Aécio diz que perda de autonomia da CGU será um ato criminoso

"Tirar o status ministerial da Controladoria é estimular a não apuração, a não investigação das inúmeras denúncias que recaem sobre o governo em todos os instantes", diz o senador

Foto : George Gianni

O senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, classificou como um retrocesso histórico a proposta da presidente Dilma Rousseff de retirar da Controladoria-Geral da União (CGU) a autonomia no trabalho de controle interno dos atos do governo e seus ministérios. A medida em estudo pela presidente da República dentro da reforma ministerial prevê a submissão da CGU a ministérios e, com isso, a perda de independência do órgão, que hoje fiscaliza e dá transparência a medidas tomadas pela presidência da República e ministros de Estado.

“O que a presidente está propondo em relação à Controladoria-Geral da União é algo criminoso. Ela se apropriou lá atrás de algo que foi criado no governo do presidente Fernando Henrique, chamada Corregedoria-Geral da União, depois transformada em Controladoria, que veio crescendo e se fortalecendo ao longo dos últimos anos. Ao tirar o status ministerial da Controladoria e ao submetê-la, como se anuncia, a dois ou três ministérios, o que significa fatiar esse importante órgão de controle é, na verdade, fazer o trabalho daqueles que não querem apuração alguma”, afirmou o senador Aécio Neves, em entrevista à imprensa, no Senado.

O senador avaliou que a decisão, caso seja confirmada, desmente o discurso feito pela presidente Dilma na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), anteontem, em Nova York, quando disse que o governo brasileiro não tolera a corrupção.

“O que a presidente consegue ao final dessa reforma é desqualificar ainda mais o governo e desmontar um importante órgão de controle, a CGU. No momento em que ela fica subordinada a ministros de Estado, a decisão não é mais técnica, passa a ser política. Vocês imaginem, por exemplo, o ministro da Justiça, se há uma denúncia em relação a um colega seu de ministério, e não falo aqui do atual ministro, e sim em qualquer situação ou em qualquer governo, ele vai ter autonomia ou independência para mandar fazer essa investigação? Não. Tirar o status ministerial da Controladoria é estimular a não apuração, a não investigação das inúmeras denúncias que recaem sobre o governo em todos os instantes”, afirmou Aécio.

Dilma e PT fazem do governo uma feira livre

Na entrevista, o presidente do PSDB reafirmou suas críticas à volta no governo do PT da negociação de ministérios em troca de votos dos partidos no Congresso. Para Aécio, a presidente Dilma erra novamente ao transformar o governo numa feira livre com oferta de cargos federais.

“A forma como a presidente da República está distribuindo nacos de poder, como numa feira livre, distribuindo para quem der a melhor oferta, áreas de tamanha relevância para a vida dos brasileiros, como o Ministério da Saúde, sendo trocado por 20, 30 votos, o Ministério da Infraestrutura por outros 10 votos, é a negação de tudo que o Brasil precisava estar vivendo. Essa reforma ministerial, pelo que se anuncia, terá como resultado a entrega de áreas importantes do governo em troca de alguns votos no Congresso Nacional”, criticou Aécio.

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