Aécio Neves – Entrevista – Filiação do senador Ricardo Ferraço

Filiação do senador Ricardo Ferraço

Hoje é um grande dia para a boa política brasileira. Ao contrário daquilo que assistimos acontecer no Brasil nos últimos meses, é a cooptação de membros da oposição pelo governo com oferecimento de todo o tipo de vantagem, hoje estamos vendo o senador Ricardo Ferraço, uma das maiores lideranças da política brasileira e, sem dúvida, do Senado Federal, fazer o caminho inverso. Ele sai de um partido da base governista, o PMDB, e vem se somar aos companheiros da oposição, em um momento em que o papel da oposição é essencial para que o Brasil tenha uma alternativa a este desgoverno que aí está. Poucas filiações ao PSDB foram tão festejadas quanto a do senador capixaba, Ricardo Ferraço, pela sua qualidade pessoal, pelo que representa aqui e pela capacidade de interlocução que tem com outras forças da política brasileira.

A saída para o Brasil, no pós-Dilma, que eu espero se dê o mais rapidamente possível, terá de se dar com diálogo, terá de se dar com a construção de uma nova agenda que passe por confiança, por credibilidade porque a presidente, infelizmente, para todos nós brasileiros, já perdeu. Ricardo Ferraço terá um papel estratégico, ao lado da liderança da Minoria aqui no Senado Federal, mas também ao lado da direção nacional, ao meu lado, na construção não apenas da agenda do pós-Dilma, mas também de uma articulação política que dê estabilidade ao Brasil quando esta triste página da nossa história, protagonizada pelo PT e seus aliados, for definitivamente virada. Portanto, estamos aqui saudando com enorme alegria, ao lado do companheiro Cesar Colnago, das lideranças capixabas do partido, a chegada do extraordinário homem público e grande senador Ricardo Ferraço.

Sobre a troca do ministro da Justiça

É uma preocupação enorme em todos nós da oposição, mas não apenas da oposição partidária, mas na sociedade brasileira, em relação à forma como se dá a saída do ministro da Justiça, que ocorre no momento em que aumentam as críticas do PT, principalmente das lideranças mais próximas ao ex-presidente Lula, ao ministro, portanto, isso é grave. E no momento em que as investigações da Operação Lava Jato se aproximam de forma extremamente perigosa do Palácio do Planalto, tendo como último ato deste faroeste caboclo em que se transformou a política brasileira, a prisão do marqueteiro da campanha presidencial. Portanto, é preciso que estejamos muito atentos para que essa nomeação não signifique uma tentativa nefasta e antirrepublicana de interferência nas nossas instituições, em especial na Polícia Federal.

Mas quero aqui, como presidente do PSDB, reiterar a nossa absoluta confiança na independência, na qualidade da Polícia Federal e na força das nossas instituições, que não haverão de se submeter a interesses de governo. Essas são instituições – e a Polícia Federal se incorpora a elas – de Estado. Tentei explicar isso à presidente Dilma nos debates eleitorais, quando ela considerava a Polícia Federal uma parcela do seu governo. Não, a Polícia Federal é um órgão de Estado, e deve agir como vem agindo até aqui, com independência e com coragem para fazer o que precisa ser feito, garantindo sempre, obviamente, o amplo direito de defesa. Portanto, o Ministério Público, o Poder Judiciário e a Polícia Federal continuarão a fazer o seu trabalho, por mais que esses sinais apontem em uma tentativa na direção oposta. Portanto, o que disse ontem e reitero hoje é que estaremos absolutamente atentos para que essa troca de ministros não signifique uma tentativa de interrupção ou de constrangimento àqueles que hoje vem permitindo ao Brasil escrever uma nova página na sua história.

O senhor acredita que, diante dessas investigações todas que estão acontecendo, as próximas manifestações populares vão ser mais fortes?

Acho que o sentimento de indignação é absoluto, e há hoje uma constatação no conjunto da sociedade brasileira de que, com a presidente Dilma, o Brasil não iniciará um processo de recuperação econômica e, obviamente, em decorrência dela também, de melhoria dos nossos indicadores sociais. Esse é um fato. Não fomos nós que construímos isso. Foi a presidente que construiu isso, com as mentiras durante a campanha eleitoral, com a absoluta falta de limites com que o seu partido agiu no governo ao longo desses últimos anos, e pelos equívocos gravíssimos que cometeu ao longo do seu governo. É esse sentimento de indignação, é esse sentimento de busca de uma saída para o Brasil que, eu acredito, encherão as ruas do Brasil no próximo dia 13 de março.

E nós, enquanto partidos políticos, representantes de parcela da sociedade, estamos nos incorporando a esse movimento que não é partidário, esse movimento é organizado por setores da sociedade, por movimentos legítimos da sociedade. Mas não vamos nos omitir. O PSDB e os demais partidos de oposição estarão convocando os brasileiros para que possam ir às ruas no próximo dia 13 de março e dar um basta definitivo a isso que vem acontecendo no Brasil. A presença dos brasileiros nas ruas certamente pode abreviar o sofrimento de tantos com o desemprego, com o alto endividamento, com a inflação sem controle e, principalmente, com a falta de esperança.

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