redemocratização, a Câmara dos Deputados do Brasil homenageia uma geração de brasileiros que soube, com tenacidade, mas com paciência, construir o caminho que nos permitiu trilhar o das liberdades e da democracia. As nossas instituições democráticas se solidificaram ao longo do tempo. Esses valores essenciais deverão ser sempre o nosso norte, deverão ser o pilar absolutamente fundamental e definitivo para superarmos também as eventuais dificuldades por que passamos, enxergando sempre o futuro”, afirmou o deputado.

Aécio destacou ainda a capacidade e a coragem que marcaram a trajetória política do avô.

“Tancredo era um pacificador, mas era um homem de coragem. Sabia enfrentar aqueles que deveria enfrentar, mas sabia estender a mão, colocando sempre em primeiro lugar o interesse maior da sociedade brasileira em todos os momentos da sua vida. Dizia uma frase que guardo comigo com muita força, que se faz muito presente na minha história pessoal e que serve para todos nós que nos dedicamos à política. Ele disse: “Para aventuras não contem comigo, mas para correr riscos, quando eles vêm em favor da sociedade que nós representamos, é inerente à nossa atividade”. E foi correndo riscos que ele se elegeu Presidente da República, neste mesmo Plenário que sediou o colégio eleitoral. E foi exatamente correndo riscos em relação à sua própria vida que ele garantiu que a transição, o episódio da transferência do poder militar para o civil se desse sem traumas, sem derramamento de sangue. Era, sim, o homem da conciliação”, disse Aécio em seu pronunciamento.

O deputado Aécio Neves durante pronunciamento no plenário da Câmara dos Deputados. Fotos: Alexssandro Loyola
O deputado Aécio Neves durante pronunciamento no plenário da Câmara dos Deputados. Fotos: Alexssandro Loyola

Na tribuna da Câmara, o deputado citou também outros líderes que protagonizaram o processo de redemocratização no país.

“Saibamos nós honrar a sua história e a de tantos outros brasileiros, como Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela, Leonel Brizola, José Richa, Franco Montoro, Mário Covas e tantos outros que, ao seu lado, conseguiram fazer com que a nossa transição se transformasse em algo exemplar para a nossa região, onde as rupturas se davam de forma extremamente traumática”, ressaltou.

Leia aqui a íntegra do pronunciamento de Aécio Neves na sessão que aprovou o título de Patrono da Redemocratização ao presidente Tancredo Neves.

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