Aécio Neves – Entrevista sobre o encontro com o governador Geraldo Alckmin

O senador Aécio Neves concedeu entrevista coletiva, nesta quinta-feira (16/01), em São Paulo, e falou sobre o encontro que teve com o governador Geraldo Alckmin. Aécio Neves ressaltou que apresentou ao governador as possíveis alianças que o PSDB poderá fazer em todos os estados.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre o encontro.

O governador Alckmin não é apenas o governador de São Paulo, é uma das lideranças, se não a maior liderança do PSDB no país. Fizemos uma análise sobre preocupações que não são apenas nossas, são de muitos brasileiros, com a situação da economia no Brasil, com o recrudescimento da inflação, com perda da credibilidade da economia brasileira que afeta investimentos que seriam extremamente importantes para que pudéssemos ter empregos no Brasil cada vez de melhor qualidade.

Ouvi muito do governador e trouxe a ele aqui uma radiografia das alianças e dos entendimentos que o PSDB vem buscando fazer em todos os estados. Ouvi o governador sobre muitos deles, todas essas decisões passarão sempre por essa consulta, pela experiência que ele tem como governador de São Paulo, como ex-candidato do partido à Presidência da República, selando aquilo que na minha avaliação é o essencial para que nos possamos vencer as eleições, a unidade do PSDB.

O que eu posso estar adiantando é que nós estaremos competitivos em praticamente todos os estados. Teremos candidaturas a governador em maior número do que qualquer outro partido, e estaremos disputando, ou com candidatos próprios, ou coligados, em mais de 20 estados brasileiros.

Portanto, o quadro hoje é um quadro mais favorável do ponto de vista dessas alianças do que em outros momentos e onde haver alguns impasses a palavra do governador Alckmin e as orientações do governador Alckmin será sempre extremamente importante.

 

Sobre declaração do vice-presidente do PSB, Roberto Amaral.

Eu conheço muito pouco o senhor Roberto Amaral. A minha interlocução com o PSB é feita prioritariamente com o presidente do partido.

 

Sobre a relação com o PSB.

Extremamente positiva.  A relação que tenho com o governador Eduardo é uma relação antiga, ela precede candidaturas, e por isso é uma relação extremamente natural. Vou repetir aqui o que disse recentemente. Acredito nas coisas naturais da política. O PT introduziu na política brasileira algo extremamente perverso no momento em que começa a tratar adversários como se fossem inimigos. Não acho que alguém, simplesmente por estar no outro campo político, só tenha defeitos. E tampouco acho que alguém, apenas por ser meu aliado, só tenha virtudes.

Então, respeito a candidatura do governador Eduardo Campos. Ela é saudável para o processo político nacional. Quem tentou inibir outras candidaturas foi exatamente o PT quando buscou cercar a candidatura do governador Eduardo, criando dificuldades, para que ela se inviabilizasse, ou quando tentou, do ponto de vista congressual, inibir ou inviabilizar a candidatura da ex-ministra Marina.

Queremos um debate plural. Quem acredita no Brasil, quem quer construir algo novo para o Brasil não pode temer outros concorrentes. Portanto, a minha relação com o governador existe antes de eventuais candidaturas nossas. No que depender de mim, continuará a existir essa boa relação durante a disputa eleitoral, e no futuro, independente de qual seja o resultado.

 

A campanha se intensifica após a Copa?

Acho que sim.  Acho que, como disse o governador, não temos candidaturas colocadas formalmente ainda. Esse é o momento da discussão de programas, de projetos, de nós, cada vez mais – falo como presidente do PSDB – nos comunicarmos melhor com a população. Mostramos de forma muito clara como vamos enfrentar a questão da segurança pública para superar a absoluta e irresponsável omissão do governo federal nessa gravíssima questão.

Apenas para citar um exemplo, poderia citar inúmeros outros, apenas 10,5% do fundo penitenciário nos últimos três anos, daquilo que foi aprovado pelo Congresso, foram executados.  87% de tudo que se gasta em segurança pública no Brasil vêm dos estados e municípios, apenas 13% da União. Temos que dizer como daremos garantia ao aumento do financiamento da saúde, como ele será feito. Vamos falar de gestão. Essa é a nossa preocupação. Temos que, cada vez mais, mostrar que o PSDB tem uma proposta alternativa de mudança de verdade no Brasil em relação àquilo que está aí.

E aí as alianças e os entendimentos, a formação de chapa, tudo isso virá com naturalidade, no tempo certo. Mas campanha, pra valer, no Brasil, só depois da Copa do Mundo.

 

Sobre saúde, segurança pública e “rolezinhos”.

Temos no Brasil historicamente um governo federal que reage. Um governo federal que não planeja, não percebe aquilo que vem acontecendo no Brasil. Seja em relação à saúde, por exemplo, onde houve uma mudança radical no perfil do brasileiro, uma mudança demográfica onde os brasileiros hoje envelhecem mais, se tem uma população envelhecida muito maior do que tinha há 20 anos. O governo não se precaveu para essa nova formatação demográfica.

Na área da segurança pública é um improviso permanente, o governo lava as mãos como se vivesse em um outro país. Acho saudável que pelo menos eles percebam aquilo que está acontecendo no Brasil. Esse é o governo que lava as mãos. Que coloca sobre os ombros dos estados, principalmente, a responsabilidade total sobre a questão da segurança pública. Tráfico de drogas, controle das nossas fronteiras, todos esses são crimes federais e a União, repito, não agiu de forma planejada até hoje. No Fundo Nacional de Segurança, não há uma transferência planejada para estados e municípios. Ninguém sabe com quanto vai contar ao longo do ano.

E existe esse fenômeno novo, dos “rolezinhos”. Acho que o diálogo sempre é extremamente importante. Agora, infelizmente, o governo federal, seja nessa questão, ou em outras em relação especificamente à segurança pública, o governo federal até hoje não atuou no sentido de apoiar os estados com recursos, mas, sobretudo com inteligência e planejamento.

Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on Google+