Aécio Neves – Entrevista Coletiva

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (09/08), em Brasília, sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Com o gesto do PSDB de abrir mão de cada senador se manifestar nessa etapa para que, o mais rapidamente possível, o Brasil se dê uma nova chance. O que queremos é que esse processo se encerre. O Brasil precisa disso. Essa instabilidade, essa incerteza, tem efeito na vida das pessoas, no recuo dos investimentos por parte das empresas, em consequência na geração de empregos. Há, na verdade, sempre uma grande inquietude em relação ao futuro do país.

O encerramento desse processo se impõe como uma etapa absolutamente fundamental para o Brasil reencontrar-se com a esperança, com a expectativa de futuro. Cada um votará conforme suas convicções, sua confiança e fiquei muito honrado dos senadores do PSDB – até mesmo pela agilidade do processo – declinarem de se manifestar. Vão deixar para se manifestar na última etapa. E todos votaremos com o relatório do senador Anastasia, pela sua consistência, pela sua clareza e, principalmente, porque ele defende a democracia. O que estamos fazendo, ao contrário do que os atuais oposicionistas dizem, o que estamos fazendo ao votar favoravelmente ao afastamento da presidente da República, é defender a Constituição. O que estamos dizendo é que nenhum brasileiro está acima da lei, em especial, aquele que deveria dar o exemplo que é o presidente da República. E a sanção que é a previsão de afastamento da presidente da República, não é uma invenção do PSDB ou das oposições à presidente Dilma. É uma determinação da Constituição. Porque, na verdade, a outra alternativa seria dizer o seguinte: não, para a presidente da República, vamos criar um salvo-conduto. Ela pode cometer qualquer tipo de ilegalidade, principalmente para vencer as eleições, e que depois tudo se apaga com o tempo. Não, o Brasil está escrevendo uma etapa fundamental na sua vida e que será registrada pelas gerações futuras. Aqueles que descumprem o que determina a Lei Orçamentária, aqueles que governando descumprem a Lei de Responsabilidade Fiscal deverão sofrer as sanções previstas na Constituição.

Por isso, hoje haverá, a meu ver, a admissibilidade definitiva do processo e acredito eu até o final desse mês de agosto, o Brasil afastará definitivamente através dos seus representantes do Senado a presidente da República e se dará uma nova chance.


Sobre a decisão de encerrar a sessão hoje e retomar amanhã.

A nossa ação foi, na verdade, uma consequência da preocupação em que esta sessão entrasse madrugada adentro. A proposta que eu fiz em não encerrando hoje a sessão retomaríamos amanhã de manhã. E começaram a haver reações a esta proposta. Alguns setores queriam entrar para a madrugada. E os senadores do PSDB, de forma absolutamente espontânea, resolveram fazer um gesto político. Demonstrar que já têm o conhecimento a partir do texto do relatório do senador Anastasia em relação ao cometimento de crime por parte da senhora presidente da República e, portanto, o que levará ao seu afastamento e tive a honra de poder externar esse sentimento em nome desses senadores.

Porque, de um lado, o crime leva a esse processo e ao afastamento da presidente, mas esse crime cometido por ela levou a algo muito mais danoso, muito mais perverso, que é o desemprego crescendo no Brasil, a nossa perda de capacidade de competição, nossa perda de grau de investimento, as empresas fechando no Brasil, nossas empresas estatais deterioradas, assaltadas por esse grupo político.

Então, as pessoas perguntam muito: o que esse processo de impeachment tem a ver com a vida das pessoas? Tem a ver que a irresponsabilidade fiscal, a ocupação partidária das nossas empresas públicas, levaram o Brasil à maior crise econômica e social da sua história. Estamos dizendo que quem cometeu esse crime deve ter sanção e essa que é prevista na Constituição, que é o afastamento definitivo da presidência da República.


Os partidos que defendem a presidente Dilma insistem em uma investigação em torno do presidente em exercício Michel Temer, como o sr. analisa isso?

Uma questão não tem nada a ver com a outra. Não estamos aqui elegendo o presidente Michel Temer. Estamos cumprindo a Constituição. Investigações terão que haver sobre qualquer denúncia minimamente consistente que surjam. Não sei nem se já surgiu. O que estamos fazendo aqui é cumprindo a Constituição.

Houve a constatação, depois de inúmeros depoimentos, perícias, aprovado pela maioria da Comissão do Impeachment, de que a presidente da República cometeu crime. Está constatado. A maioria dos senadores compreende que houve cometimento de crime. Temos duas opções: pune-se o crime ou não se pune o crime? Defendemos que se puna o crime.

Aqueles que defendem a presidente Dilma querem criar um salvo-conduto, como se a presidente pudesse, principalmente em período eleitoral, fazer o que fez e continuar a fazer no ano seguinte.

Acho que é uma grande lição de democracia. Nós, ao contrário do que dizem os liderados da presidente da República, estamos defendendo a Constituição. Porque tudo isso vai passar. Esse processo vai terminar. Depois vamos ter outra eleição em 2018, mas o que vai ficar claro para qualquer governante, os de agora e os do futuro, é que: ou cumpre-se a lei ou é penalizado por isso.

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