Aécio Neves – Entrevista – Viagem a Paragominas

Local: Paragominas – PA

Assuntos: visita a Paragominas, royalties da mineração, sustentabilidade ambiental.

Além da nomenclatura, agora existirá um elo maior entre o seu estado e o município?

Claro. A origem de Paragominas está na ousadia de um mineiro e de alguns goianos que para cá vieram e desbravaram toda essa região e fizeram hoje de Paragominas um exemplo para o Brasil inteiro. Obviamente, esse exemplo se deve à força de articulação de suas lideranças políticas, do ex-prefeito Sidney, do prefeito Adnan, e do esforço da sociedade de Paragominas de compreender o que era preciso ser feito. Como temos em ambos os estados uma matriz mineral muito sólida, a mais importante do Brasil, temos também objetivos comuns. Eu tenho proposta de um trabalho cada vez mais próximo entre as bancadas do Pará e de Minas, na Câmara e no Senado, para garantir mais recursos para os municípios, mais recursos para os estados, mais respeito à atividade mineral, mais retorno para os municípios e para os estados mineradores através de uma nova valorização dos royalties minerais. Enfim, há um conjunto de temas comuns. E essa minha vinda certamente enraizará mais, aprofundará mais as nossas relações que já são extremamente positivas.

Uma palavra para a população de Paragominas.

Primeiro de admiração pela capacidade que a população de Paragominas teve de se unir em torno de algo ousado na época e que hoje é referência para o Brasil. A capacidade de superação das dificuldades que vocês tiveram inspirará outros municípios e estados brasileiros para irem na mesma direção. Vocês mostraram que é possível e, mais do que isso, é necessário compatibilizar desenvolvimento econômico com sustentabilidade ambiental. Eu estarei, nas minhas viagens pelo Brasil, levando sempre o exemplo de Paragominas para dizer que é possível sim, com responsabilidade e seriedade, competência e ética e ousadia transformar para melhor a vida das pessoas.

Gestão

“Paragominas é um exemplo não só para o Pará, mas para o Brasil. Costumo dizer que os bons administradores são os que não têm constrangimentos e copiar boas ideias e aprimorá-las, adaptá-las. O modelo de Paragominas, pelo que se transformou hoje, talvez seja o mais vigoroso exemplo que temos de que a gestão eficiente, ousadia e coragem para enfrentar resultados. No Brasil hoje, há uma carência no plano nacional dessa visão de gestão. E, ao mesmo tempo, há por parte do governo pouca generosidade para com o Brasil real, com os municípios e estados.”

Centralização

“Um país das dimensões do Brasil não pode ser administrado de forma tão centralizada. Uma das raízes principais dos nossos problemas é essa administração extremamente centralizada. Não é o governo federal que vai saber qual a prioridade de investimentos em Paragominas ou em algum município mineiro, ou em qualquer outra região. Nos municípios, você estabelece com mais conhecimento prioridades, fiscaliza com mais eficiência o gasto público. Montoro, uma das figuras mais emblemáticas do PSDB, dizia: o município deve fazer tudo que estiver em seu alcance sempre. O estado deve fazer apenas o que o município não tiver condição de fazer, restando à União o que estados e municípios não puderem fazer. O que assistimos hoje é a União querendo definir prioridades e estratégias que não são da sua responsabilidade. Os recursos são arrecadados no município e no estado. O cidadão não mora na União.”

Saúde e segurança

“Os dois maiores dramas da população brasileira são a péssima qualidade da saúde pública e a segurança, com a violência chegando a médios e pequenos municípios. Em 2000, há 12 anos, o governo federal participava com 46% de todos os investimentos em saúde. Hoje, mesmo tendo sido o governo federal que mais aumentou suas receitas, investe apenas 30%. A conta foi para os municípios. O governo federal se omite. Em segurança pública, 83% de tudo que se gasta no Brasil vêm dos cofres estaduais e municipais.”

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