Aécio Neves critica violação dos direitos humanos na Venezuela e silêncio do governo Dilma

O senador afirmou que espera do Senado um posicionamento contrário às ações do governo de Nicolás Maduro

Foto : George Gianni

O senador Aécio Neves qualificou como “inaceitável e vergonhosa” a postura do governo de Dilma Rousseff diante dos últimos episódios  de autoritarismo na Venezuela, como a prisão do prefeito de Caracas, o opositor Antonio Ledezma. Aécio afirmou que espera do Senado um posicionamento contrário às ações do governo de Nicolás Maduro, e sugeriu a criação de uma comissão de parlamentares para apurar as graves ocorrências no país vizinho. Aécio falou sobre o tema durante pronunciamento, nesta terça-feira (24/02) no Senado, em Brasília.

“A presidente Dilma não pode esconder-se, sob o princípio de não interferência nos assuntos internos de outro país, para deixar de agir”, apontou o presidente do PSDB.

Na avaliação de Aécio, a omissão do Brasil pode deixar o país como um cúmplice da escalada de autoritarismo registrada no país. “Não será de se estranhar se, em breve, ocorrer um banho de sangue na Venezuela, perpetrado pelo Estado contra seus cidadãos. A omissão brasileira nos tornará cúmplices daquilo que eventualmente ocorrer na Venezuela”, afirmou.

Aécio lembrou que o Protocolo de Ushuaia, assinado pelos países integrantes do Mercosul, exige dos membros do bloco uma manifestação de repúdio às ações antidemocráticas.

O senador destacou que o PSDB foi contrário à entrada da Venezuela no Mercosul, em 2009, por identificar já naquela ocasião violações aos direitos humanos por parte do regime de Hugo Chavez.

E acrescentou que a manifestação atual do PSDB de repúdio às ocorrências na Venezuela “não são de solidariedade à oposição, a este ou àquele partido, e sim àquilo que a nós é mais caro – as liberdades democráticas”.

 

Ação do parlamento

Aécio disse que a omissão do governo Dilma deve ser respondida pelos senadores brasileiros com um posicionamento firme de contestação às ações de Nicolás Maduro.

“Já que o governo federal, mesmo instado por organismos internacionais, não tem até aqui se manifestado, é o momento de essa Casa, a casa da Federação brasileira, se manifestar de forma altiva, de forma clara, cobrando das autoridades venezuelanas o respeito aos princípios mais elementares da democracia”, disse.

 

Escalada do autoritarismo

Em seu pronunciamento, Aécio destacou que o prefeito Ledezma foi preso sem ordem judicial e lembrou outros episódios que, na sua avaliação, configuram a escalada do autoritarismo em curso na Venezuela.

“As principais lideranças políticas da oposição têm sido sistematicamente perseguidas, impedidas de exercerem mandatos políticos, encarceradas e agredidas, de toda sorte, pelo aparato de estado oficial e extraoficial”, afirmou Aécio.

Entre os casos lembrados pelo presidente do PSDB, estão a detenção do líder oposicionista Leopoldo López, preso desde fevereiro do ano passado, e a perseguição sofrida pela deputada Maria Corina Machado.

Segundo Aécio, o governo de Nicolás Maduro utiliza o autoritarismo como mecanismo para encobrir as falhas de sua gestão.

“Incapaz de lidar com os graves problemas do dia-a-dia da gestão governamental, o presidente Maduro cria falsas tramas e golpes contra seu governo, tenta calar a oposição, cerceá-la e criminalizá-la, em escalada rumo a uma ditadura, cada vez mais sem disfarces”, afirmou.

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