Aécio Neves – Entrevista coletiva sobre o pacote do governo e a CPMF

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (15/09), em Brasília, sobre o pacote do governo e a CPMF.

Leia a transcrição da entrevista do senador:
O PSDB está avaliando as medidas anunciadas pelo governo e, obviamente, aquilo que for importante para o Brasil, que vier na direção da recuperação da nossa economia e dos empregos, o PSDB se colocará a favor. Mas lamentavelmente, o que assistimos, mais uma vez, é o governo incapaz de controlar a sua própria base. A presidente da República, no momento em que deveria estar demonstrando humildade e pedindo apoio ao país e até mesmo ao conjunto das oposições, para minimizarmos os danos do seu desastroso governo, ela, ao mesmo tempo em que não consegue convencer a sua própria base – as lideranças do PT hoje já se manifestam contrariamente a esses cortes – ela ataca as oposições. Nos chama de pessimistas de plantão. Me lembro da última vez em que a presidente me acusou de pessimista, foi quando eu dizia que se não houvesse ajustes rápidos na economia, íamos crescer negativamente este ano. O resultado está aí. Um outro momento em que a presidente nos chamou de pessimista foi quando eu denunciava a corrupção institucionalizada dentro da Petrobras.

No momento em que ela precisaria ter a humildade necessária para buscar apoios a estas medidas, ela não consegue controlar a sua base e ataca as oposições. A presidente da República, na verdade, perdeu a meu ver, todas as condições de liderar um processo de retomada do crescimento econômico no país. E quando se fala de aumento de impostos, a covardia do governo fica explicitada de forma ainda mais escancarada porque a presidente sequer tem a coragem de apresentar ao Congresso uma alíquota que eventualmente pudesse ser compartilhada pelos governadores. Faz o inverso: apresenta uma proposta de aumento de CPMF de 0,2% e diz aos governadores, vamos lá no Congresso Nacional para que o Congresso dobre esta alíquota.

Este governo perdeu a capacidade de governar e demonstra muita pouca coragem para superar as dificuldades que o Brasil vive hoje. Nós do PSDB continuaremos fazendo o que sempre fizemos, defendendo o Brasil e votando as matérias que consideramos importantes para o Brasil. Mas é importante que o partido da presidente da República se manifeste favoravelmente a esses cortes. E, obviamente, em relação a novos impostos ou aumento de alíquotas seremos taxativamente contrários, até porque no nosso entendimento isso aumenta a recessão e pune aqueles que não têm responsabilidade com o pagamento desta conta.

A presidente da República deveria, antes do anúncio midiático dessas medidas, conversar com a sua base e apresentar ao Congresso uma proposta que seja do conjunto daqueles que lhe apoiam. O que estamos assistindo aqui é um conjunto de ideias montada de forma absolutamente açodada. Imaginem vocês que em um final de semana, alguns ministros se reúnem no Palácio da Alvorada e saem de lá com cortes de bilhões. Como se isso fosse exequível. Porque se é exequível, a irresponsabilidade foi não ter feito isso lá atrás. Isso não é uma brincadeira. Infelizmente a presidente da República manipula o Orçamento ao prazer das circunstâncias, premida pelas circunstâncias e pelas pressões que vem sofrendo. E a absoluta falta de credibilidade da presidente e do seu governo, a meu ver, levará, aqui, em muitas dessas medidas, obviamente aquelas que dependem de aprovação do Congresso Nacional não sejam aprovadas.


O PSDB vai analisar as medidas. Tem alguma medida que considera importante?

É preciso que antes de manifestarmos a posição do PSDB em medidas novas de contenção de gastos, por exemplo, de limitação, de reajustes em função do crescimento da economia – que é algo lógico e que tem que ser discutido – é preciso que o partido da presidente da República diga se apoia essas medidas.

É muito cômodo, a presidente discute com meia dúzia de assessores um conjunto de medidas, no desespero as envia ao Congresso Nacional e, hoje, desde cedo, estamos escutando parlamentares da base do governo mostrando a sua oposição a essas medidas.

Repito, no momento em que a presidente deveria estar demonstrando humildade para reconhecer os seus erros – erros crassos, erros cometidos com o único objetivo de vencer as eleições –, ela novamente ataca as oposições. Realmente, é uma presidente que não está qualificada para conduzir o Brasil a um novo ciclo, agora virtuoso, de crescimento, de postura ética e moral. Lamentavelmente esse conjunto anunciado nessas últimas horas não permitirá ao Brasil superar essa crise. Porque falta ao governo o que é essencial para isso, confiança e credibilidade.


É possível o apoio dos governadores e prefeitos para criação da CPMF?

Somos contra a criação de novos impostos. Mas a forma, a meu ver, pouco corajosa e clara com que o governo defende a própria CPMF, me refiro especificamente à questão da alíquota, é uma demonstração temerosos de terem apoio sequer da sua base no Congresso Nacional. Os governadores do PSDB já vêm se manifestando contrariamente ao aumento de tributos. E acho que em relação ao governo federal, a desconfiança da sociedade se estende aos governadores. Não há confiança hoje de que a presidente possa aprovar essas medidas e, mais do que isso, recolocar o Brasil na rota do crescimento.

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