Aécio Neves – Entrevista – Pacote econômico do governo

Local: Brasília – DF

Assunto: Pacote para indústria

Em relação ao pacote de anúncios feito pelo governo que busca criar salvaguardas para alguns setores da indústria, vale um comentário que, na verdade, não é novo. O caminho da desoneração, em especial da folha de pagamentos, é um caminho que nós do PSDB defendemos há muito tempo, mas não de forma setorizada, não apenas elegendo alguns setores que tenham não só maior competitividade, ou maior concorrência do exterior, ou, em especial, que tenham maior proximidade com o governo. O que defendemos é uma desoneração geral, para todos os setores da economia. Mas o governo, mais uma vez, faz mais do mesmo, sem tocar no que é essencial.

O grande problema para a competição da economia, em especial, do setor industrial do Brasil é altíssima carga tributária. Mas para que houvesse espaço para diminuição da carga tributária, era essencial que o governo gastasse menos. Na verdade, o governo é perdulário, gasta muito e gasta mal, haja visto o estado, o nível das obras do PAC, grande parte delas ou paralisadas ou adiadas nos prazos inicialmente propostos.

Portanto, são medidas que podem, no curtíssimo prazo, atender interesses de determinados setores, mas não toca naquilo que é essencial: a diminuição da carga tributária. É nisso que o PSDB e os partidos de oposição vão bater, é isso que vamos cobrar permanentemente do governo federal.

Mas é preciso que ele passe a gastar menos com seus gastos correntes, menos com o custeio da máquina pública para poder gastar mais em investimento e para que sobre espaço exatamente para diminuição do peso da carga tributária que impõe, aí sim, uma concorrência predatória à indústria brasileira.

Eu repito o que tenho dito sempre: nós estamos avançando no Brasil para viver num tempo pré-JK, onde grande parte de nossa pauta de exportações era feita por commodities. O processo de desindustrialização é real, é sério. O governo agora, tardiamente, atenta para isso, mas atenta mais uma vez com medidas paliativas, sem mexer naquilo que é essencial.

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