Aécio Neves – Entrevista – Visita ao Mineirão

Local: Belo Horizonte – MG

Assuntos: Obras do Mineirão, atraso nas obras federais, metrô de BH, aeroportos, CPI Cachoeira.

Sobre a reforma do Mineirão.

Fico muito feliz em ver que o Mineirão talvez seja dentro todas as arenas em construção no Brasil a mais avançada. Esse processo começou no nosso governo, vem sendo conduzido com excepcional competência pelo governador Anastasia, com apoio do prefeito Marcio Lacerda. Entregamos recentemente o estádio do Independência, também uma jóia rara para jogos até determinado porte. Então, acho que os dois estádios serão complementares. E mostra, realmente, o interesse do nosso governo, o esforço do nosso governo desde o meu mandato, agora no mandato do governador Anastasia, de garantir espaços extraordinários para a prática do futebol em Minas Gerais. Acredito que o Mineirão será o primeiro estádio, dentre todos, a ser inaugurado.

Como disse o governador, esse é um aspecto importante, será o de menor custo por cadeira dentre todas as arenas em construção no Brasil. E vou pedir licença ao governador e ao prefeito apenas para dizer que em relação aos estádios a Copa vai muito bem, não vai em relação aos outros investimentos. Vocês devem ter visto, há alguns dias atrás, foi feito pelo próprio governo um balanço das obras relativas à Copa do Mundo, apenas 5% do total das obras estavam concluídas. No que diz respeito aos aeroportos, por exemplo, de 31 obras anunciadas, apenas 18 estavam em andamento. No que diz respeito à mobilidade, o percentual é ainda mais baixo. Cerca de 40% apenas das obras estão iniciadas. Portanto, até brinquei com meu amigo ministro Aldo Rebelo, um dos bons ministros desse governo, que eu achava que era importante que alguém alertasse a ele que os estádios vão muito bem por questão de responsabilidade dos estados.

Os estádios não são responsabilidade do governo federal. Era muito importante que o ministro fizesse a vistoria nas obras de mobilidade, nos aeroportos, nos portos, no caso dos estados que têm portos. Essas é que nos preocupam. Os estádios são responsabilidade dos estados. Há um financiamento do BNDES para uma parcela disso, mas que será pago pelos estados ou pelos consórcios. Então, estamos muito felizes de mais uma vez darmos um exemplo ao Brasil de gestão eficiente, com prazos, com metas. A Secretaria Extraordinária, através do secretário Sérgio Barroso, está de parabéns e Minas Gerais, mais uma vez, na frente.

O deputado Romário falou em vexame. O senhor acha que pode ter um vexame?

No que diz respeito aos estádios não. E, de um tempo para cá, vejo as autoridades federais, de alguma forma, se esforçando para resumir a Copa aos estádios. E não é. Os estádios não são responsabilidade do governo federal, e é o que vai bem. No que diz respeito à mobilidade, me preocupo muito. Inclusive Belo Horizonte. Não teremos o metrô pronto, não teremos as obras do Aeroporto Tancredo Neves, em Confins, como precisariam estar prontas. Por quê? A Copa do Mundo foi anunciada em 2007 e apenas no ano passado o governo começou a se movimentar. E sabemos que a eficiência não é a marca mais importante, não é a marca mais clara do governo federal. Acho que, lamentavelmente, se o governo não andar muito rápido, vamos ter problemas no que diz respeito principalmente à mobilidade e a acesso, sobretudo no que diz respeito aos aeroportos, transporte. Almoçamos juntos agora, o governador, o prefeito e eu. O prefeito nos dizia que a prefeitura tem feito um esforço enorme do ponto de vista dos hotéis, que são investimentos privados, mas haverá uma disponibilidade bastante razoável de novos leitos em Belo Horizonte, que era uma das preocupações que tínhamos. Então, diria o seguinte. A iniciativa privada, o que depende dela, vai bem. O que depende do Estado vai muito bem. O que depende do governo federal vai muito mal.

Senador, fazendo uma pergunta política, as eleições não podem esvaziar a CPI do Cachoeira? Há esse temor?

A CPI tem que andar um pouco mais rápido, realmente. Porque teremos um processo, sobretudo nos últimos 60 dias que antecederão as eleições, de esvaziamento natural do Congresso. Mas o que tenho dito em relação à CPI, e insisto, é o seguinte: Ela não pode ser um instrumento de briga política, não pode se resumir em uma briga entre base do governo versus oposição. Ela, para atingir os seus objetivos, e todos esperamos que ela atinja seus objetivos, tem que investigar todas as relações do contraventor Cachoeira no setor público em todos os níveis, federal, estaduais e municipais, e também com o setor privado, sem preocupação regional, nacional. É isso que esperamos e vamos estar vigilantes para denunciar qualquer tentativa de resumi-la em uma briga entre a maioria governista versus a minoria da oposição.

E o governo Marconi Perillo? Parece que uma empresa fantasma do Carlinhos Cachoeira pagou… (inaudível)

Não falei ainda com o governador Marconi. Estou indo agora, saio daqui e já vou, para Brasília. Vamos aguardar vamos dar ao governador Marconi o direito que lhe é legítimo, que qualquer cidadão tem, de se explicar. Até agora, em todas as denúncias surgidas, ele tem sido muito enfático e muito firme nas suas explicações. E terá oportunidade, por sua própria iniciativa, isso é importante ressaltar – foi o único governador que tomou esta iniciativa –, de estar no dia 12, se não me engano no dia 12, na outra terça-feira, sem ser essa agora, na CPI para prestar todos os esclarecimentos. Esses inclusive a esse pagamento e a outros que venham a surgir. O homem público é isso, ele tem que estar sempre à disposição.

Constrange o PSDB?

Não é agradável para ninguém quando vê um companheiro seu sofrendo esse tipo de ataque. Mas temos que ter a serenidade de dar a ele este voto de confiança e até pela trajetória do Marconi no partido, ele merece esse crédito. Vamos aguardar que ele preste todos os esclarecimentos.

O senhor é a favor da cassação do senador Demóstenes?

Gostaria que o voto fosse aberto também para que cada um pudesse se manifestar. Obviamente tenho que respeitar o tempo normal e não cabe a mim antecipar isso, mas vocês em um momento certo saberão claramente o meu voto. O que posso dizer é que as denúncias são extremamente graves, e essas sim, constrangem muito o Senado Federal.

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