Aécio Neves – Entrevista – Site da Liderança do PSDB no Senado

Local: Brasília – DF

Assuntos: Avaliação do governo federal em 2012.

Eu dividiria este ano de 2012 em três aspectos bem distintos. O primeiro certamente é a economia. Tivemos o pior ano deste século. O Brasil crescerá menos do que todos os países da América Latina, com exceção do Paraguai. Cresceremos menos do que a Europa mergulhada na pior crise da sua história. Cresceremos menos que os Estados Unidos, que vêm se recuperando arduamente da sua segunda pior crise da história. Este baixo crescimento é uma demonstração clara de que as medidas paliativas do governo, setoriais, não trouxeram os resultados necessários e só atendem a nichos da economia e não ao conjunto da economia.

O ano de 2012 conseguiu ser pior ainda do que o ano de 2011, que já havia sido um ano muito ruim. Isso acende o sinal de alerta, o sinal amarelo, para o futuro que nos espera. A causa maior disso foi a absoluta ausência do governo de iniciativa em torno das grandes reformas. O governo agiu de forma reativa, apenas buscando diminuir problemas e não tomando a iniciativa de enfrentá-los com reformas estruturais. É o que tenho dito já há algum tempo e repito mais uma vez: cada vez mais fica claro que o PT abdicou de ter um projeto ousado de País para se contentar em ter exclusivamente um projeto de poder.

O segundo campo que merece uma análise específica é a infraestrutura. Esse o governo assumiu sob a égide de uma grande articulação do ponto de vista dos resultados, da eficiência na gestão pública. Na verdade, essa foi a marca cantada em verso e prosa durante toda a campanha eleitoral. Teríamos uma grande a fazer o Brasil andar. O Brasil não andou. O Brasil ficou paralisado nestes últimos dois anos, em especial em 2012. O PAC, que é a grande propaganda oficial do governo, nunca teve um desempenho tão pífio.

As parcerias com o setor privado não avançaram em razão da falta de convicção do governo sobre a sua eficiência. Ao contrário, o governo marcou 2012 por um excesso de intervencionismo em setores da economia, que reagem. E a conseqüência disso é o afastamento do investimento privado, o que vai fazer com que haja necessidade cada vez maior em áreas que não terão mais atratividade. Os gargalos no setor de infraestrutura são os mesmos que tínhamos anos atrás. A marca da ineficiência e do intervencionismo mostra claramente o que o PT vem fazendo no País ao longo desses últimos dois anos.

O terceiro aspecto desta análise, esse sim positivo. O Brasil demonstrou no ano de 2012 que tem instituições sólidas, independentes e altivas. O retrato maior disso foi o julgamento do mensalão que demonstrou ao País inteiro que diferente do passado, em que todos nós acreditávamos que a impunidade era uma marca definitiva da vida brasileira, assistindo avanços importantíssimos nesta área. Os poderosos que agiram de forma irresponsável, que utilizaram dinheiro público para garantir a manutenção ou a eternização de um grupo no poder estão pagando caro por esses atos. Se de um lado a economia vai mal, a infraestrutura não avança, felizmente as instituições democráticas se mostraram absolutamente sólidas. E é exatamente com essa inspiração que devemos entrar em 2013.

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