Declarações do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves
Ribeirão Preto (São Paulo) – 23 de agosto de 2013
Viagens pelo país
Quero dizer da alegria em estar iniciando uma série de viagens que, como presidente nacional do PSDB, pretendo fazer por todo o país, na construção da nova agenda para o Brasil, exatamente aqui, por Ribeirão preto, ao lado do meu grande companheiro, deputado Nogueira, presidente estadual do partido.
Essas visitas que vamos fazer, e muitas delas a São Paulo, a várias regiões do Estado, permitirão ao PSDB apresentar, no momento adequado ao país a sua nova agenda, já que a agenda que está hoje em curso no Brasil em execução foi a agenda formulada por nós, pelo PSDB, ainda no período do presidente Fernando Henrique. Com a estabilidade da economia, a Lei de Responsabilidade Fiscal, privatizações, a internacionalização da economia, o início dos programas de transferência de renda. De lá para cá, não houve uma agenda nova. E muitas das conquistas daquele tempo, sobretudo do ponto de vista macroeconômico, como os pilares da estabilidade, câmbio flutuante, metas de inflação, superávit primário, vêm se perdendo, pela flexibilização na condução da política econômica do atual governo do PT.
Vamos iniciar uma série de consultas, de conversas com os mais variados setores da vida nacional e sempre estimulados pelo presidente Fernando Henrique.
Ex-presidente FHC
Fernando Henrique é o mais jovem hoje dos tucanos. O mais entusiasta de um novo projeto do PSDB. Tivemos sempre o cuidado de reconhecer, e tenho feito esse esforço desde que assumi o partido, o legado do presidente Fernando Henrique. Até porque boa parte dos avanços que o Brasil vem colhendo nos últimos anos foram plantados naquele tempo, sobretudo em relação à questão educacional. Se a situação não é hoje pior é porque houve os investimentos na época do presidente Fernando Henrique. Hoje há um descaminho no Brasil. Estar com o presidente Fernando Henrique é sempre me renovar, tanto no conteúdo quanto também na disposição e na determinação dessa caminhada.
Refundação da Federação
Na base das discussões que estamos promovendo está a refundação da Federação, para que os municípios e os estados readquiram condições de eles próprios enfrentarem as suas dificuldades. Para se ter uma ideia, o governo federal participava com 56% do financiamento da saúde, hoje, depois de 10 anos do PT, participa com 45%. O governo federal, que é hoje quem mais arrecada, que detém mais de 60% de tudo que se arrecada no Brasil, participa com apenas 13% de tudo que se gasta em segurança pública. 87% vêm dos cofres municipais e dos estaduais. Isso não é justo para com o Brasil.
Crise no setor sucroenergético
Houve um descaso absoluto do governo federal com o setor sucroalcooleiro. Tivemos ao longo dos últimos 12 meses o fechamento de pelo menos 30 usinas, algumas outras ainda poderão ser fechadas até o final do ano. A política de preços conduzida pela Petrobras foi mortal para o setor sucroalcooleiro. Não há planejamento por parte do governo federal, que prefere investir no combustível fóssil muito mais poluente, sobre o qual não detemos controle, e abandonou talvez um dos mais exitosos projetos construídos no Brasil nas últimas décadas. Conversar com o setor e formular políticas para o futuro é o que estou buscando fazer.
Realidade econômica no país
A qualidade do emprego vem caindo. Tivemos o mês de julho, o pior em geração de empregos nos últimos sete, oito anos. Dos 40 mil empregos gerados em julho, metade deles foi exatamente no setor do agronegócio, agricultura e uma parte menor a pecuária. O que é uma demonstração clara da importância desse setor para pro superávit da nossa balança comercial, que caminha esse ano, talvez, para ter o primeiro déficit. Estamos, até agora, com um déficit de R$ 4,5 bilhões na nossa balança comercial. Com a flexibilização daqueles pilares aos quais me referi ao longo dos últimos anos e com a maquiagem fiscal, o Brasil vem perdendo credibilidade internacional. Apostamos ao longo desses últimos anos, o governo federal, apenas no crescimento da economia via consumo, oferta de credito fácil. Foi importante, mas não poderíamos ficar apenas nisso. Era preciso que o governo criasse condições para atração de novos investimentos. Isso não ocorre. Por quê? Porque há um intervencionismo excessivo do governo, que desorganizou setores vitais da vida nacional, como o setor de energia, por exemplo, e vem afugentando capitais externos. Essa é a realidade do Brasil de hoje. Vamos ter novamente um crescimento pífio esse ano. Cresceremos, na América do Sul, apenas mais do que a Venezuela. Ano passado crescemos apenas mais do que o Paraguai, e não é não é justo para um país com as potencialidades do Brasil estar tendo uma condução da política econômica tão equivocada como estamos tendo hoje.
Aliança com a sociedade
A nossa prioridade, nesse momento, não é buscar apoio de partidos políticos. Estamos buscando o apoio da sociedade. Queremos o apoio daqueles que não concordam com o absurdo peso da máquina pública hoje com seus 39 ministérios, que não entregam absolutamente nada à população. Quero o apoio daqueles que não concordam com o baixíssimo investimento em mobilidade nos grandes centros. Ou a ausência de investimentos para o escoamento da nossa produção, em logística. Ou a ausência de investimentos em ferrovias, em rodovias de forma adequada. Eu quero apoio da sociedade que quer uma educação de melhor qualidade, uma participação mais solidária do governo federal no enfrentamento da criminalidade. Quero o apoio daqueles que querem uma educação de maior qualidade, que querem uma gestão transparente e eficiente. Alianças com partidos políticos virão no momento adequado. Quero uma aliança com a sociedade brasileira.