Aécio Neves – Entrevista Coletiva Encontro Federação Já

O senador Aécio Neves concedeu entrevista coletiva, nesta segunda-feira (18/11), momentos antes do encontro Federação Já, em Poços de Caldas, Sul de Minas Gerais. Aécio Neves destacou a importância histórica para a democracia brasileira da Declaração de Poços de Caldas, primeiro documento público do Movimento das Diretas Já, divulgada em 19 de novembro de 1983 pelos então governadores Tancredo Neves (MG) e Franco Montoro (SP).

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre encontro em Poços de Caldas

Poços de Caldas faz parte da história do Brasil nos momentos mais importantes. Aqui nasceu, a partir de uma convocação do então governador Tancredo Neves e do governador de São Paulo, Franco Montoro, uma convocação a que o Brasil se mobilizasse acima dos partidos políticos, das crenças religiosas, das suas várias regiões, em torno de uma grande causa, que era a causa da democracia. E se buscava, a partir daquele documento, a aprovação das eleições diretas para presidente da República. Não vencemos as eleições diretas, mas Tancredo colocou fim ao regime autoritário com a sua eleição à Presidência da República. Passados 30 anos há hoje uma enorme demanda da sociedade brasileira e de cada região, que deve ser tratada também acima dos partidos políticos e das crenças, que é aquilo que tenho chamado de refundação da Federação.

Vivemos hoje quase que em um estado unitário. A União, o poder central, tudo tem, tudo pode. Os estados e municípios, cada vez, são mais dependentes da benevolência, da boa vontade, da generosidade do governo federal.

Então precisamos inverter essa lógica. Refundar a Federação é permitir aos municípios e aos estados que eles próprios encontrem condições de enfrentar as dificuldades do seu dia a dia. Portanto, o que estamos fazendo aqui hoje, com a reunião de todos os governadores do PSDB, são oito governadores que governam mais de 50% da população brasileira, mais de 50% do PIB, com a presença também do ex-presidente Fernando Henrique que está chegando agora, é fazer um grande chamamento à construção de uma agenda que permita que os estados e municípios tenham melhores condições, mais recursos e maior autonomia para enfrentar as questões da saúde, da educação e da segurança pública.

 

Aqui na nossa região, a crise do café, principalmente em Minas Gerais que são mais de 600 municípios que dependem do café. Como o sr vê essa crise no setor?

Extremamente grave. Temos discutido esse assunto permanentemente no Congresso Nacional. É preciso que haja uma ação mais firme do governo de compreensão de que o café, além de uma atividade econômica fundamental ao país, tem um impacto social que, talvez, outras atividades não tenham. Em Minas Gerais, eu diria que, pelo menos 400 municípios têm na no cultivo do café a sua mais importante atividade econômica. E essa crise tem levado também à fragilização de conquistas sociais que tivemos nessa região. É preciso que haja uma grande articulação. Teremos, na próxima semana, reuniões em Brasília com setores representativos da cafeicultura para que o governo federal possa nos ajudar a melhorar o preço e a dar condições de, diria, mais do que sobrevivência, de reequilíbrio econômico-financeiro dessa importantíssima atividade.

 

Poços dá sorte para o futuro candidato a presidente da República?

Cada coisa a seu tempo. Mas Poços é história, Poços é tradição.  Poços é uma referência cultural da maior relevância para Minas Gerais. O que acontece aqui, ecoa por outras parte, não apenas de Minas, mas do Brasil. E é o que ocorrerá hoje. Hoje o Brasil vem a Poços de Caldas para, a partir de Poços de Caldas, dizer: é preciso reequilibrarmos a Federação. Não podemos viver em um país de dimensões continentais como o Brasil com uma concentração tão grande de recursos e de  poder. Precisamos que os municípios e os estados possam ter mais recursos para investir em saúde, em educação, em segurança pública e em infraestrutura.

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