Aécio Neves – Principais trechos da entrevista em São José do Rio Preto

 

O senador Aécio Neves concedeu entrevista, nesta sexta-feira (25/10), em São José do Rio Preto, onde participou de encontro com lideranças do PSDB. Ao falar sobre a agenda que o partido vem preparando para o Brasil, Aécio Neves criticou o PT por ter se apropriado de projetos do PSDB. “É muito curioso nós vermos, por exemplo, o partido que tanto demonizou as privatizações, hoje, as fazendo em larga escala”, disse o senador.

 

Abaixo, trechos da entrevista do senador Aécio Neves:

 

Sobre visita a São José do Rio Preto

Eu estou muito feliz de poder estar conhecendo hoje Rio Preto, ao lado do meu líder no Senado, filho da terra, senador Aloysio Nunes. Sem dúvida alguma o mais influente senador hoje do país, ao lado do presidente do meu partido no estado, deputado e líder Duarte Nogueira, ao lado do meu líder na Câmara dos Deputados, deputado Carlos Sampaio, ao lado do secretário-geral do partido, Mendes Thame, do prefeito João Cury, do presidente da Assembleia Legislativa do estado, o meu conterrâneo e amigo Samuel Moreira, do companheiro Rubens Cury, enfim, um conjunto de lideranças políticas que mostram a unidade do PSDB.

Essa é uma região sempre muito referencial para nós. Ao longo dos últimos anos, sempre houve parcerias muito importante do governo do Estado, do governo tucano com Rio Preto e com toda região, a partir inclusive dessas lideranças que estão aqui, e o que o PSDB está fazendo, através da suas lideranças, e é muito bom que o companheiro José Serra também esteja fazendo o mesmo, conversando com os brasileiros. O que nós queremos é apresentar ao Brasil uma proposta alternativa a essa que está aí. Uma nova agenda, não apenas uma agenda eleitoral; mas uma agenda para os próximos anos, para as próximas décadas. Até porque a agenda que está em execução no Brasil hoje foi a agenda proposta por nós lá atrás.

A agenda da estabilidade econômica, da Lei de Responsabilidade Fiscal, da modernização da nossa economia, do início dos programas de transferência de renda. Essa é a base daquilo que ainda ocorre no Brasil. O PT não inovou. O PT, na verdade, copiou algumas das iniciativas nossas. E mal copiado; eu falo sempre que o PT, na verdade, executa um software pirata, porque ele hoje se aproxima das teses do PSDB. É muito curioso nós vermos, por exemplo, o partido que tanto demonizou as privatizações, hoje, as fazendo em larga escala – fez a maior privatização da história do Brasil recentemente com o pré-sal, como fez dos aeroportos, como fez das ferrovias. Nós achamos que eles são bem-vindos ao mundo real. Ao mundo da modernidade. Infelizmente, têm feito de forma atabalhoada e apressada.

 

Sobre encontros com lideranças

Nós estamos iniciando uma série de visitas pelo Brasil, e São Paulo haverá sempre espaço muito especial na nossa agenda; eu tenho dito que, a cada visita nossa a determinada região, haverá em contrapartida uma visita também a uma região do estado de São Paulo, e o nosso projeto é esse: apresentar uma nova agenda para o país. Quanto a candidaturas, no momento certo elas surgirão.

Acho muito bom que o PSDB possa ter um quadro da qualidade de José Serra disponível para qualquer candidatura. Isso tem que ser saudado por nós, e deve preocupar os nossos adversários, que acreditaram sempre na divisão do partido. Nós não temos a menor necessidade de antecipar a definição de candidaturas. Eu venho hoje a Rio Preto, vou a Olímpia em seguida, como presidente nacional do PSDB, para falar na necessidade de refundarmos a federação do Brasil. Sermos mais solidários no financiamento da saúde, da educação – e eu me refiro ao governo federal. Para falarmos de ética, de seriedade, de competência, enfim; essa é a agenda do PSDB.

Estou extremamente animado com a possibilidade que estou tendo de conversar, de falar e de ouvir. E acredito que, no início do ano que vem, haverá um encaminhamento natural. O PSDB não tem necessidade de ter nenhuma candidatura colocada agora. Agora, a unidade do PSDB, eu garanto a vocês que ocorrerá.

 

Sobre PSB em São Paulo

Tenho uma conversa com o governador Eduardo Campos de muito tempo. Uma conversa muito franca. O que eu vejo como algo extremamente positivo, e deve ser saudado por nós, é que dois ex-ministros do ex-presidente Lula – o governador Eduardo Campos e a ex-ministra Marina – estão hoje no campo oposicionista. Isso tem que ser saudado por nós como algo extremamente positivo. Aquela tentativa do PT, arcaica, atrasada, de fazer sempre uma campanha eleitoral olhando no retrovisor, olhando pra trás, tentando comparar governos diferentes em situações muito diferentes, não vai haver. Acho que a chegada, a presença do governador Eduardo Campos no embate eleitoral nos permitirá uma discussão em relação ao futuro.

O PSDB se prepara para apresentar, inclusive ainda esse ano, as linhas gerais daquela que nós consideramos a agenda do futuro. E a questão dos palanques será resolvida com muita naturalidade. O natural é que os nomes do PSDB, obviamente, as lideranças do PSDB, caminharão com os candidatos do seu partido, e as do PSB com os do seu partido. Isso não significa que nós precisamos nos atacar. Eu acho que ambos temos hoje uma visão comum: tanto o governador Eduardo, com quem eu converso muito, e eu, de que esse ciclo do PT tem que se encerrar, em benefício do Brasil. Não é em benefício do PSDB.

 

Sobre gestão do PT

O Brasil, esse ano, vai crescer apenas mais do que a Venezuela aqui na América do Sul. Ano passado, cresceu apenas mais do que o Paraguai. Nós estamos aí com inflação crônica, renitente, no teto. Inflação de 6%, hoje, para países em desenvolvimento, é muito alta. E ela está em 6% em razão dos preços controlados pelo governo. A inflação dos preços livres já ultrapassou 9%. A inflação dos preços controlados, de combustíveis, de tarifa de energia e de transporte, é que hoje está mantida em 1%. Então a tendência é que isso infelizmente aumente. Essa semana, nós assistimos aí essa, esse ufanismo do governo, ao comemorar essa grande vitória num leilão onde apareceu apenas um consórcio, e que foi vencido sem qualquer ágio. No momento em que a Petrobras, esse grande patrimônio dos brasileiros, apresenta uma perda de 34% do seu valor de mercado, em relação, por exemplo, a 2007. Ela viu nesse período do governo do PT, triplicar o seu endividamento, que era de 47 bilhões, e hoje é acima de 150 bilhões de reais. Segundo a Merryll Lynch, a Petrobras é hoje a empresa não-financeira mais endividada do mundo. É essa a gestão temerária do PT. O que nós queremos é reestatizar a Petrobras e entregá-la de volta aos brasileiros, e tirá-la das garras de um partido político, e de um projeto de poder.

O PSDB vai estar pronto para esse embate, em todos os campos – seja na discussão da economia, que é até covardia, já que nós somos o partido da estabilidade, o partido das contas públicas transparentes. O PT, ao contrário, administra a economia de forma temerária, a inflação recrudesce, os pilares fundamentais da nossa economia – câmbio flutuante, meta de inflação e superávit primário – colocados em risco extremo.

Nenhuma propaganda oficial, por mais bilionária que seja, nem em 20 cadeias de rádio e televisão, e a presidente se aproxima desse número, vão disfarçar a verdade. A verdade é que o Brasil apostou única e exclusivamente no crescimento apenas pelo consumo, a partir da oferta de crédito extremamente ampla, e não se preocupou em dar garantias à atração de investimentos, a estabelecer regras claras, a fortalecer as agências reguladoras. Ao contrário – hoje, nós somos o patinho feio. Estamos no final da fila.

 

Sobre crescimento dos países vizinhos

Enquanto outros países na nossa região, vizinhos nossos, como Chile, como Peru, Colômbia, até o México um pouco mais em cima, fizeram um grande entendimento, o tratado do Pacífico, e fizeram acordos bilaterais com vários, com dezenas de países do mundo, nós ficamos parados no tempo. O Brasil já foi responsável por mais de 2% do conjunto do comércio internacional. Hoje, responde por cerca de 1,3%. Daqui a 10 anos, sequer chegará a 1%.

Investimentos que poderiam estar vindo aqui para gerar renda, empregos de maior qualidade – porque eu não acho que o Brasil possa se contentar eternamente em ser o país do pleno emprego de dois salários mínimos. Ao longo dos últimos dois anos, nós perdemos mais de dois milhões de postos de trabalho melhor remunerados. Por quê? Porque nossa indústria perdeu competitividade. Nós estamos voltando a viver o que nós vivemos na década de 50. Meros exportadores de commodities, de matéria prima. É isso que nós queremos pro Brasil? Não.

 

Sobre políticas sociais e nova agenda para o Brasil

As políticas sociais deixaram de avançar. O PNAD, divulgado há poucas semanas, mostra que nós estamos voltando a uma agenda de 20 anos atrás. O analfabetismo voltou a crescer no Brasil. Nós precisamos de uma nova agenda. E é isso que eu venho fazer hoje em Rio Preto, é isso que eu vou fazer em Olímpia, é isso que eu vou fazer pelo Brasil afora nesses próximos meses. Construir a agenda, conversando com os brasileiros, construindo uma agenda nova para o Brasil.

 

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