Aécio Neves – Entrevista coletiva sobre a Carta do PSDB para o Brasil

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (03/05), em Brasília. Aécio falou sobre a reunião executiva do PSDB, governo Michel Temer, apoio do PSDB, agenda para o país, cargos federais e Parlamentarismo.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre a reunião da Executiva e governadores.

Tivemos uma reunião histórica da Executiva Nacional do PSDB com a presença de todos os membros e, inclusive, de todos os governadores do partido. Levarei agora o documento aprovado nessa Comissão ao vice-presidente da República Michel Temer. Essa é a contribuição efetiva que o PSDB pretende dar a esse governo de emergência nacional, a esse governo de transição. Falamos de princípios, falamos de valores e falamos de propostas. Esse é o consenso em relação ao PSDB: o presidente Michel Temer deve ter absoluta liberdade para construir um governo e apresentar à nação um governo de altíssimo nível, um governo capaz de enfrentar as enormes dificuldades que o Brasil tem hoje. E quero, em nome dos governadores com os quais me reuni pela manhã, em nome da Executiva Nacional, reiterar que a posição do PSDB é de não indicar nomes para o governo. Vamos deixar o presidente à vontade, estamos vendo as pressões que ele vem recebendo de várias forças políticas, mas o único alerta que fica: é preciso que o governo Michel Temer, em assumindo, seja um governo que tenha a credibilidade e a capacidade de liderar as mudanças que o Brasil aguarda. O PSDB reitera, por decisão de sua comissão Executiva e do conjunto de seus governadores, não indicará nomes para o governo.


E se forem chamados?

A posição nossa é de não indicar nomes. Se ele, do ponto de vista pessoal, quiser buscar no partido nomes terá a liberdade para fazer. O partido não vai criar dificuldades, mas o apoio que é convergente dentro do PSDB é a uma proposta, a um programa. E realmente nos preocupamos com as notícias que hoje já são públicas da forma pela qual o governo está sendo constituído. Temos o receio que este governo se pareça muito com aquele que está terminando seus dias. Confiamos no presidente Michel, na sua capacidade de dar o Brasil de novo esperança, mas a convergência que nós conseguimos construir em torno do PSDB e enfatizada pela unanimidade dos governadores que aqui hoje estiveram presentes é de que o PSDB prefere não participar com cargos no governo, e sim da agenda parlamentar, porque essa na verdade é que possibilitará a retirada do Brasil da crise.


Por que está ficando com cara do governo passado?

As notícias são públicas, vocês mesmo as divulgam. Há uma preocupação em relação à capacidade de termos um governo que possa ter a liderança que o Brasil aguarda. Os governadores têm uma preocupação que não é com cargos, é com a questão federativa. Os governadores defendem uma agenda, uma agenda efetiva de reequilíbrio da Federação, de solução dos impasses, alguns, inclusive hoje, no Supremo Tribunal Federal que diz respeito a indexadores de dívidas.

Então, essa é a agenda que nos preocupa, essa é a agenda que para nós prioritária. Queremos num segundo momento ter uma conversa com o governo Temer, com a área econômica em torno da questão federativa, em torno de medidas que possibilitem a aprovação de reformas que sinalizem para retomada do crescimento do emprego no país. Não estaríamos contribuindo nesse instante para esse objetivo se tivéssemos aqui nos dedicando a distribuir cargos ou apresentar nomes. O presidente Michel, repito o que já disse outras vezes, terá a liberdade para buscar no Brasil aqueles nomes que ele considere os mais qualificados para ajudá-los na sua ação de governo. Se buscar nomes do PSDB, isso será respeitado, mas a nossa ação, o nosso apoio, a nossa solidariedade independe da participação de um nome sequer do PSDB no governo. Sou o porta-voz desse sentimento que é de todo o partido.


Essa crítica também é ao vice-presidente Temer?

Essa preocupação eu já fiz chegar a alguns dos seus interlocutores e colhi hoje com muita ênfase na reunião que tivemos pela manhã com os governadores. Está aqui o governador Beto Richa, que, em nome dos governadores, pode também e acho que seria importante que desse a sua palavra. Na verdade, eu não expresso aqui apenas um sentimento pessoal, trago um sentimento coletivo. O líder Imbassahy e o líder Cássio Cunha Lima me acompanharão nesse encontro agora com o presidente Michel para deixá-lo absolutamente à vontade para montar o seu governo, vamos dizer as nossas expectativas de que seja um governo à altura dos desafios do país e a nossa contribuição é deixá-lo livre. Vamos dar a ele agenda que aqui foi aprovada hoje, mas não vamos indicar a ele quaisquer nomes.


É desejo do PSDB promover o Parlamentarismo?

O Parlamentarismo é para nós quase que uma cláusula pétrea no nosso programa. O que nós apontamos nessas discussões é que é preciso que algumas reformas no campo político ocorram para que o Parlamentarismo possa voltar efetivamente a ser discutido. Entre elas, uma cláusula de barreira que diminua esse número obsceno de 25 partidos políticos na Câmara e outros a caminho. O voto distrital misto, que aproxima de forma efetiva o eleitor do seu candidato, o eleitor do eleito. E também o fim da coligação proporcional, que é uma forma indireta também de diminuir o quadro partidário. Feito isso, acho que nós teremos as bases necessárias para voltar a discutir a implementação do Parlamentarismo no país.


Houve mudança na agenda que o partido havia proposto?

Desde ontem eu dizia que aquela era uma agenda prévia. Os principais pontos estão ali e não mudaram, mas hoje na reunião da Executiva alguns aprimoramentos foram feitos. E eles serão levados ao vice-presidente da República. Há uma referência à necessidade de, obviamente, com o tempo de transição, de entrarmos na questão previdenciária. Uma questão afeita às políticas para as mulheres foi adequadamente no texto hoje introduzido. E algumas correções semânticas que não mudam o núcleo, o conteúdo do texto.

A questão política, não diria nova, mas é um avanço em relação às conversas dos últimos dias que, repito, colhi isso de forma muito enfática na reunião com todos os governadores do PSDB, que são algumas das figuras mais expressivas do partido, são a cara do partido, são eles que falam em nome do partido nas suas respectivas regiões, é que todos estariam mais confortáveis em apoiar uma agenda parlamentar, uma agenda congressual, do que indicar nomes.

Querem sim, respeito à Federação, um tratamento republicano a cada um dos entes federados. É isso que esperam todos os governadores do partido. Vamos deixar o presidente para que faça as composições que achar mais adequado.

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