Aécio Neves – Entrevista em Maceió

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, hoje (09/05), em Maceió (AL), onde realizou palestra no Ciclo de Debates para o Crescimento de Alagoas. Aécio Neves falou sobre a visita à Maceió, o resultado da última pesquisa Datafolha, a dívida dos Estados, a crise do etanol e sobre a carga tributária no país.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre o que os alagoanos podem esperar da candidatura do PSDB à Presidência da República?

Estou muito feliz de, mais uma vez, estar em Alagoas ao lado do meu amigo e grande governador, Teotônio Vilela, ao lado do meu também grande companheiro Eduardo Tavares, em uma expectativa de construção de mais uma etapa no desenvolvimento de Alagoas.

Sabemos que hoje a Federação está fragilizada, os estados cada vez mais dependentes da União. O que queremos é construir uma parceria diferente da parceria atual, onde os estados possam eles próprios ter capacidade para enfrentar as suas dificuldades.

Eu, por onde tenho andado no Brasil, tenho dito que o Brasil está se transformando em um Estado unitário. Não somos mais uma Federação. Para isso, é preciso que os recursos sejam distribuídos de formas equânimes para estados e municípios.

 

Sobre a dívida dos estados. 

Em respeito à dívida dos estados para com a União, e tenho conversado muito com o governador Teotônio Vilela, não é justo que um estado, apesar do esforço do governador e de toda a população, que ainda tem carências muito grandes, como Alagoas, pague R$ 50 milhões por mês à União. Teremos que construir um caminho onde esses recursos possam ficar no Estado para investimento na segurança pública, na saúde e na educação. A base de toda a nossa proposta vai ser essa: a refundação da Federação, garantindo que em cada estado, a partir da sua realidade, os problemas centrais possam ser enfrentados.

Tenho acompanhado aqui o esforço do governador na busca de investimentos para o estado, na diversificação da sua base econômica. Há um esforço enorme do governador, que já conseguiu isso em boa parte. Mas é preciso que, de um lado, fortaleçamos aqueles setores da economia tradicionais no estado, como, por exemplo, o setor sucroenergético.

 

Sobre o Etanol.

Há hoje uma ação do governo que eu chamaria quase de criminosa, que já levou ao fechamento, ao longo de dois anos, de 40 usinas em todo o Brasil. Algumas delas inclusive aqui no estado de Alagoas. Temos que ter uma política que compreenda a importância estratégica do etanol para o desenvolvimento da economia, para a questão ambiental. Ontem mesmo em São Paulo, onde fiz uma palestra, eu dizia do compromisso que temos de resgate desse setor com políticas de longo prazo, com crédito, com preço, enfim, impedindo que a Petrobras continue sendo utilizada como instrumento de política econômica e tendo como consequência mais perversa dessa utilização a fragilização desse setor.

 

Sobre Alagoas. 

Inúmeros outros investimentos  Alagoas tem buscado, e, vencendo as eleições, espero que isso possa ocorrer, estaremos permanentemente atentos, seja à integração, por exemplo, do estado de Alagoas à Transnordestina, mas, mais do que isso. Queremos um governo, onde as obras comecem bem planejadas e possam terminar nos prazos e nos custos pré-estabelecidos.

O Brasil é hoje um grande cemitério de obras inacabadas por toda a parte. Aqui na região vemos isso com muita clareza. Podia falar da transposição do rio São Francisco, ali em Pernambuco, na refinaria Abreu e Lima, a própria BR-101, sempre com problemas pontuais que impedem a conclusão da sua duplicação como deveria já ter acontecido.

Oque precisamos no Brasil é de uma gestão que concilie ética com eficiência, e emoldurando tudo isso, sensibilidade para com as regiões que mais precisam da ajuda do governo federal.

 

Sobre o que o Brasil pode esperar de Aécio Neves nas áreas de saúde e educação.

Em primeiro lugar, gestão. Gestão é o que falta hoje ao governo federal. O financiamento é essencial, mas esse financiamento, tanto da saúde como educação, se não vem acompanhado de instrumentos de gestão, que na ponta qualifiquem os resultados, o esforço não terá o resultado adequado.

Governei por oito anos um dos mais populosos estados brasileiros, não o mais rico, nem o mais homogêneo, que é Minas Gerais, e conseguimos levar Minas a ter a melhor educação fundamental do Brasil. Como? Com avaliação, com métodos, premiando aqueles que apresentam melhores resultados. Também na questão da saúde é preciso que haja generosidade do poder central. Falava do Estado unitário. O governo central hoje se apropria de quase 70% de toda a renda, de todos os tributos nacionais. E, em relação à Saúde, quando o governo do PT assumiu há 11 anos 54% de tudo que se gastava em saúde pública vinham da União. Hoje, apenas 45% vêm da União. Hoje apenas 45% vêm para a União. Quem paga essa diferença? Principalmente os municípios e uma parcela os estados. Não há hoje no poder central uma visão generosa em relação aos municípios e aos estados.

É o que pretendemos reintroduzir no Brasil, uma visão federativa, seja na saúde, seja na segurança pública, que será outra prioridade na nossa caminhada. Hoje 87% de tudo que se gasta em segurança pública no Brasil vêm dos estados e dos municípios. Vejo o esforço do governador Teotônio Vilela, do meu companheiro, espero, futuro governador, Eduardo Tavares, na área de segurança, mas é impossível com os recursos que nos temos hoje, sem que haja uma política nacional de segurança, com os recursos dos fundos, seja fundo de segurança, seja fundo penitenciário, permanentemente contingenciados, não há como estabelecer uma política de segurança de longo prazo.

Alagoas já vem, com todo esforço, melhorando alguns indicadores, mas sabemos que esse é um desafio que solitariamente os estados não poderão enfrentar. O nosso compromisso é esse, tanto no ponto de vista do financiamento, quanto de uma profunda reforma no código penal e no código de processo penal.  A grande verdade é que hoje o cidadão que tem posses ou um bom advogado tem que fazer um esforço enorme, depois de cometer um crime, para ficar preso. Temos que ter um código penal atualizado em razão inclusive da evolução da sociedade. Hoje temos aí essa tragédia da epidemia do crack, algo avassalador que atinge a todos os municípios do Brasil e nós não temos respostas, seja nas estratégias, seja na inteligência das nossas policias e também no seu financiamento.

 

Sobre pesquisa Datafolha.

Alagoas me dá sorte, eu cheguei aqui, deu uma melhorada. O que tenho dito em relação a pesquisas é que há um indicador nesse momento que é relevante. Os [índices] das pesquisas, é claro que quando você sobe, você acha melhor do que quando você cai. Mas não acho que esses sejam ainda os indicadores mais relevantes, porque o nível de conhecimento dos candidatos é muito pouco isonômico. Você tem uma presidente que tem 100% de conhecimento e outros candidatos, por não terem disputado uma eleição nacional, tem [índices de conhecimento] muito menores. O dado relevante é que em todas as pesquisas isso é apontado, mais de 70% da população quer mudanças. E mudanças profundas.  Estamos caminhando para mostrar aos brasileiros e aos alagoanos aqui hoje, em especial, que temos as propostas que mostram que  somos a mudança segura que o Brasil precisa viver. Mudança com responsabilidade, com quadros extremamente qualificados e uma mudança que incorpora algo que para mim, pela minha formação, pelas minhas origens, é essencial: ética na vida pública. Precisamos de um governo que concilie ética com eficiência. Essa é a proposta do PSDB.

 

Sobre carga tributária.

Tenho dito que um dos compromissos que assumi perante os brasileiros, em primeiro lugar, assumindo a presidência da República, no primeiro dia, acabar com a metade desses ministérios. É um acinte, é uma vergonha o governo se colocar como instrumento apenas do interesse de uma base aliada, sem qualquer conexão com os resultados, sem qualquer conexão com as demandas da sociedade brasileira. E trocarei a metade desses ministérios por uma secretaria extraordinária que, em um primeiro momento, vai apresentar um projeto de simplificação do sistema tributário para, em um momento seguinte, abrirmos espaço para que possa haver uma desoneração, possa haver uma diminuição da carga tributária horizontal para toda a economia.

Disse ontem em São Paulo, repito aqui em Alagoas, vamos decretar uma guerra total ao Custo Brasil. Hoje, a perda de competitividade de  quem produz no Brasil é crescente. É preciso que, do ponto de vista da logística, do ponto de vista da carga tributária, atuemos de forma conjunta para que quem investe, quem produz no Brasil, possa ter competitividade, para avançar mais, gerando mais renda e mais emprego. Mas sempre com um olhar muito claro, um olhar direto nessa região.

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