Encontro Caminhos para o Nordeste

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, participou, nesta sexta-feira (6), do Seminário Caminhos para o Nordeste”, realizado pelo Instituto Teotônio Vilela, em Salvador (BA).

Confira trechos do pronunciamento do senador:

Chegar a Bahia é renovar a esperança em nosso futuro. Me vejo cercado das principais lideranças políticas deste país. Não vencemos, mas temos o privilégio de olhar nos olhos de cada companheiro e dizer que falamos a verdade e acreditando que a hora da verdade irá chegar. Entre tantos temos esse se coloca na primeira linha, que é o crescimento da violência, da criminalidade. Questão tão tormentosa a todos os brasileiros.

Em 27 anos da fundação do PSDB o nosso papel foi tão relevante. Vejo uma renovação da nossa crença da boa política. Uma política estimulada pela esperança de mudar o Brasil, e não pelos pixulecos distribuídos a larga durante este último período da vida nacional. É preciso que falemos de forma afirmativa que vale a pena continuar a fazer política. Fazendo aquilo que os brasileiros determinaram que fizéssemos quando perdemos as eleições: em primeiro lugar oposição a este governo que está aí, fiscalizando as suas ações, denunciando as suas responsabilidades e suas contradições, mas não nos negando a construir caminhos que possibilitem ao país superar esta crise.

Hoje se fala muito da gravíssima crise econômica na qual estamos mergulhados, com crescimento negativo projetado em torno de 3%. Isso significa que o Brasil terá um biênio recessivo (2015-2016) só comparável ao que tivemos no início da década de 30.

Estamos vendo juros na estratosfera, inflação saindo de controle e desemprego alarmante. A crise econômica está aí visível e palpável para todos nós. Ao lado dela, uma crise moral sem precedentes. Falo sem contornos. Não perdemos a eleição para um partido político ou para uma coligação de partidos políticos. Perdemos as últimas eleições para uma organização criminosa que se instalou no seio do Estado Nacional, e quem disse isso são os ministros do Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República. Uma organização que se apoderou do Estado, abdicou de qualquer projeto de país para construir um projeto de permanência no poder.

Lamento que o Brasil tenha sido privado de um debate correto sobre a gravidade de nossa situação que já se apontava ano passado. Nós falamos a verdade. Trouxemos especialistas, economistas e militantes da área social que alertaram sobre a necessidade de tomarmos medidas no ano passado para minimizar o impacto dessa crise principalmente para aqueles que mais necessitavam.

Falo aqui do descompromisso com a verdade que norteou e conduziu a campanha. No dia 24 de setembro, em Feira de Santana, pouquíssimos dias antes das eleições, lá estava a candidata Dilma, que disse o seguinte: o ajuste fiscal que estão prometendo é desnecessário, prejudicial e extremamente eleitoreiro.

Ela disse isso a uma semana das eleições para logo após o segundo turno implementar medidas que pela ausência de credibilidade da presidente da República não trouxeram os efeitos que poderiam ter trazidos se tivessem sido tomados como propúnhamos no momento certo.

Quero falar da crise que para mim é a mais grave de todas: a crise social na qual estamos mergulhados. 1,2 milhão postos de trabalhos formais com carteira assinada e benefícios trabalhistas foram retirados dos brasileiros em apenas 12 meses. 1,2 milhão de famílias deixaram de ter a garantia do prato na mesa da renda no final de cada mês. E alertávamos lá atrás para a perspectiva de crescimento negativo da economia que nem imaginávamos que seria tamanho, mas para a necessidade de tomada de medidas que permitissem minimamente a manutenção dos investimentos previstos para este ano.

A irresponsabilidade do governo foi tão grande que infelizmente, o que existe no Brasil por parte dos que investem, que geram riquezas e empregos é um sentimento enorme de perplexidade, o que fez com que a roda da economia deixasse de girar.

Portanto, o desemprego agora acoplado à inflação que chega hoje de 9,93%. Mas sabemos que a inflação de alimentos, vocês sabem disso, já ultrapassou em muito os 20% em muitas regiões metropolitanas do país.

Aquilo que a campanha marqueteira, ilusória, ilusionista da candidata do PT apresentava na campanha eleitoral, é exatamente o que está acontecendo hoje com esta acoplagem do desemprego crescente com inflação saindo de controle.

O sentimento que se tem hoje em qualquer ponto desse imenso país é que esse governo do PT perdeu aquilo que é essencial a qualquer governo para recuperar um país tão mergulhado numa crise tão complexa com esta que vivemos hoje: confiança e credibilidade.

Não sei até quando esse governo vai durar. Para nós do PSDB e das oposições, qualquer que seja a solução dessa crise, se dará dentro dos limites daquilo que prevê a Constituição. Se ficar comprovado que a presidente cometeu crimes de responsabilidade ou que utilizou o dinheiro sujo da propina da Petrobras para financiar a sua campanha eleitoral, ela pode sim ser afastada do seu mandato para que o Brasil inicie uma nova fase virtuosa, séria, honrada e competente para livrar os brasileiros, principalmente aqueles que menos têm, das consequências dos desatinos deste governo.

Não temos o impeachment como projeto, mas temos o dever de garantir que nossas instituições funcionem sem qualquer tipo de constrangimento por parte do governo. É importante que o Tribunal de Contas continue a fazer seu trabalho, como fez ao rejeitar as contas da presidente dada a clareza das irregularidades como agora vem fazendo ao examinar a responsabilidade da presidente nos prejuízos da Petrobras, na aquisição de Pasadena ou em outros investimentos que ficaram no meio do caminho.

Temos que permitir que o TSE avance nas investigações para que o país compreenda de onde vieram os recursos que financiaram a campanha vitoriosa. Não permitir que as instituições do Estado funcionem estaríamos vivendo um retrocesso sem limites nas nossas conquistas democráticas.

E o Congresso Nacional também tem que superar sua crise interna e proporcionar ao Brasil uma agenda para retomada de crescimento e do desenvolvimento.

O que está acontecendo no Brasil de hoje é consequência do que se estabelecia muito antes do governo da presidente Dilma. Porque todos os governos que carregam consigo este viés populista, e não é o Brasil o único que caminha nesta direção, aqui mesmo na América do Sul, temos a Venezuela, quando vem perdendo o apoio popular o primeiro discurso é da divisão de classes, do nós contra eles. Nós defendemos os mais pobres e eles representam as elites.

Não é apenas na Bahia, mas em todo o Brasil, o Brasil quer um tempo novo, quer iniciar uma nova fase, onde a mentira, o engodo, a incompetência, o alinhamento ideológico arcaico e atrasado sejam substituídos pela verdade, pelo planejamento e pela competência. O Brasil precisa romper com o atraso e o descaso. Temos um governo que não tem mais um projeto de país. Um governo que reúne as segundas feiras para ficar no poder por mais alguns dias, uma semana.

O governo não percebeu que a sociedade despertou e vai chegar a hora que dará um basta a tanto desrespeito com a ética. Precisamos nos organizar para as próximas eleições, porque chegará a hora do PSDB e seus aliados a voltar a governar o Brasil. Perdi as eleições, mas não perdi a esperança. Saio daqui da Bahia revigorado. Volto a Brasília para dizer que não existe feudo do PT em nenhum lugar do Brasil e vamos começar a vencer pelo Nordeste brasileiro.

É o Nordeste que paga o preço mais caro da irresponsabilidade do governo PT. Mais de 200 mil empregos foram perdidos aqui no Nordeste. Quando falamos em aumento da criminalidade, percebemos isso principalmente no Nordeste e no Norte. A Bahia tem 8% da população brasileira, mas mais de 11% dos crimes cometidos acontecem na Bahia. A insegurança chegou nos pequenos municípios brasileiros.

De todos os gastos do governo federal apenas 0,5% foi investido em segurança pública. O Fundo Penitenciário, para ampliar nossos estabelecimentos prisionais, e o Fundo Nacional de Segurança, para apoiar os estados e municípios nas suas ações de segurança. O primeiro não foi executado sequer em 7% no ano passado. O Fundo Nacional de Segurança não foi implementado em sequer 30% dos seus recursos.

O meu Estado, Minas Gerais, gasta hoje em segurança pública o mesmo que gastava a União para todo o Brasil em segurança pública que tem aquele discurso atrasado, insensível de que “não, segurança é do estado e do município”. Ou importa que o Brasil tenha hoje 60 mil assassinatos por ano, mais do que todas as mortes que ocorrem no mundo somadas a todas as guerras que acontecem em todas as regiões no planeta. Não é possível aceitar isso de forma passiva e achar que é assim mesmo. Governo que não tem prioridade – e já disse aqui qual é a prioridade desse governo: manter-se no poder. Governo que não compartilha as decisões com estados e municípios não é governo.

A presidente Dilma não governa mais o Brasil. Terceirizou a economia para aqueles que defendem aquilo que ela combateu durante toda a sua vida, transferiu a articulação política para o Congresso sem que possa estabelecer uma agenda mínima de superação da crise. Esse ajuste ancorado na supressão de direitos trabalhistas e no aumento da carga tributária não vai tirar o Brasil da crise, vai continuar a levar embora os nossos empregos.

Portanto, precisamos apresentar propostas em todos as áreas para que o Brasil possa recuperar, em primeiro lugar, a esperança e confiança no futuro. E, a partir daí, o resgate dos nossos programas sociais, ampliação daqueles que efetivamente melhoram a vida das pessoas.

Ficou muito claro que a pobreza não pode ser limitada ou compreendida no viés apenas da privação da renda. Essa é uma vertente da pobreza, mas ela tem que ser vista também na vertente da privação de serviços básicos, de educação de qualidade, de saúde mínima e de cidadania. É isso que propúnhamos nós no programa do PSDB. A falência dos programas sociais do governo é latente, é gritante.

O PSDB não vai permitir que os cortes anunciados pela base do governo cheguem ao Bolsa Família. Esses programas mostram-se absolutamente incompletos. O próprio Bolsa Família, na campanha eleitoral tratado como a grande e definitiva solução para os problemas nacionais e que tem que continuar porque o PSDB não vai permitir que os cortes anunciados pela base do governo cheguem a esse programa. Porque temos também responsabilidade com ele.

Aquilo que está previsto no orçamento para o ano que vem, mesmo que não ocorra nenhum corte, não reajustará nem pela metade as perdas inflacionárias desse período. Isso mostra um desmonte, mostra a degradação deste governo, a incapacidade de responder minimamente à parcela da população brasileira que mais confiou nele suas ansiedades, as suas necessidades.

O Brasil tem uma presidente sitiada que só pode participar de evento onde a população e o cidadão comum não possam se manifestar, diferente desse nosso encontro.

Não podemos perder a esperança de dar aos brasileiros a oportunidade de sonhar com um futuro melhor. Isso não se faz com discursos, com a propaganda enganosa, como se viu na campanha eleitoral e continua em 2015.

Vamos construir um tempo novo no Brasil insistindo na verdade, no planejamento e na construção de propostas, como essas discutidas aqui hoje, em relação à questão da segurança pública. Vamos em duas semanas lançar propostas claras para a área social.

O maior projeto feito na história recente do Brasil de inclusão social foi exatamente o Plano Real, que tirou das costas dos trabalhadores, das donas de casas, dos cidadãos o peso nefasto da inflação que corroía os seus salários e que agora de novo se apresenta aos brasileiros com a sua face mais perversa.

Esquecem-se que fomos nós que criamos a Lei Orgânica de Assistência Social, que protege os mais necessitados, os portadores de deficiência e acima de determinada idade. Esquecem que iniciamos os programas de transferência de renda que depois foram unificados adequadamente no Bolsa Família. Mas precisamos de muito mais.

Mais do que nunca o PSDB, o Democratas, a parte do PMDB, além de outros partidos que estão ao nosso lado, temos que estar unidos.

Nas eleições municipais se constroem as bases para a construção de uma vitória nas eleições nacionais!

Vamos mostrar que quem tem compromissos com a área social somos nós. Faço aqui um apelo que a partir de agora somos um só corpo e alma para a partir da Bahia começar a recuperar o Brasil.

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