“Muito mais importante do que a alteração do ministro é a alteração da política externa brasileira. Não adianta trocar o ministro por alguém que siga a mesma cartilha. Como presidente da Comissão de Relações Exteriores o que tenho a afirmar é que há um clamor por parte das principais representações diplomáticas, dos principais parceiros internacionais do Brasil, para que haja um redirecionamento da nossa política externa”, afirmou o deputado federal e ex-governador Aécio Neves em entrevista à Rádio Itatiaia, nesta segunda-feira (29/03).
Como presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, Aécio disse que o ministro Ernesto Araújo errou na condução da política externa brasileira e defendeu mudanças no relacionamento do Brasil com o mundo.
“Meu papel hoje na política externa é impedir que o radicalismo, que o extremismo, que essa visão atrasada de mundo prevaleça sobre os interesses do Brasil”, disse o deputado.
Aécio antecipou que terá, essa semana, em Brasília, audiências com os embaixadores da China e dos Estados Unidos para tratar sobre a aceleração na vacinação dos brasileiros, considerada por ele como a maior prioridade hoje no Brasil.
“Todo o esforço do país, em todas as áreas, deve ser para avançar e avançar rapidamente na universalização da oferta de vacinas para nossa gente”, declarou.
O ex-governador de Minas Gerais destacou a atuação que o Congresso Nacional vem tendo no enfrentamento da pandemia da COVID-19, desde a discussão do auxílio emergencial e de ações sociais de proteção aos mais vulneráveis até as medidas de socorro aos municípios e estados e no amparo a empresas e diferentes setores da economia.
Ele lamentou a ausência de Minas Gerais no debate nacional e afirmou que o Estado deveria retomar seu protagonismo no país.
“Fui criado vendo Minas Gerais conduzindo a politica do país e hoje vejo um alinhamento absoluto. Minas não é consultada, Minas não se organiza ao lado de outros governos estaduais para impor uma agenda que interesse a nós e também ao Brasil. Minas Gerais do alto das suas montanhas tem o dever de enxergar além das suas fronteiras. Eu lamento que estejamos nos contentando com muito pouco. Minas está absolutamente distante das grandes discussões nacionais”, afirmou o ex-governador.
Aécio falou também sobre seus 35 anos de mandatos populares consecutivos e avaliou o quadro político no país para as eleições de 2022. Ele voltou a defender a união de partidos em torno de uma candidatura de centro capaz de reunir as forças políticas em torno de um projeto nacional.
“A nossa responsabilidade é construir ao centro uma grande alternativa para um nome apenas. Se o PSDB não tiver um nome competitivo deve sim abrir mão da cabeça de chapa e ajudar na construção, com muito desprendimento, de uma alternativa ao centro. Isso se ela vier com mais força do que uma alternativa do PSDB. Temos de abrir uma janela de novas oportunidades, um oxigênio no quadro político nacional. E aí defendo o que chamo de centro ampliado para que tenhamos uma só candidatura, mesmo que ela não largue com margem expressiva de intenções de voto”, declarou.