Isaquias Queiroz, Thiago Braz, Rafaela Silva, Robson Conceição, Arthur Zanetti, Alison e Bruno, as meninas do vôlei, do futebol, do handebol, da ginástica, da vela, são muitos os nomes que, nas últimas semanas, se incorporaram ao vocabulário cotidiano dos brasileiros. De um momento para o outro conhecemos uma gente guerreira, vencedora até quando não sobe ao pódio.
Um veio do Bairro Boa Vista de São Caetano, na periferia de Salvador, outra veio do Morro da Mangueira, já o baiano campeão da canoagem nasceu e cresceu na pequena Ubaitaba. Eles vieram de muitos lugares e têm algo em comum: superaram toda sorte de adversidades e encontraram no esporte um caminho de inclusão e de reconhecimento. “Sem o boxe eu nem estaria vivo”, disse o medalhista de ouro Robson Conceição, que já vendeu picolé na rua e carregou caixa para a avó feirante.
O depoimento dele não é incomum no mundo esportivo. Se há um legado inegável desta Olimpíada é o fato de que histórias como essas tornaram-se públicas e ganharam uma nova dimensão, refletindo o enorme potencial do esporte na luta contra a pobreza, a discriminação e a falta de oportunidades. Cada vitória de um brasileiro tem efeito replicador em milhares de crianças com o mesmo perfil. É possível fazer uma vida diferente —essa é a mensagem que fica.
Campeões não surgem do acaso. Muitas vidas foram transformadas ao serem acolhidas em projetos sociais e institutos mantidos com muita dificuldade em municípios e comunidades pelo Brasil afora.
Expostos ao crivo do mundo, mostramos que temos muitos e bons motivos para nos orgulhar. Este é um país complexo, imerso em contrastes, mas que esbanjou criatividade, hospitalidade e capacidade de organização.
Campeões como Usain Bolt e Michael Phelps viveram aqui suas despedidas gloriosas, mas o evento também foi inesquecível para atletas desconhecidos como o nadador etíope que, mesmo sendo o último colocado em sua prova, saiu animado da piscina com o sonho de manter uma fundação voltada para jovens e crianças.
Oportunidade. É isso que transforma vidas. Meninos e meninas do Brasil inteiro estão hoje sonhando com acrobacias, saltos, corridas e uma série de possibilidades esportivas. Estão sonhando com vitórias, inspirados por seus novos heróis, que não usam capas, não voam e nem têm poderes sobrenaturais.
Este Brasil de gente simples, anônima e obstinada cresceu durante os Jogos, ganhou nome e sobrenome, virou referência. Este é um bom começo para uma nação que se reconstrói após um longo inverno marcado pela ausência da ética, da virtude e da responsabilidade.
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