O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, participou, neste sábado (02/07), em Brasília, do Congresso Nacional da Juventude Tucana. O evento reuniu centenas jovens de todo o país e contou com cursos de capacitação e discussões sobre a participação da juventude na política.
Leia o discurso do senador Aécio Neves:
Em primeiro lugar, um agradecimento muito sincero ao que vocês vêm fazendo, não apenas ao PSDB, mas, ao país. Eu li o texto, uma carta que vocês vão divulgar no final e começo por ela, principalmente no momento de tanta demonização da política pelo qual estamos passando, vocês começam por reafirmar que não existe política sem partidos políticos e não existe partido político sem militância. Vocês estão dando aqui uma demonstração clara do papel do PSDB neste momento de tantos desencontros por que passa o Brasil.
Costumo dizer, José Aníbal, e cumprimento e agradeço você pela liderança que você tem demonstrado, pela disposição que você quase que cotidianamente tem mostrado à frente do ITV, para abrir espaço para o debate das grandes questões nacionais em todo o país. Essa descentralização das ações do ITV é o que de mais novo o PSDB viu nesses últimos meses sob a sua liderança. Você esteve conosco em Minas, foi para São Paulo, já está aqui, fizemos ontem um evento com dois mil candidatos a prefeito e vereador e a gente percebe que tem um sentimento novo crescendo na alma, crescendo na mente, na consciência dos tucanos e tucanas de todo o país.
Eu também começo por saudar aquilo que acabei de ver aqui agora, as jovens mulheres tucanas. É isso mesmo, briguem por seu espaço. Na Executiva Nacional ampliamos muito o espaço das mulheres na última eleição e tenho certeza de que, aqui, na Juventude, vai acontecer a mesma coisa, então cumprimento vocês pela determinação, pela disposição que têm demonstrado de fazer algo novo.
Sem qualquer formalismo, quero bater um papo com vocês sobre tudo o que estamos vivendo e ,
principalmente, sobre o que vamos viver dentro de algum tempo. Eu mais do que nunca reafirmo, o papel do PSDB nesses 28 anos de história do Brasil, talvez neste momento atual, seja o mais delicado e ao mesmo tempo o mais estratégico. O PSDB pode olhar para trás, naquilo que chamo sempre de retrovisor da história, e se orgulhar muito do que nós fizemos até aqui. Fizemos sempre a boa política. Quando tivemos que escolher entre os interesses do PSDB mais imediatos e os interesses do Brasil, nós sempre ficamos ao lado do Brasil, ao contrário dos nossos adversários, do PT, que em nenhum momento se preocuparam com o Brasil quando o interesse do PT se contrapunha ao interesse do Brasil.
Desde lá de trás, seja na eleição de Tancredo, seja no Plano Real, seja na votação da Lei de Responsabilidade Fiscal, para eles sempre prevaleceu o interesse do partido, e deu no que deu.
Se hoje o Brasil está vivendo um momento de transição política, e nós devemos reafirmar sempre isso, o governo Michel é o governo de transição política, e o PSDB poderia, não poderia pelo nosso DNA, mas poderia do ponto de vista formal, poderia ter optado por uma posição de distanciamento, não vamos nos contaminar com essas práticas políticas. Não. O PSDB, que foi o grande responsável por botar fim a esse ciclo de governo do PT, porque o impeachment, vocês sabem disso, não foi uma construção do dia para a noite, o governo do PT começa a se fragilizar e as suas estruturas a balançarem a partir de campanha de 2014, quando nós fomos para a rua dizer que existia um grupo político que estava se apoderando do Estado nacional em benefício de um projeto de poder. Quando nós mostrávamos a falência daquela falsa matriz macroeconômica, quando falávamos da ocupação das empresas públicas, da corrupção institucionalizada no país.
Portanto, naquele momento, não eram muitos que estavam ao nosso lado. Ao contrário. O próprio PMDB que hoje governa o Brasil era parte daquele processo. Nós fizemos o que devíamos fazer, denunciamos com coragem, dizendo a verdade aquilo que ameaçava o Brasil como ameaçou e hoje percebemos isso, e eu não preciso citar aqui inúmeros indicadores, falamos apenas dos 12 milhões de brasileiros desempregados, consequência da irresponsabilidade aliada a incompetência nesses 13 anos de governo do PT.
Perdemos a eleição, mas não baixamos a cabeça, continuamos acreditando que tínhamos como temos hoje um papel absolutamente fundamental para retirar o Brasil dessa conjugação de crises econômica, política e social sem precedentes nas quais os governos do PT nos mergulhou. Acabou a eleição e vou dizer aqui, o José Aníbal foi muito ponderado ao dizer da eleição, do resultado das eleições. Sabe por que não ganhamos a última eleição? Porque nós não disputamos com um partido político, nós disputamos contra um organização criminosa que tomou conta do estado nacional, que se apoderou do estado brasileiro para se manter no poder.
Mas continuamos no Congresso, continuamos nos aproximando dos movimentos sociais, dos movimentos que tomaram as ruas desse Brasil inteiro, sabendo que não deveríamos ser enquanto partido protagonistas, mas éramos parte, parte importante, parte essencial para a construção de uma saída para o Brasil. Houve a partir daquelas movimentações uma certa convergência ao final, dos movimentos de rua com a política representativa, feita por partidos políticos, e chegamos ao afastamento temporário até aqui, e definitivo dentro de pouco mais de um mês, da atual presidente da República.
Mas eu quero falar de coisas atuais e reafirmo para vocês, esse governo que está aí, do presidente Michel, tem que ter o nosso apoio por responsabilidade que temos para com o país. Nós o estamos apoiando, criticamente muitas vezes, quando dão sinais trocados na hora que apresentam uma proposta de déficit estrondoso de 170 bilhões e ao mesmo tempo cedem a aumentos de corporações, de setores do funcionalismo, algo incompatível com uma nova sinalização que nos queremos dar ao país.
Vou dizer a vocês, repetindo palavras do presidente Fernando Henrique com quem estive três dias atrás, pediu que mandasse um grande abraço a vocês – pensamos até em programar uma vinda dele, mas disse que na próxima que organizarmos ele vai estar presente. Mas vou repetir uma frase dele – não sei nem se eu que disse pra ele, mas ele que disse publicamente, mas é o meu sentimento e acho que é o de muito de vocês. Este governo que está aí é o governo Michel Temer, é o governo do PMDB, não é o governo do PSDB. O nosso vai chegar, vai chegar pelo voto popular. O PSDB é, mais do que nunca, essencial para o Brasil. Essencial para o Brasil. E é nessa hora em que o PT derreteu pelas suas irresponsabilidades, pela sua incompetência, pela pouca responsabilidade com valores e padrões éticos de conduta. O PMDB herdou esse governo. É o que determina a Constituição. Isso não me preocupa. O que quero reafirmar aqui a vocês, talvez o mais importante evento interno partidário desde as eleições, neste que estamos aqui reunidos, o PSDB não abdicou e não vai abdicar de apresentar, em 2018, um projeto para Brasil e ganhar nas urnas o direito de fazer a grande transição, a definitiva transição deste governo interino para o governo definitivo do PSDB.
O que não falta no PSDB é gente qualificada para liderar essa luta.
Entendam e acreditem no lugar mais profundo da alma de vocês, somos, mais do que nunca, essenciais ao Brasil. Por vias tortas, por caminhos que não eram aqueles programados, vamos chegar em 2018 mais fortes do que nunca. Olhando para trás e dizendo, fizemos a nossa parte, combatemos o governo do PT, demos uma saída ao Brasil, apoiamos o governo de transição, agora é a nossa hora por que temos as melhores propostas, os melhores quadros e a coragem – que talvez esteja faltando, pelas circunstâncias, a esse governo interino – de conduzir e lideras as reformas que vão sim apontar para um futuro diferente para o Brasil.
Portanto, está nas mãos de cada um de vocês.
Vamos sair por esse Brasil nessas eleições municipais pregando os valores que sempre praticamos, falando daquilo que acreditamos essencial para mudar o país.
Vou citar um exemplo de anteontem. O presidente Michel sancionou uma lei que restringe a indicação de pessoas sem a devida qualificação ou experiência para direção das empresas estatais. Sabem de quem é essa proposta? É do PSDB. Estava no nosso programa de governo. Foi o senador Tasso [Jereissati] que construiu no Senado e agora foi sancionada.
Na semana que vem, uma outra, essa que eu relato, que cria regras muito parecidas para a direção e para os conselhos dos fundos de pensão, que foram assaltados no governo do PT.
Então estamos aproveitando esse governo de interinidade para incluir propostas que são do PSDB. Vamos arrumando a casa. Não vamos fazer tudo, mas vamos colocando o Brasil na direção correta para quando a gente chegar lá na frente, algumas das etapas já estejam vencidas para que a gente possa fazer um governo como fez o presidente Henrique Cardoso, transformador na vida do país.
Temos uma agenda para brigar por ela nesse período de governo interino. E vamos a outras questões. Estamos preparando para já no inicio dos trabalhos em agosto, depois do recesso parlamentar, centrar fogo em pelo menos três pontos da reforma política. Temos que liderar a recuperação, o resgate da cláusula de barreira, o fim da coligação proporcional e o voto distrital misto. Não dá para um partido como PSDB, que tem projeto, não de poder, mas de governar o Brasil, que tem um sonho, uma utopia, aceitar passivamente esse quadro partidário onde cerca de 30 legendas.
O PSDB tem que escolher agora quatro ou cinco bandeiras, conduzir essas bandeiras como conduzimos a questão das estatais, a meritocracia retornando à indicação das estatais, dos fundos de pensão. Vamos cuidar da reforma política. Vamos cuidar das agências reguladoras. Vamos usar nosso peso político, a nossa força para colocar uma agenda produtiva, uma agenda de resultados para o Brasil.
Portanto, vocês da Juventude, vejo aqui representantes das mulheres, do nosso PSDB Diversidade, sempre muito presente, o Tucanafro, agora presente no governo de Michel com a nossa Luislinda, que vem atuando de forma importante para clarear aqui também algumas bandeiras, algumas propostas do PSDB, nosso PSDB Sindical. É a hora de turbinarmos esses movimentos do partido. E obviamente não tem nenhum que tenha tanta capilaridade porque inclui todos os outros de alguma forma, que é a Juventude. Nós já temos a mais qualificada Juventude dentre todos os partidos políticos do Brasil. Temos que ser atuantes, não vai faltar da direção nacional do partido apoio, sustentação, e mais do que isso, estímulo para que vocês percorram o Brasil, façam grupos, vão a outros estados, façam reunião entre estados, troquem experiências para que nós possamos, nessa eleição, demonstrarmos ao restante do Brasil aquilo que nós já temos consciência: nós somos essenciais. Falo com muita sinceridade, sem demérito a quem quer que seja. Eu olho para o lado: qual o partido hoje no Brasil que está mais preparado para dar um grande salto de qualidade na gestão pública brasileira? Não tem, somos nós. Não vamos permitir que nesse momento diferente para nós, diferente porque o PSDB, ao longo de todos esses anos de história, de 28 anos, ou foi centro de poder, e falo apenas da questão nacional, mas poderia de alguns estados também, com o governo Fernando Henrique, ou o principal polo de oposição. Nesse momento, pelas circunstâncias que vivemos no Brasil, que não são comuns – o afastamento de um presidente da República.
Nós hoje somos apoiadores de um governo que não é o nosso. Repito: vamos apoiar com clareza, sem receios, vamos apontar os equívocos quando eles surgirem, como temos feito, vamos tentar impor uma agenda que seja moderna, que seja ousada, que seja cada vez mais republicana, mas não vamos esquecer de que a nossa responsabilidade para com os mais de 50 milhões de brasileiros que nos deram o seu voto na eleição de 2014 é voltarmos renovados, aprendendo com os nossos erros também, certamente nos equivocamos, mas apontando para um Brasil diferente, onde a política volte a ser respeitada, onde as pessoas tenham orgulho de fazer o que fazem. Meu velho avô, Tancredo, costumava dizer que não existe na sociedade, no seio da sociedade ou comunidade que seja, atividade mais digna, mais honrosa do que a política. Mas a política feita na dimensão do que essa expressão possa representar. Porque a política, em síntese, é a abdicação de projetos pessoais para você priorizar projetos coletivos. É o seu ficando no segundo plano para o dos outros ficar em primeiro plano. Essa é a beleza da política. E nessa hora de tanta desmoralização que estamos assistindo no Brasil, só tem uma razão que justifica a gente fazer política: é acreditar mesmo. Não dá para você ficar na política ou para querer um cargo, querer uma posição, querer um benefício qualquer que seja. Só dá para fazer política, as pessoas de bem, se a gente sonhar, se a gente acreditar. É a política que vai transformar a vida das pessoas. Não tem política onde não tem democracia. É só lá que não tem política. Vamos resgatar a boa política.
Quero dizer para vocês aqui: vamos responder a tudo o que está vindo aí, a uma tentativa infame de tratar os desiguais como iguais. Nós não somos iguais a esses caras. Nós combatemos esses caras. E cada ataque, cada infâmia, cada acusação que vierem sobre nós, como algumas que vocês têm visto inclusive em relação a mim, vamos responder todas elas. Vamos separar o joio do trigo, porque tem uma coisa muito curiosa, desses ataques todos fica uma coisa em comum: ele não vem de aliados nossos, não vem de comparsas do crime, porque não os temos. Vêm exatamente de adversários nossos, que nós combatemos esse tempo inteiro. Então, esse momento do Brasil vai possibilitar essa depuração. Não tenho dúvidas. Nós estaremos em 2016 na melhor das nossas formas, sob todos os aspectos.
O Mário Covas, idealizador e fundador do PSDB que o Zé [Aníbal] sempre com muito carinho lembra em todos os nossos eventos, ele dizia uma coisa que eu carrego comigo desde lá detrás, e não é novidade. Ele falava: ‘olha, as pessoas estão preparadas hoje para um ouvir um não que seja verdadeiro e aceitarão esse não verdadeiro, mais do que um sim ilusório, um sim falso, apenas para tergiversar ou para tangenciar uma determinada situação. Nós temos que falar é a verdade. Vamos andar pelo Brasil dizendo que nós somos o que nós queremos, o que nós pregamos. Nós do PSDB, ao longo de 28 anos, construímos o partido político mais qualificado desse país. Hoje, muitos dos avanços que ocorreram no Brasil nessas últimas três décadas, vieram da lavra, da coragem, da capacidade de articulação do PSDB. E está na hora de nós resgatarmos isso.
Vi a carta que vocês vão divulgar que vocês, lembrando uma frase que eu disse há 30 anos atrás, mais de 30 anos atrás, na praia da Boa Viagem. Foi um outro momento transformador para mim, pessoalmente, da minha vida, talvez ali eu tenha tomado a decisão de avançar, fazer política integralmente. Foi quando o Brasil vivia a transição do regime autoritário para o regime democrático. Tancredo era a síntese disso, era quem de alguma forma aglutinava as esperanças da sociedade brasileira. Nós fizemos lá um comício de encerramento da campanha chamado “Por um lugar ao sol”, quando a gente reivindicava já para os jovens, para a juventude, um lugar nas decisões, na direção dos partidos, enfim, e eu disse algo como: a juventude não pode ser sempre uma promessa de futuro para o país. Nós somos a garantia do presente do país. É agora que a gente deve assumir o espaço, é agora. Nos partidos, na sociedade, nas universidades, nas organizações sociais. É para lá que a gente tem que ir. Debatendo, falando o que a gente acredita, nada mais do que isso.
Essa campanha de 2014 permitiu não só a mim – a mim talvez de forma especial porque andei o Brasil inteiro – mas a cada um de vocês surgiu uma coisa nova. As pessoas vieram se aproximando do PSDB, perderam o temos de debater com o fisiologismo, com uma esquerda atrasada, até porque não são todos os setores da esquerda que são atrasados, mas o que nós combatíamos era muito atrasado. Nós conseguimos ver nascer uma coisa nova. Nasceu. As pessoas, principalmente os jovens, chegaram à conclusão daquelas manifestações extraordinárias que nós tivemos, de que não dá para ficar esperando que alguém construa o seu destino. A moçada pegou nas mãos o seu destino e falou: “olha, eu quero esse caminho”. Então isso está aí. Cabe ao PSDB se aproximar cada vez mais desses movimentos, interpretar cada vez mais o sentimento desse movimento sem querer ser monopolista de nada, mas ouvindo o que vem desses movimentos, ouvindo o que vem das ruas. Essa é a diferença. Eu repito para vocês: mas do que nunca o Brasil precisa e precisará do PSDB. Fiz o meu papel com extrema honra, e obviamente dentro dos meus limites, com enorme dedicação em 2014. E o PSDB hoje se reencontra de um lado com a sua história.
O Zé [José Aníbal] falava do legado do presidente Fernando Henrique. Nós gritamos para o Brasil inteiro que orgulho que nós temos do Plano Real, da modernização da economia. O Plano Real fez 22 anos ontem. Em 1º de julho de 1994 nós recebemos a primeira cédula do real, passou a circular. Muita gente não acreditava. Outros tantos torciam contra aquilo. Pois bem. Não houve na história contemporânea do Brasil nenhuma outra ação, nenhum outro programa de transferência de renda tão efetivo, tão eficaz para os mais pobres como o Plano Real, que retirou dos ombros, das costas de boa parte da população brasileira o ônus da inflação. Ali sim houve um programa de distribuição de renda efetivo e que o PT quase joga fora.
Então, minha gente, seja para resgatarmos o nosso legado, mas principalmente para construirmos um futuro diferente para nós, para as futuras gerações que estão vindo, o PSDB é essencial.
Vocês não têm absolutamente nenhuma razão para se envergonhar de absolutamente nada que o PSDB fez. Ao contrário, temos orgulho. E é com esse orgulho, minhas amigas, meus amigos, que vamos caminhar pelo Brasil inteiro.