Aécio Neves – Entrevista em Belo Horizonte sobre as eleições e sobre a presidente Dilma

O presidente nacional do PSDB e pré-candidato à Presidência da República, senador Aécio Neves, concedeu entrevista, nesta terça-feira (10/06), em Belo Horizonte (MG), onde participou da convenção nacional do PTdoB e da convenção do PSDB-MG. Aécio Neves falou sobre eleições 2014, declarações da presidente Dilma, pesquisa Ibope e Copa do Mundo.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre declarações da presidente Dilma Rousseff nesta terça-feira (10/06).

É muito triste vermos uma presidente da República, no momento em que recebe apoio à sua candidatura, não conseguir olhar para o futuro. Ela só olha no retrovisor da história. E, mesmo assim, com comparações que não são corretas. A presidente, que levou o Brasil a ter o terceiro pior crescimento desde a proclamação da República, fala que vai nos levar a um crescimento contínuo. A presidente, que perdeu o controle sobre a inflação, nos fala que vai legar no futuro inflação controlada.

Isso é um acinte para com a dona de casa, o trabalhador que sabe que a inflação de alimento já está em dois dígitos há muito tempo. E ela acha que pode enganar, com frases feitas pelo seu marqueteiro, provavelmente, a população brasileira, quando faz uma comparação com o índice inflacionário do seu governo e o governo do presidente Fernando Henrique. O Brasil não merece uma presidente que faça uma comparação tão absurda como essa.

O presidente Fernando Henrique, quando deixou o governo, a inflação era em torno de 12%. Sim, mas quando ele assumiu o governo, ela era de 916% ao ano. E parte desses 12% foi em razão do efeito Lula. Ela deveria saber, como economista que é, em razão da eleição do presidente Lula, e o descontrole econômico que aquela eleição gerou nos primeiros meses. É preciso que se diga a verdade. Ninguém vai vencer as eleições enganando as pessoas.

Mas o mais surpreendente que eu vi hoje da presidente – uma presidente desconectada da realidade, aflita com os resultados que vem tendo na economia, na área social – é o absurdo de ela dizer, como disse na convenção do PDT, que ela é invencível. Invencível seremos nós, brasileiros, que vamos encerrar esse ciclo de governo do PT que está infelicitando o país. A democracia é invencível. E a democracia é que vai mostrar, de forma muito clara, que o Brasil não quer mais o desgoverno do PT hoje representado pela presidente da República.

Estou aqui hoje, em Minas, para falar de futuro. Enquanto eles falam de medo, eu vou falar de esperança. Enquanto eles distribuem cargos para terem apoio, nós vamos distribuir medidas que permitam ao Brasil retomar o crescimento em bases sólidas, e controlar a inflação. As nossas propostas são diametralmente opostas.

E a presidente hoje, infelizmente, deve dormir com uma enxaqueca, porque ela sofreu um flagorosa derrota na convenção do PMDB. Depois de tudo que foi feito, a distribuição dos espaços que vem distribuindo para o PMDB no governo, que já manda quase mais, pelo menos um setor do PMDB, do que o próprio PT, a oposição à aliança ter mais de 40% dos votos, é uma derrota flagorosa. Isso significa que a presidente levará alguns minutos a mais para a propaganda eleitoral, mas não levará a base, o trabalho, o sentimento dos seus aliados.

E fico me perguntando: para que tanto esforço para ganhar alguns minutos a mais na televisão, se esse governo não tem absolutamente nada a apresentar aos brasileiros, a não ser falsas projeções, a não ser maquiagem fiscal e, infelizmente, indicadores sociais e econômicos extremamente ruins.

 

Sobre a militância do PMDB.

Não estará com o governo, pelo que assistimos lá hoje. O governo, tendo feito o que fez para atrair o PMDB, tendo esse resultado em torno de 60%, considero uma derrota flagorosa da base do governo, daqueles que querem aliança. Esses 40%, certamente, significam, apontam para uma rejeição, que hoje é muito maior do que isso nas bases do PMDB, à aliança com o PT. Porque os peemedebistas estão vendo o que acontece com o Brasil, estão assistindo.

Ninguém que mais isso que está aí. A grande verdade é essa. Ninguém ilude o cidadão brasileiro como a presidente quer iludir. O resultado desse governo é inflação alta sim, por mais que a presidente diga que ela está sob controle. É crescimento baixo, por mais que ela diga que vai nos levar ao futuro ao crescimento sustentável. A perda de qualidade de nossos indicadores sociais e a desesperança.

O governo do PT é o governo da desesperança e nós seremos o governo da esperança.

 
Sobre divisão do PMDB.

Acho que o PMDB, e aí é uma tradição, em vários estados, estará próximo a nós, em outros estados estará próximo a outras candidaturas. O resultado da convenção do PMDB, repito, é uma derrota para um governo que não teve limites na distribuição de cargos e na oferta de espaços para manter a base aliada. O governo há um ano não faz outra coisa, por isso os resultados são tão ruins em todas as áreas. O governo só faz cooptar forças políticas para garantir tempo de televisão à presidente. Isso será absolutamente insuficiente para que ela vença as eleições.

 

Sobre o resultado de pesquisa Ibope.

É um sentimento que a gente percebe em outras pesquisas também. Mas vou repetir o que eu digo sempre. O sentimento crescente no Brasil é de enfado, é de cansaço em relação a tudo que está acontecendo no Brasil. Não há marqueteiro que leve o PT à vitória. Podemos nos preparar para um novo e grande governo a partir de 2015 e vamos trabalhar para isso.

 

O desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo pode influenciar na eleição?

De forma alguma. Vamos ganhar no campo e vamos ganhar em outubro. Vamos ganhar, dar uma grande alegria para os brasileiros. Vou estar lá na primeira fila torcendo muito pela vitória do Brasil. Acho que nós ali, ao lado da Alemanha, Argentina e eventualmente a Espanha somos quatro favoritos e o Brasil, com a torcida, tem tudo para ganhar. Vamos ganhar em campo e vamos ganhar nas ruas em outubro.

 

Sobre o modelo de governo do PT.

Sempre fui oposição a esse modelo. Esse modelo está fazendo muito mal à economia brasileira e, por conseqüência, aos brasileiros, sobretudo com o retorno da inflação, por mais que a Presidência diga que ela está sobre controle. Está fazendo muito mal aos investimentos que deixam de vir para o Brasil por esse intervencionismo absurdo do governo. Está fazendo mal à educação, à saúde, à segurança pública, pela omissão do governo federal. As minhas diferenças são com o governo que está aí. Eu não vou desviar as minhas atenções e gastar a minha energia com outra coisa que não seja aquilo que quer a população brasileira: mudança. E nós seremos a mudança segura, a mudança verdadeira que o Brasil precisa viver. Eu tenho uma tranquilidade de poder fazer uma campanha dizendo a verdade e absolutamente coerente com os meus valores, com os meus princípios e com as minhas crenças.

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