A presidente Dilma não governa mais o Brasil, diz Aécio após a presidente da República transferir para seu vice a condução política do governo

O senador afirmou que a presidente introduziu algo novo na vida política do Brasil: a renúncia branca

Foto : George Gianni

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira (08/04), que a presidente Dilma Rousseff não governa mais o Brasil. Ao falar com jornalistas sobre a troca de comando na articulação política do governo com o Congresso, o senador afirmou que a presidente introduziu algo novo na vida política do Brasil: a renúncia branca.

Para Aécio, a decisão de transferir a responsabilidade da articulação política do governo para o vice-presidente Michel Temer (PMDB) é mais uma prova da falta de autoridade da presidente da República, que já transferiu a condução da economia para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e, também perdeu a capacidade de diálogo com os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.

“Há hoje um interventor na economia, que pratica tudo aquilo que a presidente combateu ao longo de todo o seu primeiro mandato. Agora, ela delega a coordenação política ao vice-presidente da República a quem ela desprezou durante todo o seu primeiro mandato. Já é hoje refém das presidências da Câmara e do Senado na condução da agenda legislativa. E a grande pergunta que resta é: que papel desempenha hoje a presidente da República? Acredito que praticamente nenhum mais. O que assistimos a partir desta decisão da presidente é uma renúncia branca. Hoje, quem governa o Brasil não é mais a presidente Dilma”, disse o senador Aécio Neves.

 

Fraude política

Ele avaliou que a fragilização da presidente da República é resultado, entre outros fatores, das promessas feitas à população e que não foram cumpridas, dos desvios e da corrupção ocorridos na esfera federal e dos repetidos erros cometidos na condução da política econômica.

“O PT se transformou na maior fraude da história política recente do Brasil. Nada do que se disse durante a campanha eleitoral se sustenta agora. Aquilo que traz a meu ver maior indignação à sociedade brasileira, além da corrupção deslavada, casada com esta gravíssima crise econômica, é a sensação de engodo. Os brasileiros têm a sensação de que foram enganados pela presidente da República e esta é a razão maior da sua fragilização permanente”, afirmou Aécio.

O presidente do PSDB classificou o resultado do IPCA divulgado como o pior em 20 anos e disse que os mais pobres são hoje os principais atingidos pela alta dos preços e pelo crescimento do desemprego. No acumulado de 12 meses, o índice de inflação chegou a 8,13%, bem acima do teto da meta do governo.

“É o pior março de toda essa série, o que demonstra que aquilo que nós dizíamos durante a campanha eleitoral se confirma a cada dia. A inflação está sem controle. A inflação de alimentos já está acima de dois dígitos há muito tempo. Na verdade, os governos que têm esse viés populista, que se utilizam das massas ou da divisão de classes para se manterem no poder, acabam por prejudicar em primeiro lugar aqueles mesmos que eles dizem defender, porque os que sofrem de forma mais imediata os efeitos dessa crise que se agrava a cada dia são exatamente os que menos têm, que veem sua renda corroída pela inflação, que veem o desemprego aumentando no Brasil com perspectiva de crescimento negativo neste ano”, disse.

 

Protestos do dia 12

O senador também falou sobre os protestos contra o governo que estão sendo organizados por movimentos sociais para o próximo domingo. Aécio afirmou que o PSDB apoia as manifestações e incentiva a presença nas ruas de suas lideranças e militantes, mas que o partido não tem intenção de se apropriar dos protestos.

“Não importa o tamanho do movimento porque a indignação da população brasileira é cada vez maior. O PSDB, que não é dono desse movimento e nem deve ser, é absolutamente solidário a todas essas manifestações. E o que eu vejo é uma presença cada vez maior da nossa militância, dos nossos companheiros, dos nossos líderes, dos nossos dirigentes nesse movimento. Eu vou avaliar domingo se estarei presente”, afirmou.

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