Aécio propõe que carteira de identidade informe sobre doação de órgãos

Projeto de lei do deputado federal Aécio Neves torna obrigatório toda pessoa informar na Carteira de Identidade ou na Carteira Nacional de Habilitação a opção sobre doação de órgãos e de tecidos após a morte.

A proposta de lei foi protocolada na Câmara dos Deputados e prevê que o doador, ou não doador, tenha em seus documentos pessoais sua opção gravada de forma indelével e inviolável.

O projeto de Aécio não altera a exigência da lei atual (Lei nº 9.434/1997) que estabelece que a doação só deve ser concluída com o consentimento final da família e após autorização de uma equipe médica especializada da Central Nacional de Transplantes.

“É legítimo que toda pessoa possa manifestar em vida sobre sua opção de ser um doador de órgãos. A legislação atual delega para a família essa decisão, muitas vezes tomada em momentos de forte emoção e de difíceis condições de escolha. O objetivo do projeto é fazer com que prevaleça a vontade da pessoa, respeitadas também todas as garantias médicas e jurídicas já estabelecidas na legislação em vigor”, afirma o deputado.

A proposta de Aécio não altera a legislação que delega exclusivamente ao Sistema Nacional de Transplantes a atribuição por todo processo de doação, retirada, distribuição e transplante do órgão, tecido, células e partes do corpo humano.

Uma vez constatada a morte encefálica e a doação autorizada pela família, hospitais e unidades de saúde precisam acionar a Central Nacional de Transplantes. Compete às equipes da Central organizar e coordenar a doação e o transplante, assim como definir quem deve receber a doação.

“Apesar dos avanços e do aumento das discussões sobre o tema, a doação de órgãos ainda enfrenta desafios significativos no Brasil, incluindo uma alta taxa de recusa familiar. Os motivos apontados em pesquisa da Universidade Federal de São Paulo são a incompreensão sobre a morte encefálica e a falta de preparo nas instituições para comunicar a morte, além de questões religiosas”, informa a justificativa do projeto de lei.

A nova Carteira de Identidade já oferece, no verso, a possibilidade de a pessoa informar que deseja doar seus órgãos após a morte. Para isso, a opção deve ser incluída ao fazer o pedido do novo documento.

Fila de espera

De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 66 mil pessoas aguardam na fila de espera para transplante de órgãos no Brasil. Cerca de 20 mil transplantes são realizados anualmente pelo SUS e pela rede privada.

No primeiro semestre deste ano, o país registrou 1,9 mil doadores efetivos de órgãos segundo o Sistema Nacional de Transplantes (SNT). O número é 16% superior ao contabilizado no mesmo período de 2022 e o maior dos últimos 10 anos. Com o avanço, foi possível a realização de mais de 4,3 mil transplantes no primeiro semestre. Nesse mesmo período, foram identificados 6.793 pacientes como potenciais doadores, mas apenas cerca de 30% foram de fato realizados.

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