Sérgio Guerra – Entrevista – Encontro com Aécio Neves e Tasso Jereissati

Local : Belo Horizonte – MG

Assunto: Aécio Neves, Tasso Jereissati, Eleições 2014

SEM REVISÃO

Agora a herança maldita é do Lula?

Não há a menor dúvida. É do Lula e, evidentemente, é também da Dilma, porque ela foi do governo Lula. Impossível que ela não soubesse dos fatos que estão aí, e que são fatos bastante comentados no Brasil há muito tempo. Providências tomadas, agora, depois que a imprensa toma a iniciativa de denunciá-las, são providências válidas, mas vêm com enorme atraso. A gente não pode ser contra, não deve ser contra e deve apoiá-las, mas é preciso reconhecer que esses fatos não são de agora, vêm do governo do Lula, são as mesmas pessoas. Não adianta saber apenas que a Dilma demitiu essas pessoas. É fundamental saber quem as nomeou. Quem foi menos responsável do que deveria ser, nomeando esse tipo de gente para comandar a infraestrutura do Brasil. Os resultados desse problema são públicos: obras superfaturadas, obras inflacionadas, como disse a presidente, total falta de confiança nas instituições. São três ministérios alvo de denúncias. Ministros que caem no centro do governo, nas áreas mais importantes do governo e esses ministros têm ampla legitimidade no ambiente deles. Vieram do governo anterior e continuaram fortes no governo atual. Outra coisa, nada indica que isso acabou lá. Não há nenhum sentido em imaginar que apenas o ministério que foi indicado pelo PR está contaminado. Outros estão também. O que não pode é ficar partido indicando gente para governar, para tomar conta de tarefas que não são partidárias e fazer essas nomeações sem pensar duas vezes, sem avaliar as pessoas, o curriculum delas, o compromisso delas. Nomeia para demitir com três meses, quatro, cinco, seis? O governo Dilma, é bom que se entenda, é a continuação do governo do Lula. Todo o esforço deles é para provar isso.

Presidente essa reunião tem como pano de fundo 2014?

Não. A gente normalmente conversaria com o senador Aécio lá em Brasília, no meu caso e no caso do Tasso que é presidente do Instituto Teotônio Vilela. A gente preferiu vir aqui, visitá-lo, conversar aqui sobre o partido, sobre as eleições municipais, sobre o que estamos fazendo lá e o que precisamos fazer mais.

E o que estão fazendo e precisando fazer mais?

Muita coisa. Preparar as eleições municipais. Reestruturar a área de comunicação do partido que não está sendo suficiente. Nós do PSDB nunca fomos muito eficientes nesse campo.

Aliás, o senhor bate nessa tecla há muito tempo. Não deu pra consertar ainda?

Eu não sou apenas o presidente do partido. Sou alguém que faz um esforço grande para resolver essa questão, mas, como todos nós, ainda não conseguiu resolvê-la. Eu acho que uma coisa positiva nos últimos seis meses: o nível de aprovação que teve o presidente Fernando Henrique, reconhecimento geral dessa aprovação. O fato de o partido ter assumido integralmente o papel que o presidente Fernando Henrique assumiu na vida brasileira, ter levantado muito alto a bandeira do que fizemos é uma mudança muito forte, no sentido de fazer o partido ter mais firmeza, mais identidade e mais perspectivas.

Deputado, e em relação à eleição de Belo Horizonte, qual a orientação no caso do PSDB. O próprio presidente nacional do PT também já esteve aqui e o partido está dividido entre aqueles que acham que devem ficar com Marcio Lacerda desde que o PSDB não esteja na aliança. Em relação ao PSDB há alguma orientação.

Há uma orientação muito clara. O senador Aécio normalmente nos orienta. Aqui em Belo Horizonte quem orienta é ele. A gente sabe que ele vai dar a melhor solução para o partido e para Minas Gerais. O compromisso dele com Minas é reconhecido no Brasil inteiro.

Mas há uma possibilidade de continuar numa aliança em que este o PT também?

É uma questão local. Mas não sei se isso vai acontecer. O que eu sei é que o partido aqui tem unidade para se fazer uma grande campanha nas eleições de prefeito do ano que vem.

Existe intenção de ter candidatura própria pelo menos nas capitais?

Sim. Na maioria das capitais sim. Noutras não. Temos de estabelecer amplas alianças. As mais diversificadas e temos de ter votos no campo do adversário para que a próxima eleição seja nossa. Então, nosso problema é disputar a eleição com o PT. E vamos disputar em vários lugares, mas estamos abertos a composições muito gerais, porque entendemos que o Brasil vai fazer uma grande mudança nos próximos anos.

O discurso do PSDB, principalmente daqui de Belo Horizonte, é fazer de 2012 um trampolim até mesmo para a candidatura do senador Aécio Neves a presidência em 2014. O senhor acha que esta seja uma linha interessante que deva ser levada em consideração?

Acho que é. Acho que é uma linha positiva e apostamos muito nas perspectivas do atual senador, ex-governador Aécio Neves. Mas não estamos cuidando de eleições para presidente agora. Nossa perspectiva é armar 2012 com eficiência, eleger em torno de 900 prefeitos no Brasil inteiro. Eleger mais prefeitos nas capitais do que elegemos da outra vez e disputar as eleições e mostrar a nossa cara com unidade.

Há algum desconforto com José Serra? A carta que ele escreveu não foi considerada um documento oficial do partido? Houve também uma discussão do Marcus Pestana com o José Serra no gabinete no Álvaro Dias?

São duas considerações. A questão da carta do Serra. É uma carta dele, da autoria dele e da responsabilidade dele. E era assim que ele queria que ela fosse divulgada. E foi assim que ela foi divulgada. Já essa questão do Pestana eu não tenho notícia.

Mas existe alguma insatisfação no partido. Temos duas alas os serristas e os aecistas?

Morreu. Eu fui eleito por unanimidade com apoio de todo. Com forte apoio do senador Aécio. E tenho convicção de que o partido está unido. Eu ando no Brasil todo e ninguém quer nem ouvir falar nessa história de divisão. Quem falar nisso está perdido.

Mas em Minas o partido está com Aécio como pré-candidato à Presidência?

E é uma grande idéia. Só podemos considerá-la assim.

O senhor não teve notícias da briga com o Pestana. Teve várias testemunhas.

Eu não estava lá. Se briga houve, se discussão aconteceu eu não estava junto. Eu estava no partido.

O senhor não procurou saber?

Não. Nem cabe. Nem acho que aconteceu isso. O importante é cessar com esta conversa que não dá futuro.

Como fazer para ganhar uma eleição para não ter tantos partidos e depois essas corrupções aparecerem? Vão ter um norte ou abre-se um leque para todo mundo?

Aqui, o governo de Minas, o governador atual e o outro, tiveram apoio de muitos partidos. Mas o governo de Minas não virou este festival que transformou-se o governo federal brasileiro. Os caras entregam o poder. A gente não sabe o que fazer dele e o que vai fazer dele e o que não deve. Enfim, é uma total e completa irresponsabilidade. Esse ministério da Dilma é um pouco pior que o do Lula e conserva os mesmos vícios do dele.

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