Entrevista coletiva do senador Aécio Neves

Brasília 09/08/2017

Essa reunião, na verdade, tem o objetivo de iniciar uma transição extremamente harmoniosa no PSDB. Indiquei o senador Tasso como presidente interino do partido nesta transição. E o objetivo e que nós iniciemos imediatamente, através do ITV e de outros organismos internos do PSDB, principalmente os nossos movimentos setoriais, uma ampla discussão de renovação do nosso programa. É uma necessidade urgente já que o programa do PSDB remonta os tempos da sua fundação e o Brasil mudou, o mundo mudou de lá para cá.

Portanto, é uma transição absolutamente pacífica. Continuarei ao lado do senador Tasso e da Executiva, contribuindo para que nos apresentemos o mais rapidamente possível novamente como o partido mais apto a liderar um grande tempo de mudanças estruturais no país. Portanto, a nossa proposta, que será debatida ainda na reunião de hoje e em outras reuniões de bancadas, culminaria no mês de dezembro, não apenas com o congresso e a convenção nacional do partido, mas também, essa é a minha proposta, com a indicação do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, para que ele possa a partir dessa indicação, iniciar também conversas com outros setores da sociedade e com outros partidos políticos.

Em havendo mais de um nome colocado com apoio expressivo de setores do partido, estaríamos organizando entre fevereiro e março do ano que vem as prévias para aí sim definir de forma objetiva e definitiva qual o nome que o PSDB lançará à Presidência da República.

Está sendo veiculado na televisão uma chamada de erramos do PSDB para o próximo programa partidário. O que significa isso? Dá para adiantar alguma coisa?

Na verdade, não participei dessa elaboração. Acho que é uma tentativa de uma reconexão do PSDB com a sociedade. Vamos aguardar o programa, vamos discutir ainda os textos que estão sendo propostos para o programa, mas eu acho que é uma tentativa do ponto de vista de comunicação de mostrar que além dos acertos que nós tivemos e não foram poucos, certamente alguns equívocos o PSDB cometeu.

Quais equívocos?

Eu não participei da elaboração do programa e provavelmente o senador Tasso terá as melhores condições, já que deleguei a ele há algumas semanas essa condição.

O partido está dividido em relação ao apoio ao governo. Existem pretensões eleitorais?

Essa questão, a meu ver, está superada. Essa não é a pauta do PSDB hoje. O PSDB se manifestou na Câmara dos Deputados de forma absolutamente livre. Cada parlamentar ali se posicionou em razão das suas convicções e obviamente também da sua consciência. E o que nos une hoje é o compromisso com as reformas. A minha fala inicial foi chamando a unidade do partido em torno da reforma política, em torno da reforma previdenciária, em torno da simplificação do sistema tributário. Essa é a agenda possível e necessária ao país. Em relação ao presidente Temer, existem sim divergências, mas são absolutamente naturais, porque essa não é uma questão programática. Se vocês voltarem um pouco no tempo, até para que o PSDB participasse do governo havia divergência. Eu próprio defendia a posição inicial de uma não participação e de apoio às reformas.

Mas no momento em que o partido decidiu liberar os seus quadros para participar do governo, esses quadros têm dado uma contribuição extraordinária a esse governo. E a minha posição é de que enquanto o presidente da República considerar importante a participação desses quadros do PSDB, alguns deles aqui hoje presentes nessa reunião, como o senador Aloysio, ministro das Relações Exteriores, que vem liderando o enfrentamento da região à escalada autoritária e da violência na Venezuela, o ministro Bruno que faz um extraordinário trabalho, o ministro Imbassahy, são todos quadros que vem ajudando o país neste momento. O nosso entendimento é de que essa discussão está superada, enquanto o presidente da República achar necessário contar com os quadros do PSDB ele terá liberdade para fazê-lo, no momento em que achar diferente o PSDB respeitará isso e não mudará a sua postura de compromisso total e unitário de todas as suas bancadas, na Câmara e no Senado, com essas reformas.

Ficar ao lado do governo neste momento arranha a imagem do PSDB?

Acho que não tem que se pensar nisso. O PSDB, diferente do PT, que sempre colocou o interesse do PT acima dos interesses do país, nós colocamos o interesse do país. O nosso apoio ao governo Temer não foi um apoio em busca de popularidade, foi em torno de uma agenda. Eu próprio entreguei ao presidente Temer uma agenda com 12 pontos, desses 12 cerca de oito estão de alguma forma tramitando no Congresso Nacional.

Portanto, o que nos leva a apoiar o governo é essa agenda, nós estamos apoiando uma agenda de reformas no Congresso Nacional e nosso apoio independe de participação no governo. Se você me perguntar se o PSDB no governo faz bem ao governo, eu diria que sim, faz bem ao governo pela qualidade dos quadros que nós temos e acho que vocês são testemunhas disso. Essa decisão, essa discussão, se sai do governo, não sai de governo, a meu ver, na minha avaliação está superada. Nós vamos centrar nossas energias e nossos esforços naquilo que nos une, o que nos une, o que alcança convergência dentro do PSDB é o nosso compromisso com as reformas.

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