O PSDB tem planos de apresentar propostas próprias para a reforma?
É a nossa responsabilidade. Digo sempre que o PSDB não tem nem opção. A nossa responsabilidade é apresentar um projeto alternativo a este que está aí. Estamos construindo, conversando com os brasileiros e, obviamente, com aqueles que têm contribuição a dar. Hoje, na verdade, estamos aqui dando uma largada na busca também na construção de um projeto para o Rio de Janeiro para os próximos anos. Uma coisa que vai além do próprio PSDB.
Essa primeira reunião que vamos ter, a partir da eleição da companheira Elena Landau para a presidência do ITV, que é o instituto de estudos do PSDB, busca isso, entender o que está acontecendo também no Rio de Janeiro e com figuras da academia, da área social, empresários, um conjunto de pessoas. Eu digo que esta reunião é muito eclética. Vamos também apresentar alternativas para o Rio de Janeiro. Não se trata de eleição ainda, trata-se da nossa compreensão de que também no Rio de Janeiro temos de discutir um projeto, já que o PSDB hoje não tem o comando da política do Rio de Janeiro.
Fico muito feliz em ver o grande número de pessoas dispostas a prestar a sua colaboração, mostrar o que está acontecendo nos seus setores, e alguns empresários estão aqui também. Tivemos dificuldade de limitar o grupo de pessoas que queriam participar e a nossa ideia é depois setorizar isso. Vamos reunir o pessoal da área cultural para discutir uma agenda cultural. O pessoal do entretenimento, o pessoal de todos os setores da área social, o pessoal do Afroreggae, mobilidade, transporte, energia, enfim, desenvolvimento social.
Como está o palanque do PSDB para o Rio de Janeiro? É hora de decidir?
Não, não é. O que estamos falando precede o palanque. Acho que esta talvez seja a coisa nova, a cara nova do PSDB. Vamos discutir primeiro o que podemos propor de diferente e o palanque virá com maior naturalidade. Queremos aqui no Rio a construção de um palanque amplo. A nossa intenção, e aqui estou ao lado do presidente de honra do PSDB (o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso), e eu, como presidente do PSDB, nosso objetivo é que as pessoas olhem para o PSDB no momento da eleição e enxergue algo absolutamente novo. Na gestão eficiente, na capacidade de ter sensibilidade para os problemas reais das pessoas.
Acho que o que falta ao Brasil hoje são respostas para questões essenciais. É o sujeito que sai de casa e demora duas horas para chegar ao trabalho. Volta e demora mais três. A questão precária da saúde e da educação que passa por investimentos, mas não só por investimentos, passa por gestão, por inovações. Então, nós queremos ouvir.
Fernando Henrique Cardoso: Transparência, seriedade e competência.
Este palanque novo descarta o vereador César Maia? Vai ter candidato próprio?
Não descartamos nada. Isso é lá na frente. O César Maia é um grande companheiro. O Democratas tem sido um aliado nosso na resistência oposicionista depois que se instalou no Brasil o governo de cooptação. Então, temos de valorizar aqueles que resistem a essa cooptação. Vejo que felizmente alguns já buscam o retorno para o campo da oposição, o que é muito saudável. Mas não estamos de tratando de palanque aqui. É muito fácil você indicar um candidato. Difícil é que as pessoas entendam o que este candidato tem a dizer. Então, vamos fazer isso agora, um esforço enorme com a participação de figuras extraordinárias. Está aqui o senador Tasso, o companheiro Armínio, Otávio…
O PMDB claramente está muito insatisfeito com situação na base da presidente Dilma.
Eu, no lugar dele, estaria também.
E aqui no Rio existe um conflito do PMDB com o PT.
Eu, como presidente do PSDB, tenho que respeitar as opções e os alinhamentos dos outros partidos. Tenho uma relação pessoal tanto com o Sérgio, quanto com o Eduardo, mas respeito a posição deles, hoje, de aliados do governo federal. Mas ao mesmo tempo sou alguém que acredita nas coisas naturais na política.
O que vamos fazer é construir algo inovador. A meu ver, hoje, o velho é o PT. E a reação da presidente da República em todos esses episódios de forma, a meu ver, pouco generosa com o Brasil, porque teve a incapacidade de reconhecer uma responsabilidade sequer em relação a toda essa insatisfação, sempre buscando transferir responsabilidades. Tanto para governos que governaram há mais de dez anos, como se isso fosse possível, ou para o próprio Congresso Nacional.
A resposta da presidente, ao propor uma constituinte restrita, inconstitucional e depois um plebiscito, que o próprio governo sabia, ou tinha obrigação de saber, inviável no tempo, para ser operacionalizado, é uma clara resposta de quem envelheceu. Estamos vendo uma presidente da República e um governo velho, falando para um Brasil novo, que surge das ruas nessas manifestações.
Eu tenho muita convicção de que, no momento da eleição, o novo seremos nós. Na ousadia para fazer as reformas que eles não fizeram, na transparência a qual se refere o presidente Fernando Henrique, na valorização da ética e da eficiência. Tenho muita convicção de que as pessoas perceberão no PSDB aquilo que estamos buscando construir com reuniões como essa. Não só essa, tem muitas outras que acontecerão Brasil afora, com pessoas que tenham contribuição a dar. Não necessariamente filiadas ao PSDB, como acontece aqui hoje.
O sr. parece inverter a situação lá de São Paulo, em que eles usaram o termo “novo”, no caso do Fernando Haddad, o PT.
Pelas últimas pesquisas, pelo menos as que eu vi, as pessoas já não acham ele tão novo assim, já que a prática é antiga. O PT envelheceu no poder. Isso é uma constatação. Temos que ter a capacidade de sermos o novo. E temos gente para isso, temos qualidade para isso. E o sentimento que eu colho por onde ando é de uma expectativa muito grande sobre como o PSDB se posicionará. Então, ao invés de construirmos em casa algumas propostas, até porque poderíamos tê-las, vamos abrir esse debate. Vamos chamar pessoas de fora do partido. Vamos entender com maior clareza o que está acontecendo no Brasil e buscar representar esse sentimento.
Como o senhor vê essa possibilidade de reforma política?
É uma responsabilidade do Congresso. Farei uma reunião da Executiva na próxima terça-feira de manhã, onde vamos apresentar pontos consensuais, convergentes dentro do PSDB. Não unânimes, porque nenhum partido as tem. Pessoalmente, defenderei temas como o voto distrital misto, para que seja discutido dentro do Congresso Nacional. Defendo o fim das coligações proporcionais, a cláusula de desempenho para o funcionamento de partidos políticos, eles precisam ter sintonia, uma representação mínima na sociedade, para que possam ter funcionamento parlamentar. E, friso, pessoalmente, defendo o mandato de cinco anos sem reeleição. Falo muito por experiência própria como governador de Minas. O último ano de um governo, quando há a candidatura à reeleição, de alguma forma há a necessidade de composições, necessidade de entendimentos. Se você termina o seu mandato, acho que você tem a possibilidade de ter uma atitude mais objetiva, mais clara até o final. São propostas que defenderei, mas é a executiva que vai decidir isso na terça-feira.
E o financiamento, mantém?
Há uma discussão muito grande no PSDB. O financiamento público só tem sentido com lista fechada. Se aprovada a lista fechada, acho que ele se justifica. Sem lista fechada, vai piorar o sistema em relação ao atual.