Aécio Neves – Entrevista coletiva sobre o afastamento da presidente

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quinta-feira (12/05), em Brasília. Aécio falou sobre o afastamento da presidente Dilma Rousseff, votação no Senado, STF e governo Temer.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Qual a sua avaliação sobre esse resultado?

Não é um dia de comemorações. É um dia apenas da reafirmação da nossa Constituição, dos nossos valores democráticos. Com muita serenidade, o Brasil tem que começar a trabalhar para construir essa nova página de sua história. O que se fez até aqui foi estabelecer limites para a ação presidencial. E eu não tenho dúvidas de que o Brasil terá uma nova chance. E é preciso que todos nós nos unamos, todos nós possamos dar nossa contribuição para que essa nova página seja escrita. Repito: não é motivo de comemoração para ninguém a interrupção de um mandato de quem quer que seja. Mas prevalece aqui, acho eu, no Brasil uma regra basilar, que deve orientar, inclusive, a ação de futuros governantes: a lei vale para todos.


O número de 55 votos facilita para a presidente sair depois?

Eu acho que é uma sinalização positiva do ponto de vista do novo governo, que já assume com perspectivas de que não será apenas um governo temporário. Ele deverá concluir o mandato da presidente da República. Espero que o vice-presidente Michel Temer possa constituir o seu governo e as medidas que vão orientá-lo da melhor forma possível para que já hoje mesmo o Brasil perceba que há uma nova fase se iniciando. O governo precisa assumir e, mais do que isso, apresentar ao Congresso um conjunto de propostas e de reformas que possibilitem o início desse novo tempo.


O que significam esses 55 votos?

Costumo dizer que não foi a oposição que derrubou a presidente da República. E essa votação é a demonstração de que a sociedade brasileira se fez ouvir pelo Congresso Nacional. Essa votação é uma tranquilidade para o próximo governo, sem dúvida alguma.


Sobre o afastamento da presidente Dilma.

Hoje não é um dia de comemorações para ninguém, apenas o que estamos assistindo é a reafirmação dos nossos valores democráticos e da nossa Constituição. Foi cumprida a Constituição do Brasil, que estabelece limites para a ação do governante. O sistema presidencialista, ele funciona com pesos e contrapesos. O presidente pode muito, mas não pode tudo e as regras contidas na Constituição foram cumpridas a partir de um rito estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal e o Brasil passa a ter uma nova chance de reescrever uma nova história.

O que esperamos é que o governo que agora assume, com base no que determina a Constituição, se coloque à altura das expectativas e dos enormes desafios do país. Um governo enxuto, um governo efetivo do ponto de vista das propostas que venha a apresentar e que já hoje, no máximo amanhã, apresente ao Congresso Nacional um conjunto de medidas que sinalize de forma clara para o início de uma nova fase na história do Brasil.

Nós, congressistas, somos guardiães da Constituição, e tanto a Câmara quanto o Senado da República, cumpriram com o seu papel.


Sobre a decisão do ministro Gilmar Mendes.

É natural, e agradeço isso, porque me dará a oportunidade de provar o absurdo dessas denúncias, como já ocorreu no passado com as mesmas denúncias que foram arquivadas pelo menos duas vezes.


O sr falou em reformas urgentes. Que agenda é essa?

Tenho dito ao vice-presidente Michel Temer que a contribuição que o PSDB poderá dar a esse governo é ajuda-lo a aprovar propostas estruturantes, seja no campo da reforma política, seja no campo trabalhista, no campo tributário e da própria reforma do Estado.

Existe espaço, por exemplo, para uma modernização urgente do nosso sistema tributário, que estimule as empresas a voltar a investir e a voltar a empregar. Eu acredito muito na sinalização, uma nova sinalização que poderá ser dada a partir desse novo governo. O vice-presidente Michel Temer terá uma grande chance, mas não pode errar, e terá o PSDB ao seu lado, para ajudar o Brasil a minimizar os danos causados pelos sucessivos governos do PT.

Ele não pode, agora, nessa interinidade, assistir da janela o decorrer, o desenrolar desse processo. Ele tem que já assumir, como presidente que irá cumprir até o final de 2018 esse mandato, e certamente contará com apoio não só congressual, mas da sociedade brasileira, se estiver disposto, como acredito que estará, de fazer as grandes reformas que o Brasil aguarda.

Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on Google+