O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta segunda-feira (31/08), em Belo Horizonte (MG), onde se encontrou com lideranças tucanas.
Leia a transcrição da entrevista do senador:
O PSDB realiza, agora sob a presidência do deputado Domingos Sávio e o deputado Paulo Abi Ackel como vice-presidente, o primeiro encontro regional. Na verdade o encontro onde vamos definir algumas estratégias para as eleições do ano quem. É um encontro, portanto, de trabalho. Seguirão outros encontros regionais que pretendemos fazer nas outras cidades polo do Estado com o objetivo de preparar o PSDB para que sejamos, não apenas em Minas, mas no Brasil, o grande vitorioso das eleições do ano que vem.
Depois de 13 anos de governo do PT, e não foram poucos os alertas que fizemos ao longo de todos esses últimos anos, o governo sequer consegue apresentar ao Congresso Nacional uma proposta de orçamento equilibrado. As consequências são preocupantes, não podemos, infelizmente, afastar de um cenário próximo, o rebaixamento da nota de crédito do Brasil, que pode nos tirar o grau de investimento.
E o que, lamentavelmente, impacta, não sobre o governo, mas sobre os cidadãos brasileiros, sobre as empresas brasileiras, em decorrência desse eventual rebaixamento, [que] terão maiores dificuldades de obter, por exemplo, financiamentos fora do Brasil, isso impacta também na vida de quem tem suas atividades no Brasil.
Portanto hoje estamos assistindo ao definitivo atestado de incompetência desse governo que, ao gastar de forma perdulária e irresponsável para vencer as eleições, não consegue fazer o que é essencial. E nós fizemos isso no nosso governo em Minas Gerais. Cortes na máquina, cortes de gastos.
A proposta de ajuste insistida pelo governo se sustenta em dois pilares, aumento de carga tributária por um lado, como foi tentado essa semana e fracassou a CPMF, e supressão de direitos por outro lado. Não houve aquilo que seria essencial, exatamente a redução do peso da máquina, portanto, enxugamento, racionalização de gastos para que se criasse, em um segundo momento, um ambiente mais propício para a retomada dos investimentos, essencial para que o Brasil volte a crescer.
Sobre o PIB.
O Brasil está hoje em recessão técnica, com dois trimestres consecutivos de crescimento negativo. Já anunciávamos e alertávamos para esse risco durante o processo eleitoral, mas a resposta do governo foi um desdém absoluto em relação a essa questão. Não tomaram as providências que deveriam ter sido tomadas para minimizar, pelo menos para uma parcela da população, os efeitos gravíssimos que hoje, como desemprego, ela sofre e, hoje, com o anúncio já feito pelo governo, lamentavelmente, temos que afirmar que o Brasil não tem mais governo.
O improviso é a marca das ações daqueles que, hoje, ainda acham que governam o Brasil. E a Presidência da República quer dividir com o Congresso Nacional uma responsabilidade que era exclusivamente dela, fazer os cortes, fazer os ajustes e equilibrar o Orçamento. Portanto, hoje o governo coloca sobre si próprio o atestado da incompetência.
O Lula seria um bom adversário em 2018?
Acho absolutamente natural que o PT tenha candidato e o ex-presidente Lula certamente é o nome com maior visibilidade do partido. Não nos cabe, a nós da oposição, fazer consideração sobre outros nomes. O que me parece, a meu ver pouco usual, é um governo que sequer completou seu primeiro ano já ter lançado o candidato a sucessão da atual presidente da Republica, o que mostra a sua enorme fragilidade.
O PSDB tem a responsabilidade de apresentar ao Brasil, cada vez mais, os seus projetos, mostrar que o PSDB é o partido que tem hoje as melhores condições, para, no momento das eleições, vir a disputar e encerrar esse ciclo perverso de governo do PT para iniciarmos um outro, onde a eficiência e ética possam caminhar juntas.
Sobre o rombo no Orçamento do governo.
Nós vamos nos reunir amanhã porque é tão inusitado, pelo menos na nossa democracia recente, um governo não ter a capacidade de apontar as fontes de receitas que deverão financiar as suas despesas. Amanhã vamos nos reunir pra ver de que forma vamos enfrentar essa questão. E vejam o tamanho do desencontro do governo, da improvisação. Há pouco mais de 30 dias atrás, o governo anunciava um superávit 0,7% no orçamento. Hoje anuncia um déficit de 0.5%. Em um mês? Em um mês o governo altera a sua previsão de forma tão drástica, que é a demonstração clara do improviso. O improviso hoje governa o Brasil.
Sobre a prestação de contas da campanha do PSDB no TSE.
Já foram apresentadas todas as justificativas, coisas eminentemente formais, não há denúncia, diferente do que ocorre em relação às contas da presidente da República, de utilização de empresas fantasmas, de pagamentos indevidos sem a correspondente prestação do serviço.
O que existiu, em centenas de milhares de lançamentos, dúvidas em relação a determinados lançamentos, os advogados, imediatamente já comunicaram as correções ao Tribunal Eleitoral. Não há nenhuma investigação sobre as contas do PSDB.
Sobre a prefeitura de BH, o Anastasia e o PSDB o candidato?
Acho que o Anastasia é o nome preferido dos mineiros para qualquer cargo. O governador Anastasia é dos mais extraordinários homens públicos da nossa geração.
Me permito aqui fazer apenas um registro. Houve essa semana a correção de uma injustiça em relação ao envolvimento do governador Anastasia, quando a Procuradoria pede que se faça uma investigação e essa investigação demonstra que o governador Anastasia é aquilo que todos já nós sabemos, honrado e íntegro. Faço aqui esse desagravo. Nenhum mineiro duvidou da idoneidade do governador, que sai desse episódio ainda mais fortalecido do que nunca. Foi a única proposta que foi apresentada até agora pela procuradoria.
Em BH, o PSDB vai conseguir ficar unido até 2018?
Em relação a Belo Horizonte, é claro que o PSDB, até por sorte dos resultados que vem tendo historicamente em Belo Horizonte, é natural que o PSDB trabalhe para identificar um nome. Temos muitos nomes qualificados para essa disputa. Neste momento temos tido conversas com várias forças políticas e em especial com o prefeito municipal Marcio Lacerda, que teve o nosso apoio nas últimas eleições. No que depender de mim, do governador Anastasia, vamos construir conjuntamente, vamos construir esse nome a partir de um entendimento, alguém que possa dar continuidade aos avanços que o prefeito Marcio Lacerda vem fazendo em Belo Horizonte.
O ex-presidente Lula anunciou, aqui em Minas Gerais, que pode ser candidato à Presidência da República em 2018. O senhor gostaria de enfrentá-lo?
Tenho a tranquilidade de poder estar aqui com vocês falando as mesmas coisas que eu falava no ano passado. Infelizmente, esse não é um privilégio de todos que disputaram a eleição. Fizemos a eleição falando a verdade, propondo um debate sério em torno das grandes questões nacionais, infelizmente a presidente da República omitiu as informações que tinha e fugiu deste debate.
O PSDB terá certamente uma candidatura nas próximas eleições, mas não vamos discutir quem será o nosso adversário. O que posso dizer é reafirmar o meu sentimento, qualquer que seja a candidatura do PT – e é legítimo que o ex-presidente se coloque como alternativa – felizmente para todos os brasileiros este ciclo de governo do PT terminou, porque o PT não tem o que dizer. O PT já sofrerá agora nas eleições municipais o preço da incoerência, da sua ânsia de poder desmedido, que subordinou o Estado nacional aos seus interesses. Portanto, felizmente para o Brasil, este ciclo de governo do PT encerrou.