A pandemia global da Covid-19 há mais de um ano deixou um rastro de destruição e de mortes, numa tragédia nunca antes vivida e na qual, infelizmente, hoje, o Brasil é o epicentro. A realidade mostra que, além das insubstituíveis vidas perdidas, a recessão econômica e o agravamento da desigualdade entre ricos e pobres serão outras tristes consequências desse difícil momento da nossa história. Some-se a isso as faces reais das tragédias do novo cotidiano: crianças e jovens sem poder frequentar escolas, mulheres mais expostas à violência, adultos sem renda para o sustento do dia seguinte.
Conter o avanço da nossa maior crise na saúde em cem anos é, portanto, medida necessária para salvar vidas e para interromper o grave retrocesso social que estamos enfrentando. Se todo o país está sofrendo, nada se compara ao sofrimento da nossa população mais vulnerável.
Como presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, defendo o debate sobre a quebra das patentes das vacinas, insumos e medicamentos de combate à Covid-19.
Trata-se de uma discussão que também ocorre fora do Brasil e que já foi feita em outros momentos da nossa história, mas nunca antes numa emergência de proporções tão amplas como a que vivemos.
O que proponho é a flexibilização temporária das patentes de vacinas, insumos e tecnologia de combate à Covid-19 para que possamos atender aos brasileiros numa crise humanitária de enorme proporção.
O único remédio realmente eficaz, hoje, para superarmos a corrida contra esse vírus altamente contagioso e letal é a vacinação em massa. E o tempo é elemento crucial para que possamos salvar vidas.
Quanto mais lento o ritmo da vacinação, mais janelas se abrirão para que as novas variantes do vírus impeçam o controle da pandemia.
Para vencermos esse desafio global, tendo em vista a limitada capacidade atual de produção de vacinas no mundo e a velocidade necessária de imunização para evitar o surgimento dessas novas variantes, os países precisam começar a produzir vacinas.
É preciso que o Brasil, de epicentro da pandemia, passe a liderar um acordo global, tendo a OMS e a OMC como polos desse consenso, para acelerarmos a produção de vacinas em todo mundo, em especial nos países mais pobres e em desenvolvimento.
Não podemos perder mais tempo.