Senador critica ausência de reformas estruturantes que o Brasil necessita
O senador Aécio Neves (PSDB/MG) considerou 2011 um ano de pouquíssimas realizações por parte do governo federal. A declaração foi dada em entrevista, na manhã desta sexta-feira (23/11), após encontro com o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, no Palácio das Mangabeiras, em Belo Horizonte. Para o senador, o Brasil continua avançando em razão de realizações de governos passados, mas sem promover nenhuma reforma que enfrente as grandes questões do País.
“Foi um ano em que o Brasil continua avançando, fruto de construções feitas ao longo de muitos anos. Mas, do ponto de vista de governo, um ano em que poderíamos ter avançado muito mais no plano federal. Infelizmente, o ano se encerra sem nenhuma reforma estruturante, sem nenhuma iniciativa que efetivamente possibilitasse ao Brasil enfrentar a questão tributária, enfrentar a questão previdenciária, enfrentar a própria reforma do Estado brasileiro. Acho que, do ponto de vista do governo, foi um ano de pouquíssimas realizações”, afirmou o senador.
Ainda segundo Aécio Neves, o governo federal perdeu o foco em meio às denúncias de corrupção, o que reduziu espaço para discutir os grandes temas.
“O primeiro ano de um governo é o ano de quem vence as eleições. A expectativa se dá em torno daqueles que são cobrados pelas promessas que apresentaram durante a campanha. E aí eu acho que o governo do PT falhou. Inúmeras propostas em torno das grandes reformas não vieram. O governo passou o ano apenas reagindo às inúmeras denúncias de corrupção, de malfeitos, para usar um termo que a presidente gosta muito. E acabou o governo perdendo foco. Não tivemos espaço para discutir os grandes temas”, disse.
Oposição
Aécio Neves criticou a atuação do governo federal em áreas como saúde, educação, saneamento e segurança pública. Para o senador, o PSDB deve apresentar propostas alternativas para a população nesses setores, sempre baseadas no modelo de gestão do partido.
“Vamos definir cinco ou seis grandes bandeiras que vão permear, vão emoldurar as nossas candidaturas, inclusive nas eleições municipais, e, a partir de 2013, o PSDB tem de dizer o que faria diferente do que está aí, qual modelo de gestão que queremos, como vamos enfrentar esse aparelhamento absurdo da máquina pública, com ineficiência e corrupção em todas as áreas. Dizer como vamos enfrentar a questão do financiamento da saúde, onde o PT não quis que o governo federal participasse com 10%, como vamos requalificar a educação, flexibilizando, por exemplo, o currículo do ensino médio para evitar evasão escolar. Vamos desonerar o saneamento, como prometeu a candidata Dilma, mas que a presidente Dilma não tem feito. Como vai ser a questão da segurança pública, como o governo federal entra nisso? Vai continuar contingenciando recursos do Fundo de Segurança e do Fundo Penitenciário como ocorre hoje ou vai agir mais solidariamente com os estados? Então, o PSDB tem que ir definindo, clareando essas ideias e, em 2013, vamos ver aqueles que queiram se unir em torno desse projeto’’, disse.
Nova agenda
Aécio Neves afirmou que, para apresentar uma nova agenda de propostas para o Brasil, o PSDB também vem se reorganizando, fortalecendo seus núcleos partidários como o a Juventude do PSDB, o PSDB Mulher e o PSDB Sindical.
“O PSDB se organiza agora, se estrutura de uma forma mais sólida no país inteiro, fortalecendo seus movimentos internos, de juventude, de mulheres, sindical. O PSDB está, através dos seminários que começamos a realizar, se preparando para apresentar a nova grande agenda para o Brasil. A agenda que está em curso no Brasil, hoje, é a que foi proposta por nós lá atrás. Da estabilidade, da modernização da economia com as privatizações, do Proer, da Lei de Responsabilidade Fiscal, com o início dos programas de transferência de renda. De lá para cá, houve um adensamento desses programas, mas não houve nenhuma novidade, não houve nenhuma proposta nova. Cabe ao PSDB apresentar essa nova proposta para o Brasil dos próximos 20 anos. Já disse e repito, aqui, para encerrar, o PT abriu mão de ter um projeto de país para se contentar exclusivamente em ter um projeto de poder”, observou o senador.