Aécio Neves – Entrevista sobre o PSDB e as eleições em SP

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista, nesta sexta-feira (08/07), em São Paulo. O senador falou sobre o PSDB, eleições em SP e Eduardo Cunha.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

O que está sendo feito para tentar pacificar o PSDB de São Paulo?

O PSDB de São Paulo é a instância partidária mais relevante. Se o PSDB hoje é um dos principais, se não o principal, partido nacional, isso se deve à força do PSDB em SP a suas lideranças, em especial a do governador Geraldo Alckmin. É natural que um partido da dimensão do PSDB, com um conjunto de quadros extremamente qualificados que tem o PSDB tenha as suas disputas internas, mas estou absolutamente convencido de que chegando o momento da disputa, e ele está chegando, estaremos unidos porque nosso adversário está muito além das fronteiras do PSDB.

O que enfrentaremos é a inoperância da administração petista da capital para dar a ela o ritmo, a velocidade e a qualidade da administração estadual. São Paulo, sob a liderança de Geraldo, com a participação do José Aníbal, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dos senadores Aloysio e Serra, além dos nossos parlamentares. O que posso garantir é que estarão unidos para vencer as eleições em São Paulo porque isso é bom para São Paulo, para os paulistanos em primeiro lugar, mas é muito bom para o Brasil. Tenho preocupações, como presidente do partido, em inúmeros outros estados da Federação. Não tenho nenhuma em relação a São Paulo, onde tenho confiança de que nosso candidato João Doria, que foi quem venceu as prévias partidárias, tem todas a condições de chegar à vitória agora em outubro ou em novembro.

No campo nacional, muitas interrogações pelo meio do caminho. O PSDB vai continuar apoiando a cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha? E o PSDB apoiaria um deputado aliado de Cunha para a Presidência da Câmara?

Estamos aqui hoje inclusive com a presença do nosso líder (na Câmara) Imbassahy, que talvez com melhores condições do que eu – que não sou deputado federal, sou senador – possa falar sobre isso. Mas não me nego a dizer duas questões que são essenciais. O PSDB, quando da última eleição presidencial na Câmara, apoiou o candidato do PSB, candidato Júlio Delgado, mesmo sabendo das suas enormes dificuldades. O PSDB, neste instante, tem uma aliança na Câmara dos Deputados com o PPS, com o Democratas e com o PSB, e deverá manter essa aliança como instrumento até mesmo da busca da viabilização de um nome desse conjunto de forças partidárias para a sucessão futura da Câmara dos Deputados.

Neste momento, somos parte da base de apoio do presidente Michel Temer. Não seremos o partido da discórdia, mas obviamente a posição do partido em relação ao Eduardo Cunha está dissociada dessa eleição. A posição do partido foi explicitada pelos votos dos nossos companheiros, nossos deputados no Conselho de Ética e será assim na Comissão de Constituição e Justiça e, acredito eu, sem antecipar os votos de deputados, na Câmara dos Deputados. O que queremos agora é uma construção que permita à Câmara voltar a funcionar.

Temos um conjunto de medidas a serem votadas que, pela absoluta desorganização da direção da Câmara na falta de comando do presidente interino, estão paralisadas. Até mesmo um projeto de minha autoria, que diz respeito à reorganização e despolitização dos fundos de pensão, que poderia já estar sendo executado, já poderia ter sido sancionado e estar sendo praticado com a retirada de lideranças sindicais, e mesmo de indicações políticas dos fundos de pensão, está parado. Cito apenas um exemplo. Tem o do petróleo também. O que queremos agora é um presidente para cumprir esse mandato que consiga liderar uma agenda para a Câmara dos Deputados. É isso que o Brasil precisa.

O que tenho dito aos meus líderes nas conversas com o governador Geraldo e com outras grandes lideranças do partido é que devemos nos posicionar com uma candidatura desse conjunto de forças, o que eu acredito natural, e buscar até mesmo o apoio do PMDB, por que não?, já que o apoiamos na Presidência da República, para que possamos ter alguém desse campo político que acredito seja bom para o presidente Michel Temer na sucessão que se dará no início do ano que vem.


Mas não para o mandato tampão então?

A minha opinião pessoal é que essa não é a prioridade desse conjunto de forças. Vamos buscar construir uma aliança mais ampla possível agora, mas a nossa prioridade deve ser ter um candidato competitivo, com perfil adequado, que possa dar à Câmara um novo dinamismo a partir das eleições de fevereiro do ano que vem. Essa deveria ser, ao meu ver, a prioridade do PSDB.


A cassação, o PSDB oficialmente apóia?

Ouvido aqui o líder (da Câmara), eu acho que esse é o sentimento amplamente majoritário no partido.

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