Aécio Neves – Entrevista sobre o programa do PT e pesquisa Datafolha

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quinta-feira (06/08), em Brasília, sobre o programa do PT e pesquisa Datafolha.

Leia a transcrição da entrevista do senador:
O governo do PT perde hoje mais uma extraordinária oportunidade de falar a verdade. O programa do PT – já divulgado nas redes e que irá ao ar hoje à noite- zomba da inteligência dos brasileiros. O programa de 10 minutos não foi capaz, seja pela voz do seu presidente nacional, seja pela voz do ex-presidente da República ou da própria presidente, de dizer uma palavra sequer em relação ao que vem acontecendo no país na Operação Lava Jato, sobre a prisão do tesoureiro do partido, sobre o fato da maior liderança do partido do ponto de vista da sua organização, o ex-ministro José Dirceu, estar preso. O PT zomba dos brasileiros. Quer dizer que não há nenhuma palavra em relação a isso?

É inacreditável o PT achar que com o marketing com as trucagens de um programa eleitoral continuarão a enganar os brasileiros. E ao final zomba, e zomba de forma agressiva, daqueles que se manifestam sejam nos panelaços, seja por quaisquer outras vias, e manifestam contra a corrupção que este governo implementou no Brasil, se manifestam contra a carestia, se manifestam contra a inflação saindo de controle, se manifestam com a perda de investimentos e, portanto, com o crescimento negativo da nossa economia. Os brasileiros têm sim muitas razões para se indignar. E o PT, como se estivesse vivendo em um outro país, em um outro mundo, zomba daqueles que mostram a sua indignação com os males que o PT trouxe ao país.


Sobre os ataques do PT no programa a líderes da oposição.

Veja a insensatez daqueles que hoje governam o Brasil. Tenho apenas de fazer um registro de agradecimento pela homenagem que o PT me faz ao me colocar no seu programa. E é isso mesmo: agradeço a oportunidade a milhões de brasileiros de saberem que eu não estou do lado do PT, eu estou do lado do povo. Eu sou contra este governo que infelicita cada dia mais o Brasil. O governo que num dia estende a mão para a oposição através do seu ministro da Casa Civil que, na verdade, ao reconhecer os méritos dos governos do PSDB, desmentiu a própria presidente da República que dizia na campanha que o PSDB do presidente Fernando Henrique havia quebrado o Brasil três vezes.

Esse mesmo presidente Fernando Henrique que o PT no desespero agora procura. E, no dia seguinte, o PT, como se isso fosse possível, quer buscar ainda uma herança maldita. Existe sim uma herança maldita no Brasil feita pelo PT. O PT herda do PT, da sua arrogância, da sua incompetência, do seu descompromisso com a ética, talvez uma das mais perversas heranças que em qualquer tempo da história deste país algum governo recebeu. E está hoje sitiado. O PT é um partido que não pode andar nas ruas. O PT é um partido que, sequer na televisão, pode falar sem ouvir as reações múltiplas da sociedade brasileira.

A presidente da República não pode mais andar nas ruas. As lideranças mais conhecidas do PT estão encasteladas nas suas casas. Aquelas que ainda estão nas suas casas. É um triste fim indesejado até por nós da oposição. Portanto, estaremos, repito, aqui com a nossa responsabilidade de sempre ajudando ao Brasil superar essa crise. Mas eu vejo que, infelizmente, hoje o Brasil é uma nau sem rumo, sem comandante.


Sobre crise entre o governo e sua base no Congresso.

O governo do PT e a presidente da República pagam aqui cada dia mais caro o preço da mentira, do desprezo à inteligência dos brasileiros e do descompromisso com a verdade e com a ética. É o conjunto da obra que faz com que hoje uma nova pesquisa publicada a presidente Dilma tenha a pior avaliação dentre todos os presidentes da República da história contemporânea do Brasil e não consegue agora sequer orientar minimamente a sua base de apoio.

O que eu quero aqui reconhecer não é bom sequer para o país, porque esse descontrole vem da absoluta perda de credibilidade da presidente da República. E a responsabilidade por essa perda de responsabilidade, de confiança ou de credibilidade é exclusivamente dela e do seu governo, porque para vencer as eleições, como ela dizia anteriormente, faz-se o diabo. E fizeram o diabo. Só que quem está pagando a conta hoje do diabo é a população mais pobre. É o desemprego. Já são 350 mil postos formais que nós perdemos no Brasil apenas este ano, metade disso no Nordeste. É a inflação de alimentos acima de dois dígitos há mais de ano, juros escorchantes aí com 50 milhões de famílias endividadas. É um governo que na verdade perdeu a capacidade de governar. A presidente, infelizmente hoje, não governa mais o Brasil.


Sobre pedido do vice-presidente Michel Temer de união dos partidos no Congresso.

Acho que os fatos demonstram a fragilidade da presidente. Em seguida, às 15 horas, os líderes do PSDB na Câmara e no Senado vão falar objetivamente sobre a declaração do presidente Michel e vão externar a posição do partido. O que é perceptível, seja em relação ao agravamento dos indicadores econômicos, é a crise social na qual estamos mergulhados, porque a crise hoje é social, de dimensões muito profundas na vida dos cidadãos mais pobres.

O PSDB terá responsabilidade sempre. Quando eu vejo líderes do governo, o próprio vice-presidente, ministro de Estado cobrando alguma responsabilidade da oposição, eu quero tranquilizá-los. A oposição se manterá onde sempre esteve, com absoluta responsabilidade com o país. Inclusive garantindo o pleno e livre funcionamento das nossas instituições. Essa é a grande contribuição que as oposições dão hoje ao Brasil, garantindo que a Polícia Federal e o Ministério Público continuem fazendo o seu trabalho, os tribunais – seja o Eleitoral, seja o de Contas – também façam o seu trabalho. O governo precisa minimamente organizar a sua base, mas o governo que perde a confiança da população tem depois muitas maiores dificuldades para resgatá-la.

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