O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, falou à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados, nessa quarta-feira (24/11), onde reconheceu que o Brasil tem falhado na preservação e proteção da Amazônia. Ele atendeu a requerimento do deputado Aécio Neves (PSDB-MG), presidente da comissão.

“O novo aumento de 22% na taxa anual de desmatamento da Amazônia, ao mesmo tempo em que o gasto com as operações especiais na região já custou ao país meio bilhão de reais do orçamento federal, nos levou, entre outros pontos, a um debate franco e aberto com o vice-presidente Hamilton Mourão. A nosso convite, ele explicou as ações de defesa da Amazônia e no combate ao desmatamento ilegal, sob sua responsabilidade, e destacou avanços do Conselho Nacional da Amazônia”, afirmou Aécio em entrevista.

Na audiência, com três horas de duração, foram debatidos os crescentes números do desmatamento no país e as operações especiais realizadas na Amazônia pelas Forças Armadas. Mourão preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal formado por ministérios e agências ambientais.

Aécio questionou a redução do número de multas ambientais aplicadas mesmo frente ao aumento dos indicadores de desmatamento.

“Tratamos diretamente da necessidade de uma integração mais eficaz das ações das Forças Armadas com os órgãos de fiscalização e agências ambientais, como o IBAMA e o ICMBio. Ficou patente a importância do aumento do orçamento destinado a esses órgãos para que ampliem a capacidade de atuação, bem como do Ministério do Meio Ambiente. Há uma cobrança mundial para que o Brasil adote medidas efetivas de proteção à Amazônia, mas essa urgência é primeiramente dos brasileiros”, disse Aécio.

Em novembro de 2021, o PRODES divulgou novos dados que revelam um aumento de 22% na taxa anual de devastação ambiental. Nos anos anteriores, o aumento foi de 30%, entre 2018 e 2019, e de 20% entre 2019 e 2020.

“A despeito do gasto monumental e da presença de milhares de militares na região, as multas aplicadas são 18% inferiores àquelas emitidas pelos fiscais do IBAMA em 2019”, destacou Aécio.

Aos deputados, Mourão disse que é fundamental investir nas agências ambientais, com o fortalecimento dos seus recursos humanos e de meios para que possam efetuar ações de fiscalização.

“O Brasil precisa investir no desenvolvimento sustentável da Amazônia, onde diversos atores estatais e não estatais procuram limitar a nossa soberania”, disse o vice-presidente.