Aécio Neves e Geraldo Alckmin – Entrevista durante a XII Convenção Nacional

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, concederam entrevista coletiva, neste domingo (05/07), em Brasília, durante a XII Convenção Nacional do partido. Eles conversaram sobre o evento, governo Dilma Rousseff e futuro do Brasil.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Essa XII Convenção Nacional do PSDB talvez seja a mais importante dos nossos 27 anos de fundação. Só comparada àquela que lançou a candidatura de Fernando Henrique Cardoso como Presidente da República.  Mas como já se passaram 27 anos da nossa fundação essa talvez seja ainda mais relevante, pois mostra um partido revigorado e claramente sintonizado com setores importantes da vida nacional. É um partido que está atento às expectativas e esperanças de milhões de brasileiros.

Continuamos a ser minoria na Câmara e Senado e temos cumprido o nosso papel, a meu ver, da forma mais correta possível. Somos já maioria no amplo seio da população Brasileira. Então hoje nós nos encontramos com as principais lideranças do PSDB e militância de todas as regiões do país. É uma festa aqui que por um lado, representa uma oportunidade de agradecer o apoio que eu tive dos companheiros ao longo da última campanha eleitoral. Mas é também um momento de registrarmos, e faço isso com grande alegria ao lado do governador Geraldo Alckmin, o compromisso e responsabilidade com o Brasil.

Dizia que essa Convenção acontece em um momento extraordinário. Estamos em sintonia com a sociedade brasileira e a expectativa de tantos brasileiros que hoje se frustraram e demonstram a sua indignação em relação ao que vem acontecendo no país. Portanto, o PSDB é um partido renovado no seu espírito e força estando cada vez mais qualificado nos seus quadros. Por isso eu agradeço imensamente o apoio que tive dos companheiros e os homenageio na figura do governador Geraldo Alckmin, para que o PSDB cumpra com o seu destino porque mais cedo ou mais tarde vai caber ao PSDB corrigir os equívocos desse governo e limpar essa verdadeira lambança que o PT fez na vida nacional.

 

Numa eventual decisão do TSE de afastar a presidente, o PSDB está conversando com o PMDB sobre a governabilidade e formação de uma base?

Tenho visto muitas notícias nos jornais. Da minha parte não tive qualquer conversa, pois o desfecho desse processo, se é que ele vai haver e parece que se aproxima, não depende do PSDB. O partido, como disse o governador Geraldo e o presidente Fernando Henrique, tem que estar pronto e nós estamos prontos para assumir a nossa responsabilidade qualquer que seja. Isso depende muito mais dos tribunais e da mobilização da sociedade brasileira do que, especificamente, do PSDB.  Mas o sentimento que eu tenho, e falo em meu nome, é que nós já não temos mais um governo no país.

A presidente depois de terceirizar a condução da economia para alguém com quem ela não mantinha do ponto de vista do seu pensamento, da formulação macroeconômica qualquer identidade, depois de transferir a coordenação política para o seu vice – que foi por ela desprezado durante os seus primeiros 4 anos – nós estamos  vemos que não existe mais um governo no Brasil.  A pauta é construída pelo Congresso Nacional, o Judiciário faz felizmente o seu papel e isso é muito relevante, as instituições no Brasil funcionam e funcionam muito bem e nosso papel é não permitir que elas sejam atacadas ou constrangidas.

O desfecho – a meu ver – dependerá muito mais dessas instituições, da força dessas instituições, Ministério Público, Tribunal de Contas, Tribunal Eleitoral, Poder judiciário, como um todo.

 

Sobre a convenção do PSDB.

Eu acho que hoje, também, foi a consagração definitiva da nossa unidade e do nosso projeto. É muito bom você depois de 27 anos de existência –  desde a sua fundação – o PSDB poder olhar nos olhos dos brasileiros com muito orgulho do seu passado, porque o passado, a estória, ninguém altera, ela está aí escrita e nós temos um orgulho enorme da nossa estória. O futuro, aí sim nós podemos construir e com a nossa unidade para desencanto e desalento  daqueles que torcem contra, será o instrumento mais valioso para nós, como diz, encerramos a esse ciclo de governo que aí está e é isso que quer a grande maioria dos brasileiros iniciarmos um outro.

Não existe um partido político hoje no Brasil mais pronto e preparado para conduzir o destino desse país, e mais rapidamente possível corrigir os equívocos desse governo, do que o PSDB. A nossa unidade e a nossa coragem para enfrentar os desafios serão as duas palavras mágicas que vão nos acompanhar daqui até o desfecho de todo este processo.

 

Sobre o fim do governo Dilma.

Não cabe ao PSDB antecipar a saída de presidente da República. Não somos golpistas. O que existe hoje é uma ausência de governo. E se a presidente não assume as suas responsabilidades, se ela as terceiriza, cada vez mais este sentimento de vácuo vai grassando, vai se espalhando pela sociedade brasileira.

O que vejo, curiosamente, é que alguns partidos que hoje apoiam o governo têm esse sentimento até mais aflorado do que o nosso. É preciso que a presidente tome as rédeas, se é que ela ainda tem condições de fazer isso, porque senão, não teremos o desfecho de 2018. Ele poderá ser antecipado, mas repito: não por ação do PSDB, mas pelas inúmeras frentes que a presidente criou, descumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal, fraudando a prestação de contas, utilizando, segundo os últimos depoimentos de delatores, dinheiro da propina na sua campanha eleitoral. Isso está em uma das delações mais recentes. Cabe a ela explicar porque no Brasil, e aí vamos estar mais vigilantes, a lei tem de valer para todos.

 

Governador Geraldo Alckmin – Quero cumprimentar o Aécio reeleito presidente nacional do nosso partido. O que eu havia dito é que o PT chegou ao fundo do poço.  Que cabe a nós não deixar que o Brasil seja carregado por eles. Temos que lutar, trabalhar, para ajudar a população brasileira, especialmente aqueles que mais precisam, e ajudar a questão do emprego que absolutamente prioritária. O país está perdendo perto de 160 mil empregos por mês. Podemos chegar ao fim do ano com mais de 700 mil pessoas desempregadas. O nosso foco deve ser que a conta dessa destruição da economia e da contabilidade federal não seja paga pelos trabalhadores e pela população mais pobre.

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