Aécio Neves rebate direção da Petrobras

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) rebateu, na noite dessa quarta-feira (13/03), no plenário do Senado, as respostas dadas pela direção da Petrobras às críticas recebidas durante seminário realizado ontem, pelo PSDB, sobre a má gestão da empresa.

Aécio Neves destacou que a direção da Petrobras confirmou vários dos problemas apontados pelo PSDB, como a perda da autosuficiência do Brasil em combustíveis e o aumento da importação de gasolina e outros derivados de petróleo, e a perda do valor de mercado da estatal em mais de 40%.

Aécio Neves voltou a denunciar o aparelhamento da Petrobras pelo PT e destacou os bons resultados obtidos pela empresa durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Seguem os principais trechos do pronunciamento do senador Aécio Neves.

“Registro meu respeito pessoal pela presidente (da Petrobras), Graça Foster, mas não gostaria de estar na pele dela. Essa sim recebeu uma herança maldita de seus antecessores, que começa com o aparelhamento da empresa, passa por sua absoluta ineficiência e também pelos equívocos no momento da mudança do modelo de concessões para o modelo de partilha, que estagnou a produção nacional”.

Resposta oficial

“Confesso que me senti honrado ao chegar ontem ao meu gabinete menos de uma hora depois da minha manifestação e receber pela imprensa um documento da Presidência da Petrobras, respondendo a cada uma das indagações que fazíamos. Em primeiro lugar, pela presteza com que a Petrobras se julgou no dever, e acho extremamente positivo, de explicar alguns dos atropelos pelos quais ela passa”.

“Vou me ater a algumas das considerações que faz a diretoria da Petrobras. Nenhuma delas contesta as afirmações que fizemos. Em primeiro lugar, falava do mito da autossuficiência, dizia que era uma ilusão. A Petrobras admite, nesse documento formal, de que somente a partir de 2014 a produção de petróleo voltará a atingir a autossuficiência”.

“Um dado me chamou muito a atenção. O item dois do documento da Petrobras me corrige. Não, a Petrobras não perdeu 47% de seu valor de mercado como havia afirmado. Diz a Petrobras que perdeu “só” 41,2% do seu valor. E fica por aí a explicação, se isso fosse algo compreensível”.

“Em um dos itens da resposta, em relação às ações com perdas muito grandes, [a cartilha diz:] queremos afirmar que ao longo do tempo essas perdas vão ser recuperadas. Tomara! Mas isso só poderá ocorrer no momento em que ela tiver uma gestão correta, com visão clara de mercado e deixar de ser um instrumento de política partidária do governo”.

Presidente Dilma

“Nunca achei adequado que a ministra-chefe da Casa Civil fosse a presidente do Conselho da Petrobras. Em determinados momentos, os interesses do governo podem sim ser conflitantes com os da empresa. E menos adequado ainda que o ministro da Fazenda seja hoje presidente de seu Conselho. Muitos desatinos, como a aquisição da refinaria de Pasadena (EUA), e sobre ela nada no documento da Petrobras, se deu quando a presidente do Conselho de Administração era a hoje presidente da República. Não que eu possa dizer que ela tem responsabilidade direta sobre isso, mas há um permanente conflito de interesses quando um ministro ocupa a Presidência do Conselho que trouxe prejuízos muito graves”.

Governo FHC

“No governo do ex-presidente Fernando Henrique foi estabelecido o sistema de concessões. Exatamente esse sistema de concessões, depois substituído pelo de partilhas, é que possibilitou que mais de 70 empresas estrangeiras viessem atuar no Brasil, trazendo renda e empregos. Possibilitou que a produção aumentasse de 800 mil para 2 milhões de barris/dia e que está estagnada até hoje. Possibilitou o aumento no valor das ações da Petrobras, naquele período das concessões, em mais de 1.000%. O governo do presidente Fernando Henrique Cardoso permitiu à Petrobras a autossuficiência na produção e mais do que isso, respeito e credibilidade internacional”.

Ecopetrol

“A petroleira colombiana [Ecopetrol] copiou o sistema de concessões do Brasil e não esconde isso. Sistema de concessões com uma agência reguladora forte. Ela [petroleira colombiana] ganhou, nos últimos 10 anos, 180% de valor e ultrapassou a Petrobras que perdeu mais 40% do seu valor”.

“A insegurança, hoje, traz um custo adicional à Petrobras. Os financiamentos, aporte de recursos, que ela precisará para participar da exploração dos campos no atual sistema de partilha, serão cada vez mais onerosos. Exatamente pela perda de credibilidade da companhia”.

“Esse é o papel da oposição, que além de criticar, vai, daqui por diante, apresentar, de forma muito clara, propostas, caminhos novos para que o Brasil seja um país livre de miséria. Não por decreto, mas por uma ação eficaz do governo na educação, no saneamento, saúde pública e, obviamente, garantindo um crescimento econômico para que não repitamos o medíocre crescimento dos últimos anos”.

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