Entrevista coletiva deputado Aécio Neves na Convenção Estadual do PSDB
Belo Horizonte – 04-05-19
Principais trechos:
Sobre a convenção
Hoje é um dia de festa para o PSDB de Minas Gerais que sai, mais uma vez, unido nesta convenção. O PSDB é e continuará a ser o partido mais importante do Estado, seja pelo que já fez no passado e pelo que ainda vai fazer no futuro. Hoje é uma demonstração de força do PSDB. Defendo internamente uma posição muito clara em favor daquilo que seja importante para Minas Gerais, mas não acho que seja papel do PSDB ser porta-voz de um governo que não é o nosso. Reconheço boas intenções no atual governo, um governo ainda de principiantes, mas caberá ao PSDB votar aquilo que é importante para Minas Gerais e ter sua posição de independência resguardada. Essa discussão vai começar a existir, a partir desta nova direção, dentro do PSDB para que possamos reconstruir nossos projetos para o futuro. Esse é o recado que eu queria deixar.
Sobre governos Bolsonaro e governo Zema
São governos que estão aprendendo com a roda girando e isso não é demérito para ninguém. O que tenho defendido é que o PSDB se posicione favoravelmente às questões que são de interesse de Minas Gerais. Temos uma agenda conhecida em Minas Gerais. Fizemos os melhores governos da história desse Estado em absolutamente todas as áreas. Apenas não acho que o PSDB, que foi derrotado inclusive em 2º turno por aqueles que venceram as eleições, deva ser o porta-voz desse governo. Esse é o ponto de equilíbrio que estamos buscando internamente. Tivemos uma discussão esta semana com as bancadas federal e estadual e existem posições divergentes, o que é muito natural. Mas o sentimento majoritário é este de buscar uma posição de maior independência e não de um alinhamento automático a um governo que não é o nosso governo.
Sobre indicação de secretarias e cargos
O PSDB não indicou secretarias no governo Zema. É natural que o governador depois que tomar posse deixe um pouco de lado o discurso do palanque e olhe para o lado e encontre competência nos quadros do PSDB. Ele buscou esses quadros. Não pediu autorização do partido. Ele não submeteu essas escolhas ao partido. E é natural que ele vá percebendo com o tempo a qualidade dos quadros do PSDB. É muito diferente de sermos porta-vozes políticos de uma agenda que não conhecemos, que não discutimos internamente. Não sabemos, por exemplo, sobre a reforma do Estado e o que ele pretende com as privatizações. Então, vamos preservar a capacidade do PSDB de, ele próprio, definir o seu destino. É algo extremamente importante e trabalharei para isso. As questões importantes, aquelas a favor de Minas Gerais, vamos votar sem precisar ter cargo em governo. O PSDB continua sendo o partido mais importante de Minas Gerais. Tem de resgatar sua independência, votar a favor daquilo que seja importante para Minas Gerais, não importa qual seja o governo, mas não deve ser o porta-voz deste governo.
Sobre atuação na Câmara
Em relação à Câmara, as coisas caminham na melhor forma possível. Tenho tido uma atuação de liderança na Comissão de Relações Exteriores, onde estamos fazendo um embate forte contra a política externa equivocada do governo Bolsonaro. É a trincheira que hoje tenho atuado e participado de todas as articulações referentes à reforma da Previdência.
Sobre política externa
Saímos de uma política externa com viés ideológico de esquerda, que fez muito mal ao país, como o apoio e o fortalecimento do governo Maduro na Venezuela, apenas como um exemplo, um alinhamento regional que teve no viés ideológico sua marca maior e não os interesses do país. E começo a ver uma outra face da mesma moeda. Ao negar e questionar esse alinhamento, o governo Bolsonaro busca um alinhamento à direita que, ao me ver, também não corresponde à tradição da política externa brasileira. Nossa tradição é de equilíbrio, de pragmatismo em favor dos interesses do país.
Presidirei uma subcomissão na Câmara do dos Deputados que vai cuidar da participação do Brasil em organismos internacionais, nas questões da OMC (Organização Mundial do Comércio) e a entrada na OCDE (Organização Comércio e Desenvolvimento Econômico). É uma discussão séria e, a partir da visita do presidente Bolsonaro aos Estados Unidos, esta questão surgiu com uma certa surpresa porque não foi debatida internamente. Temos tratados que temos de discutir, como a questão de Alcântara e quais os benefícios do ponto de vista de acesso à tecnologia que o Brasil vai ter. E é esse o papel que, em nome do PSDB, nessa comissão, lidero. É um embate que vamos ter.