Aécio Neves – Entrevista em Salvador

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta sexta-feira (06/11), em Salvador (BA), onde participou do Seminário “Caminhos para o Nordeste”, realizado pelo Instituto Teotônio Vilela.

Leia a transcrição da entrevista do senador:
Quero agradecer o prefeito ACM Neto, o prefeito mais festejado do Brasil hoje pela eficiência de sua gestão, pelo seu espírito público e mesmo em um momento de extrema gravidade está conseguindo cumprir os seus compromissos com a população de Salvador, não tendo a mesma ajuda de outros entes da Federação. Quero agradecer ao presidente João Gualberto, através dele os tucanos que nos recebem hoje em Salvador para mais um importante evento do ciclo de projetos que o PSDB tem desenvolvido para apresentar ao Brasil uma alternativa ao que está aí.

A falência do governo do PT é notória. O PT não tem mais um projeto de país, um projeto de governo. Tem apenas um projeto de poder e isso faz com que nós da oposição tenhamos de estar construindo ideias, construindo caminhos para a superação desta crise. Hoje, falamos aqui da questão da violência. Vamos, na próxima semana, falar sobre a questão ambiental e depois estaremos nos primeiros dias de dezembro lançando as nossas propostas no campo social. É uma contribuição que o PSDB dá ao Brasil para a superação da crise que aí está.


Sobre o fortalecimento do PSDB.

Estamos nos fortalecendo e isso vem acontecendo em todo o país. Segundo dado do TSE, neste ano de 2015, o PSDB foi partido que o maior número de filiados recebeu. Segundo pesquisa de opinião já divulgada, somos o partido já preferido pelos mais jovens no Brasil. Este é o grande vigor do PSDB.

Enquanto o PT foi o partido em que mais desfiliações teve, com o maior número de pessoas deixando o partido, na outra ponta o PSDB é aquele que o maior número de pessoas vem recebendo. E gente qualificada. Vamos sair dessas eleições municipais do ano que vem muito mais fortes do que entramos. Por uma razão. Nós dissemos a verdade na campanha presidencial e vamos continuar falando a verdade. Somos hoje a alternativa mais clara ao lado dos nossos aliados e, em especial, do Democratas que tem como principal liderança nacional o prefeito ACM Neto de Salvador, somos alternativa hoje mais qualificada e pronta para encerrar este ciclo de governo do PT e iniciar um outro onde pelo menos a esperança volte aos lares e às famílias brasileiras.

Portanto, cumprimento o esforço dos nossos companheiros por todo o interior da Bahia e vamos chegar no ano que vem com um número maior ainda de prefeitos já filiados que temos hoje e vamos avançar muito nas eleições. O PSDB sairá das próximas eleições como o maior partido do Brasil.


O PSDB vai seguir o acordo para livrar o filho do Lula do depoimento à CPI do Carf?

Não, até porque não temos a menor razão para isso. Na CPI do Carf, a oposição tem dois parlamentares em doze. Os que votaram foram os membros do governo. Na verdade, quem propôs a convocação foi o senador do PSDB senador Ataídes [Oliveira]. Somos apenas, e infelizmente para o Brasil, oposição. Tanto na Câmara quanto no Senado.


Sobre a viagem ao Nordeste.

Estou entrando no Nordeste pela porta da frente, pela Bahia, pelas mãos de ACM Neto e dos meus companheiros do PSDB. O Nordeste será a nossa grande prioridade. Já na campanha eleitoral, diferente da candidata de que venceu, formulamos e lançamos aqui mesmo na Bahia um programa para o Nordeste, para um Nordeste mais forte. E tudo aquilo que o governo, na campanha eleitoral, disse que ia fazer, não fez. Sejam obras de infraestrutura – estão aí e posso enumerar inúmeras delas como o projeto inicial da concessão da [BR] 101, que passava de 700 km, agora dizem que são 200, sabe-se lá se vai fazer; a Fiol parada; vários trechos da transposição parados; o Porto do Sul sem ser iniciado. Enfim, tudo que o governo propôs na campanha eleitoral, o governo não fez. Isso mostra que nós falamos a verdade na campanha eleitoral. Não nos permitiram discutir com a seriedade necessária, com a profundidade necessária a crise na qual já estávamos mergulhados. O adiamento – e esse é o lado mais macabro de tudo que fizeram –, mesmo a presidente da República sabendo dos indicadores econômicos, que eles não sustentavam mais, ela adiou a tomada de determinadas medidas, o que agravou a crise do país, principalmente no Nordeste.


Sobre segurança pública.

A questão da segurança pública é uma prioridade para nós. Esse é o grande drama hoje das famílias no Nordeste, claro que além de outros no campo social. Mas o aumento da criminalidade sem que o governo tome qualquer iniciativa em pareceria com os estados e municípios para coibi-la, a sua ausência na formulação nas políticas da área de segurança pública chega a ser criminosa. Repito, aonde os indicadores têm mais crescido é exatamente nessa região. Os estados e municípios, a verdade é essa e é preciso que seja dita, solitariamente não têm condições de enfrentar esse drama. Portanto, vamos discutir esse tema e vamos discutir políticas sociais que possam minimamente recuperar as que foram iniciadas no nosso governo e agora vêm se perdendo no governo do PT.


Sobre Eduardo Cunha.

O presidente da Câmara está sendo investigado pelo Conselho de Ética. Vamos votar com as provas. Fala-se muito de entendimentos, mas quero deixar aqui muito claro: o PSDB não votou no presidente da Câmara. Mas a partir do momento em que ele ofereceu espaços para que exercêssemos, à luz do dia, as nossas funções de oposição em comissões parlamentares de inquérito – lá estava o presidente [do PSDB-BA] Imbassahy para participar da CPI da Petrobras – e em outras relatorias importantes, isso foi feito à luz do dia, sem problema algum. Se ele nos ofertava isso, seria na verdade, desconhecer a importância desses espaços para ação parlamentar se não tivéssemos aceito. Fizemos isso à luz do dia. As denúncias são extremamente graves, ele obviamente vai se defender e vamos votar com as provas. Seja na Comissão de Ética, seja no plenário da Câmara dos Deputados.


Sobre o rompimento da barragem em Mariana (MG).

Em uma situação como essa é preciso, em primeiro lugar, ter solidariedade. Solidariedade com as vítimas, com as famílias que ali foram atingidas, e é essa a nossa manifestação, inclusive desde ontem.
É preciso sim que se investiguem as causas do rompimento da barragem. Fazer agora, transformar essa questão em uma questão política, seja eu atacando o atual governo, ou ele atacando outros governos, sejam os que me sucederam, ou quaisquer outros, na verdade, é não agir com responsabilidade. Investigações têm que ser feitas até para ver se existem novos riscos de novos rompimentos, mas vamos fazer isso com a responsabilidade, tanto os que são governo quanto os que são oposição. E os laudos vão certamente poder mostrar onde está essa responsabilidade. Nesse momento a minha palavra é de consternação e é de solidariedade às famílias atingidas.


O presidente Lula disse que ninguém poderia prever esta crise e o sr. disse que fez vários alertas.

A marca da campanha do PT, e o Brasil reconhece isso, tive acesso a uma pesquisa do Instituto Paraná Pesquisa que mostra que 86% dos brasileiros dizem que a Dilma mentiu durante a campanha eleitoral. Tive quase 49% dos votos. Então significa que grande parte daqueles que votaram nela, além de outros que certamente não votaram em ninguém, concordam com isso. Portanto, não é uma afirmação nossa. O governo mentiu lá e continua mentindo aqui porque todos os especialistas, e nem precisava ser muito especialista, já apontavam os problemas.

Em primeiro lugar, para o nível de corrupção que tomou conta da Petrobras. Vocês se lembrarão, nos debates televisivos, eu cobrava da presidente da República. Eu dizia a ela: a senhora confia no tesoureiro do seu partido, que naquela época ocupava um cargo importante numa grande empresa brasileira, Itaipu Binacional? E ela, pelo silêncio, disse que concordava. Ele se encontra preso hoje. Eu dizia que o Brasil teria um crescimento pífio no ano passado, que o desemprego estava crescendo. Ela respondia: “não, nós temos a menor taxa de desemprego do mundo. Nós não temos risco de descontrole inflacionário, o Brasil vai crescer muito mais do que vocês pessimistas estão dizendo”.

Quando eu falava da necessidade de ajustes para minimizar os efeitos da crise que estava escancarada à nossa frente, ela dizia que isso era uma irresponsabilidade, citei até uma frase da presidente dizendo que ajuste era uma questão eleitoreira como se isso fizesse qualquer sentido.

A presidente da República, afirmo aqui hoje, deixou de forma irresponsável de tomar medidas poderiam minimizar os efeitos dessa crise para os trabalhadores brasileiros, para as famílias brasileiras. Não precisaríamos ter chegado a esse desemprego de mais de 1 milhão e 200 mil postos de trabalho perdidos apenas nesse último ano, taxa que já se aproxima de 9%. Não precisaríamos ter chegado numa inflação que hoje se encosta nos 10%, sendo que a de alimentos mais que o dobro disto, se o governo privilegiasse a população e não a eleição.

O governo do PT virou de costas para a população conscientemente para poder vencer as eleições. Venceram, mas não podem sair nas ruas. Não podem participar de um evento como esse que nós estamos participando aqui sem o risco de serem aqui hostilizados pela parcela da população que inclusive votou neles e está indignada com a mentira e com a irresponsabilidade.

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