Aéclo Neves – Entrevista em Maceió sobre as eleições e o PSDB

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, comentou sobre as eleições deste ano, em entrevista, neste sábado (22/02), em Maceió (AL). Aécio Neves afirmou que, nas viagens que tem feito pelo Brasil, tem percebido um sentimento comum entre os brasileiros de que o governo do PT fracassou. O senador também falou sobre as propostas do PSDB e a relação entre as campanhas regionais e nacional.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre a pesquisa Ibope

Tenho andado muito pelo Brasil. Nos últimos seis meses, fui a 23 estados da Federação e há um sentimento comum em todos eles, de que o governo do PT fracassou, falhou na condução da economia ao dar como legado ao próximo governo um crescimento pífio e inflação alta, uma perda crescente da credibilidade para o Brasil. Falhou nos investimentos em infraestrutura que poderiam levar a um crescimento maior da economia brasileira, a uma maior competitividade das empresas brasileiras. Mas falhou também naquilo que é essencial. Falhou na melhoria dos indicadores de saúde, na melhoria dos indicadores de segurança pública. E esse sentimento dessa pesquisa, na verdade, externa isso, expressa um sentimento majoritário da população brasileira hoje que quer mudanças, e mudanças profundas.

 

Sobre as propostas do PSDB

O contraponto é absoluto. Em primeiro lugar, no compromisso ético, com a transparência, com a eficiência na gestão pública. Queremos refundar a Federação, permitindo que os municípios e os estados possam readquirir as condições de eles próprios enfrentarem suas dificuldades. O governo do PT é o governo da centralização dos recursos, o governo do Estado unitário, onde todos dependem da União. Na nossa visão, precisamos refundar, fortalecer a Federação. Precisamos ser mais generosos com os investimentos em saúde e em segurança com os estados e municípios.

Hoje, 87% de tudo que se gasta em segurança são de estados e municípios, apenas 13% da União. O governo do PT, quando assumiu o governo há onze anos, o governo federal investia 56% do conjunto dos investimentos em saúde. Hoje, 45%. Há, portanto, uma omissão gravíssima do governo federal em áreas essenciais da vida das pessoas.

E o que queremos é conciliar ética e eficiência. Planejamento, visão de futuro. Um alinhamento com o mundo não ideológico e atrasado como esse que o Brasil vem fazendo ao longo de onze anos, mas um alinhamento que permita às empresas brasileiras participarem das cadeias globais de produção. Queremos que o Brasil cresça muito mais, não podemos continuar crescendo mais que a Venezuela só, como aconteceu no ano passado na América do Sul. Então, é hora de encerrarmos esse ciclo e iniciarmos outro, onde ética e eficiência possam caminhar juntas.

 

Sobre a relação entre as campanhas regionais e nacional

As pessoas sabem discernir muito bem aquilo que está sendo discutido no plano nacional das realidades locais, que muitas vezes não seguem a lógica da disputa nacional. O PSDB é o maior partido de oposição hoje no Brasil, partido que presido, e apresentará uma proposta nova para o Brasil. Como eu disse, uma proposta mais generosa com a Federação, uma proposta mais ousada do ponto de vista da gestão pública, com parcerias mais claras e efetivas com o setor privado para alavancar o nosso desenvolvimento. É isso que vamos fazer no plano nacional. Nos planos estaduais, vamos respeitar as lógicas das alianças locais, porque, com esse quadro partidário extremamente amplo, muitas vezes, ou na maioria das vezes, não seguem a lógica nacional. O que pretendo é, ao lado dos meus companheiros aqui em Alagoas, Téo Vilela, Rui Palmeira e tantos outros, e ao lado dos nosso aliados, poder fazer com que o PSDB seja, mais uma vez, vitorioso no estado.

 

Sobre o encontro com o governador Eduardo Campos

Tenho uma conversa com Eduardo que não é uma conversa eleitoral apenas, é uma conversa política de mais de 20 anos que se iniciou lá atrás, quando juntos nos encontrávamos, acompanhando ele, (Miguel) Arraes, eu, Tancredo Neves, na reconstrução da democracia no Brasil. Eu saúdo a chegada de Eduardo no campo oposicionista, assim como a da Marina, como algo muito positivo, porque ambos eram ministros do governo Lula, e agora compreendem, como nós compreendemos, que é preciso algo novo no Brasil. O PSB, presidido por Eduardo, e o PSDB, presidido por mim, têm alianças muito sólidas e naturais em boa parte dos estados brasileiros, e não vamos trabalhar contra essas alianças no plano nacional nessas eleições, mesmo tendo o PSB uma candidatura e o PSDB outra candidatura. Vamos permitir que as coisas naturais continuem acontecendo.

Falamos sobre o Brasil, falamos sobre a preocupação que temos hoje com a perda de credibilidade da nossa economia, com os indicadores extremamente preocupantes de balança comercial, balança de pagamentos, de aumento da dívida bruta, do recrudescimento da inflação, com o baixíssimo crescimento, falamos muito sobre saúde, falamos muito sobre segurança e vejo que há convergências. Em determinados momentos tanto Eduardo como eu temos convergência da necessidade de rapidamente introduzirmos uma nova agenda no Brasil. Vamos respeitar a candidatura de Eduardo, ela é boa para o processo político, e o PSDB tem a obrigação de apresentar a sua. Vamos apresentar, e cada vez mais eu confio na possibilidade de vencermos as eleições.

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