Entrevista coletiva sobre a reunião com partidos da oposição

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quinta-feira (21/05), em Brasília. Aécio falou sobre a reunião com os partidos de oposição e sobre a ação de crime comum contra a presidente da República pelas chamadas “pedaladas fiscais”.

Confira a entrevista do senador:

Qual foi o resultado da reunião?

Uma ação conjunta das oposições, que, na terça-feira da próxima semana, estarão atuando junto à Procuradoria-Geral da República. Portanto, entrando com uma ação de crime comum contra a presidente da República pelas chamadas pedaladas fiscais. O que é mais importante é que daqui por diante as oposições trabalharão sempre juntas e esse crime foi comprovado, não pelas oposições, foi comprovado pelo próprio Tribunal de Contas da União. O parecer do ex-ministro Miguel Reale é extremamente consistente para que a Procuradoria-Geral abra um processo de investigação contra presidente da República.

Há expectativa de grandes cortes em todas as pastas. Isso vai ser mais uma prova de que a presidente mentiu disputando a reeleição?

Acho que o Brasil inteiro já compreende isso. Para vencer as eleições, o governo do PT e a presidente Dilma cometeram irresponsabilidades que hoje penalizam os mais pobres porque o governo sabia da necessidade correções e não as fez no tempo certo e a um custo muito menor. Preferiu deixar que a situação do país se agravasse como se agravou e, agora, 90% da conta desse ajuste serão pagos pelo trabalhador brasileiro, pelas famílias brasileiras. E ao mesmo tempo em que o governo deveria estar dando exemplos de enxugamento da máquina, de racionalização da máquina pública, de contenção de cargos, diminuição de cargos de livre nomeação, a presidente da República os utiliza da pior forma possível. O que voltou foi o balcão de barganha.

Sobre a distribuição de cargos federais.

Estamos vendo o prenúncio de novos escândalos no futuro porque agora, neste instante, enquanto conversamos aqui, o Palácio do Planalto, disse alguns gabinetes, que tem uma planilha de cargos e uma fila de parlamentares da base esperando a nomeação de seus apadrinhados. Para quê? Será que esta é a lógica para tirar o Brasil desta dificuldade? Não é. Por isso, nós da oposição estaremos contra o ajuste fiscal porque o governo, perdulário como o atual, que não reconhece as causas da crise que foram construídas por ele mesmo não merece que os trabalhadores brasileiros paguem quase que solitariamente a conta deste ajuste.

Amanhã oficializam os cortes das verbas. Os sindicatos já estão denunciando corte de vagas.

Acho que em todos os setores. Eu estive com o presidente da CNI, e não há um setor da indústria brasileira que não terá demissões graves neste ano. Que não crescerá negativamente. Tudo isso é consequência de um governo que perdeu a confiabilidade. Para qualquer tipo de ajuste ou de esforço coletivo é preciso que aquele que conduz o país dê o exemplo. E o governo não dá nem um exemplo. É preciso que haja confiança e esse governo não inspira qualquer confiança porque lesou os brasileiros, mentiu aos brasileiros, fraudou dados. Para citar apenas alguns exemplos, nesta questão do seguro defeso para os pescadores receberem recursos na época em que são proibidos de pescar.

Para você ter ideia, em 2013, o governo teria gasto no seguro defeso R$ 530 milhões. No ano eleitoral, gastou R$ 2,1 bilhões no ano. Multiplicou por quatro. Distribuiu carteira de pescador a quem não tinha a menor relação com esta atividade, para quê? Para ganhar voto na eleição. Aquela compra mais antiga de votos. O FIES, que está aí hoje paralisado, as pessoas não conseguem mais financiamento. No ano de 2013 foram R$ 6,5 bilhões. No ano da eleição, foram R$ 14,5 bilhões. Chegou a 2015, passada a eleição, não tem mais recursos para o FIES. O Pronatec, da mesma forma. Ampliou-se em 20% de 2013 para 2014 e, agora, vai diminuir mais do que isso. Então, hoje, o Brasil vive e sofre as consequências da irresponsabilidade de um governo que para vencer as eleições puniu a população brasileira.

Com a ação penal na PGR, vai haver uma pressão maior da sociedade e dos movimentos para que ela tenha prosseguimento?

Esta ação vai na direção exatamente da expectativa das pessoas. Senão como um instrumento que é mais conhecido ou mais fácil de ser compreendido, esse é um instrumento que pode levar a PGR a abrir a investigação porque ele é extremamente consistente. Os documentos estão lá. É muito difícil que o procurador-geral não atenda a esta proposta. Se entrássemos simplesmente com um pedido de impeachment, ele poderia ser arquivado aqui (no Congresso) como dezenas de outros.

Prefiro a cautela, a consistência das informações porque elas nos darão mais segurança enquanto aguardamos novos desdobramentos, novos fatos que se sucedem a cada dia. Acho que é um momento muito importante e enfatizo a união das oposições em torno dessa ação.

Tenho certeza de que ela terá o apoio de todos os movimentos que estão se manifestando desde o início do ano contra o governo federal. A oposição cumpre o seu papel. Qual o nosso papel? Fiscalizar o governo, denunciar quando compreendemos e identificarmos que irregularidades e delitos foram cometidos. E nesse caso específico há a comprovação de que a presidente cometeu um crime. Nosso papel é fazer com que esta investigação ocorra e ocorra em profundidade.

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