O senador Aécio Neves lamentou hoje o novo rebaixamento do grau de investimento do Brasil pela agência Moodys, que retirou o selo de bom pagador do país. Em entrevista coletiva, em Brasília, o presidente nacional do PSDB disse que a perda de credibilidade do Brasil frente aos investidores internacionais agrava a crise econômica com maiores prejuízos para a população, com a redução de investimentos e de empregos.
“O Brasil prova o gosto amargo dos equívocos e das irresponsabilidades de um governo que não atendeu a nenhum dos alertas que foram feitos. A responsabilidade por este rebaixamento não é de nenhuma crise internacional, até porque ela não existe. É exclusivamente das irresponsabilidades e dos equívocos do governo brasileiro”, afirmou Aécio.
Com a retirada do selo de bom pagador, a nota do país caiu dois degraus de uma vez, passando para Ba2, que é a categoria de especulação. A Moodys também colocou o Brasil em perspectiva negativa, indicando que poderá ocorrer novo rebaixamento.
“A falta perspectiva futura talvez tenha sido o ponto mais grave para mais este rebaixamento. O Brasil não tem perspectivas enquanto este governo não tiver um projeto de país. O projeto hoje da presidente Dilma é única e exclusivamente se manter no poder. E as agências percebem isso. As agências sinalizam hoje aquilo que a perspectiva de futuro nos apresenta. Não temos futuro com este governo do PT”, afirmou Aécio.
A conta do desgoverno do PT
As agências Standard & Poor’s e Fitch já haviam rebaixado o país. A perda do selo de bom pagador sinaliza para os empresários que o Brasil não é um porto seguro para investimento. Aécio Neves lembrou os alertas feitos ao governo pela oposição e por diferentes setores da sociedade sobre os erros cometidos na condução da política econômica desde 2010.
“Quem sofre é a população brasileira, e principalmente os mais pobres. Aqueles que o governo do PT diz defender são os primeiros a pagar essa conta extremamente salgada dos equívocos e das irresponsabilidades de um governo que, para se manter no poder, fez ouvido de mercador a todos os alertas de correção de rumo na economia. Para ganhar as eleições, como a própria presidente disse, fez-se o diabo. E hoje, infelizmente, quem está comendo o pão que o diabo amassou são os brasileiros, principalmente os mais pobres”, lamentou Aécio.
Na avaliação do presidente do PSDB, a falta de empenho do governo do PT com as reformas estruturantes necessárias ao país, como a da Previdência, e a incapacidade de controlar os gastos públicos sinalizam para o mundo que a crise brasileira ainda está longe de ser superada.
“As reformas estruturantes em um país com o presidencialismo tão forte como o brasileiro só ocorrem se o governo tiver autoridade para conduzi-las. Em primeiro lugar, mobilizando sua base no Congresso e nós não temos mais isso no Brasil. Este governo não apresenta mais perspectivas de apresentar e aprovar uma agenda no Congresso Nacional”, disse Aécio Neves.
Argentina
O senador comparou a situação do Brasil com a da Argentina, onde a eleição de Maurício Macri à Casa Rosada criou um novo e positivo ambiente econômico.
“Veja o que aconteceu na Argentina. As medidas estruturantes ainda não ocorreram, mas a perspectiva de um futuro diferente daquele que vinha ocorrendo até o fim do governo Kirchner já mudou o ambiente. Os investimentos estão indo para lá. Brasileiros estão querendo novamente investir na Argentina, e no Brasil ocorre o oposto”, comparou.