Aécio afirma que Lula deve se explicar à Justiça e aos brasileiros sobre acusações feitas pelo MPF

REPÓRTER:

Após encontro político no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, respondeu a declarações feitas pelo ex-presidente Lula dizendo que as investigações da Operação Lava Jato não devem ser politizadas ou tratadas como uma disputa ideológica. Aécio disse que Lula deve dar explicações à Justiça e aos brasileiros sobre as denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro, apresentadas pelo Ministério Público Federal. Lula foi acusado de ter recebido 3,7 milhões em propina e de comandar o esquema de corrupção da Petrobras.

SONORA DO SENADOR AÉCIO NEVES

“Eu não quero agravar ainda mais esta situação e deixar que o presidente tenha tempo para responder aqueles que o irão inquirir daqui por diante, que é a Justiça. É a ela e ao conjunto de brasileiros que o presidente Lula terá que se explicar, se tiver razões, se tiver como comprovar isso tudo que ele disse, que foi uma grande arbitrariedade, que foi tudo uma movimentação política o tempo é que dirá. Mas não há, no PT, e nunca houve, a grandeza de reconhecer equívocos, muitos menos ilegalidades que segundo o Ministério Público foram por ele cometidas.”

REPÓRTER:

O presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, também preferiu aguardar a conclusão da Justiça sobre as denúncias feitas contra Lula pelo Ministério Público e lamentou a crise econômica e social gerada pelos governos do PT.

SONORA DO EX-PRESIDENTE FHC:

“Infelizmente para o Brasil, e contra a minha torcida, os governos recentes levaram o país a uma situação de desespero. São mais de 10 milhões, 11, 12 milhões de desempregados, uma falência das finanças públicas, uma impossibilidade de levar adiante programas sociais que eles próprios inventaram, alguns eram meus, outros foram aumentados e inventados pelo próprio governo do presidente Lula. Esse mal-estar que foi gerado no Brasil é consequência de erros na condução da política.”

REPÓRTER:

Além de Lula, o MPF denunciou a mulher dele, Marisa Letícia, e mais seis pessoas no âmbito da Operação Lava Jato. Os crimes imputados aos denunciados são corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro. Caberá à Justiça acolher ou não as acusações dos promotores. Se acolher, os denunciados se tornarão réus e serão julgados.

De Brasília, Shirley Loiola.

Sobre a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

O PSDB, ao lado dos brasileiros, acompanhou a apresentação dos graves fatos narrados esta tarde, em Curitiba (PR), pela coordenação da força-tarefa da Operação Lava Jato.

O partido aguarda a importante e necessária decisão da Justiça sobre as acusações feitas e que, se confirmadas na sua integridade, não deixarão mais qualquer dúvida sobre a complexa estrutura da organização criminosa estabelecida pelo PT.

‘Sem o apoio do PSDB, não existirá governo Temer’, afirma Aécio

Senador tucano diz que, em 30 dias, ninguém mais falará da ex-presidente Dilma

O presidente do PSDB, Aécio Neves, cobra, em entrevista ao GLOBO, uma ação de Michel Temer sobre o PMDB para acabar com as ambiguidades e abandonar os “vícios” adquiridos na convivência com o PT. Aécio diz que tucanos apoiarão o governo enquanto ele for fiel à agenda do ajuste e afirma: “Sem apoio do PSDB, não existirá governo Temer”. Para Aécio, em 30 dias, ninguém mais falará da ex-presidente Dilma.

A enquadrada de Temer após a posse foi direcionada ao PSDB?

O recado foi claro para aqueles que, dentro da base, em especial no PMDB, não demonstram compromisso com as reformas. O PSDB tem ecoado com muito mais clareza as posições do presidente Temer do que o seu próprio partido. Sem o PMDB agindo de forma coesa, as dificuldades de Temer serão quase intransponíveis. Esse último episódio (fatiamento da pena de Dilma Rousseff) demonstrou, mais uma vez, a ambiguidade com que o PMDB atua.

É o PMDB que vai definir o sucesso ou o fracasso do governo?

A fragilidade das posições do PMDB será o argumento para que outras forças políticas não se exponham na defesa das reformas. O PSDB tem compromisso com essa agenda não é de hoje. Defendi isto nas eleições. É fundamental que o PMDB se desapegue dos vícios que adquiriu na convivência com o PT, do costume de se proteger nesse discurso populista do PT que levou o país à situação em que estamos. Tenho certeza que Temer se sente muito mais confortável com as posições do PSDB do que com a ambiguidade e a falta de clareza do PMDB.

Mas o governo também tem sido ambíguo, por exemplo, quanto ao teto salarial.

O que é um mau sinal. Nossa posição é de responsabilidade, no que diz respeito a todo aumento salarial, no momento em que sinais devem ser dados na direção da contenção dos gastos públicos. Da mesma forma, fomos contra a flexibilização das negociações da dívida dos estados. Era uma oportunidade extraordinária que se perdeu.

Qual o limite de apoio do PSDB ao governo Temer?

O PSDB estará em 2018 se apresentando para governar o país. Enquanto Temer se mantiver fiel a essa agenda que colocamos para o país, contará com o PSDB. Se percebermos que isto não está ocorrendo, o PSDB deixa de ter compromisso com este governo. Não é uma ameaça, apenas uma constatação natural.

Peemedebistas dizem que o PSDB não tem alternativa a não ser apoiar Temer até 2018…

Sem o apoio do PSDB, não existirá governo Temer. O PSDB não pretende sair da base, sabe que o seu papel é imprescindível. Se o PSDB sair, quem perde é o governo. As cobranças do PSDB incomodam setores do PMDB? Talvez aqueles que tenham receio de enfrentar as reformas. Mas o núcleo mais próximo ao presidente tem reafirmado o compromisso com esta agenda.

O senhor vê no governo a disposição de implementar reformas?

Vejo isto no presidente, mas não consigo enxergar na totalidade do PMDB. Temer tem que ter uma “DR” com o PMDB. Se não começar com seu partido, uma senha estará sendo dada para que essas reformas não se viabilizem. Da mesma forma que Renan Calheiros deu uma senha ao encaminhar a votação (do fatiamento da pena de Dilma Rousseff), de forma inoportuna, para que o PMDB tivesse uma posição equivocada e de afronta à Constituição.

Foi aberta uma brecha perigosa, especialmente para Eduardo Cunha?

Acho que sim. E não há como inibir especulações sobre a quem interessava isto. O que não foi correto é o PMDB, através da maioria dos seus senadores, tomar uma decisão sem conversar com o PSDB. Isto deixa uma marca nesta relação, que precisará ser superada. Gerou um desconforto enorme no PSDB.

Lewandowski (presidente do STF) errou ao aceitar o fatiamento da pena?

A decisão não foi correta. Não acredito que ele tenha uma intenção subalterna ao tomar essa decisão, mas abriu um precedente extremamente grave. O que nós assistimos foi o regimento do Senado se impondo sobre a Constituição. Algo que me parece esdrúxulo.

Preocupa Dilma poder disputar eleição?

Não faz a menor diferença para o Brasil. Esta é uma página virada. A questão não se atém a se Dilma quer disputar eleição, até porque acredito que isto não está nos planos dela. Mas uma decisão desta gera especulação como a busca de foro privilegiado para estar fora das garras da Justiça de primeira instância.

O discurso do golpe beneficia Dilma e o PT?

Com todo respeito que merece a presidente, acho que em 30 dias ninguém vai estar falando nela. A cada êxito do governo Temer, esse discurso vai desaparecendo.

Houve acordo entre PT, PMDB e Lewandowski sobre o fatiamento?

Essas ilações surgiram e muitas outras envolvendo a votação do teto salarial. O tempo dirá quem efetivamente se beneficia com esta decisão.

O senhor ainda crê que a melhor solução seriam novas eleições?

Talvez para o PSDB fosse o mais adequado. Mas para a democracia, não, porque não há previsão constitucional. Ficou claro para nós que esta decisão não ocorreria em tempo hábil. Se o TSE, amanhã, definir novas eleições, é uma saída constitucional. Mas este é o único caminho.

E o processo no TSE de cassação da chapa presidencial?

Se alguém tem preocupação de Dilma ter os direitos políticos preservados, pode aguardar que o TSE resolverá este problema.

O presidente Temer também é réu nesta ação…

Caberá ao TSE avaliar se Temer teve responsabilidade nisso ou não.

O senhor acredita que as responsabilidades devem ser separadas?

Não sei fazer esta avaliação. Há pessoas que avaliam que ele não tem essa responsabilidade. Alguns diziam que os efeitos cessariam no momento do afastamento da presidente.

A Lava-Jato afetará o governo?

Temos que deixar que a Lava-Jato continue. Não existe motivação para cerceá-la. Sempre que isso ocorreu, resultou no fortalecimento da operação. Temer tem que governar e deixar que a Justiça faça sua parte.

E no seu caso?

São coisas tão absurdas e impossíveis de serem comprovadas que tudo isso será muito positivo. Vamos sair disso muito mais fortes. Tenho zero temor. Não apenas eu, mas vários outros também indevidamente citados. Uma coisa é um escândalo de corrupção que tomou conta do país, capitaneado pelo PT. As empresas dizerem que ajudaram A, B ou C em suas campanhas eleitorais é natural, é outra coisa.

Em que medida a Lava-Jato pautará 2018?

Todos os grandes nomes do PSDB estarão fortes em 2018 porque passarão incólumes por isso. A questão é política, mais abrangente. De que forma a política e os partidos tradicionais chegarão em 2018? O grande desafio do governo Temer é demonstrar que ainda é possível encontrar na política soluções para o país, porque o discurso da negação absoluta da política não é adequado.

Leia maisaqui.

O Amanhã

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 18/04/2016

Escrevo este artigo com a televisão ligada e, assim como milhões de brasileiros, aguardo a decisão final da Câmara dos Deputados em relação à admissibilidade do processo de impedimento da presidente da República.

Independente do resultado final que, acredito, será pelo afastamento, a hora é de serenidade e responsabilidade. Não há lugar para vencidos ou vencedores. Há um país que precisa se reencontrar com seu destino, que precisa ser reconstruído.

Todo processo de afastamento de um presidente acirra tensões e provoca desgastes na sociedade. Ainda assim, diante da gravidade da crise que vivemos, tais danos são menos dolorosos do que o prolongamento da agonia que paralisa o país.

A tarefa de reconstrução não será breve, pois estamos diante da maior recessão da nossa história. O setor produtivo precisa voltar a produzir, os trabalhadores querem de volta seus empregos, as famílias sonham com a queda da inflação e juros menores para pagar suas dívidas. As contas públicas têm de ser reequilibradas. É muita coisa a ser feita. Urge que se comece já. Mas sem ilusões.

Não se conserta um país sem um projeto claro e sem coragem para implementá-lo. O que o momento recomenda é uma distensão no ambiente, de tal ordem que permita a retomada de um debate de alto nível, envolvendo toda a população em torno de questões centrais.

A sociedade pautou este caminho. Seja nas ruas, em junho de 2013, ao cobrar melhores serviços públicos, ou durante toda a investigação da Operação Lava Jato e, mais recentemente, ao longo de todo o processo impeachment. E não há volta.

É hora de apresentarmos ao Brasil uma nova e vigorosa agenda. É hora de enfrentarmos o desequilíbrio da Previdência, fazermos a simplificação do nosso sistema tributário e fortalecermos o papel das agências reguladoras (independência e meritocracia), requalificando de forma definitiva a administração pública.

Além disso, uma maior abertura comercial ocasionaria a recuperação da confiança, o aumento da taxa de investimento e a consequente recuperação do emprego. Só assim teremos recursos para garantir e ampliar os programas sociais colocados em risco pela incapacidade desse governo.

Não há clima para desordem ou radicalismos. A transição que se inicia merece nossas melhores expectativas. A oposição, que não é beneficiária do processo de impeachment, não fugirá à sua responsabilidade e dará sua contribuição para enfrentarmos e vencermos essa crise sem precedentes, na qual a irresponsabilidade dos sucessivos governos do PT nos mergulhou.

Neste momento grave da vida nacional, o PSDB estará onde sempre esteve.

Ao lado do Brasil.

Leia também aqui.

Aécio coloca condicionantes para apoiar Temer

Em entrevista publicada nesta quarta-feira (13/04) pelo jornal Valor Econômico, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, deixou claro que, apesar de defender o impeachment da presidente Dilma Rousseff, existem condições para que o partido apoie um eventual governo do vice-presidente Michel Temer, do PMDB. Entre elas está o comprometimento com uma agenda de reformas que tirem o Brasil da crise econômica, política e social.

“Uma agenda capitaneada pelo Temer vai depender da coragem que ele tenha de encabeçar esta agenda, mas não tira do PSDB o seu compromisso de apresentar para o país uma proposta eleitoral. Não abdicamos do nosso projeto. Vamos dar sustentação política para o governo Temer desde que refaça o que precisa ser feito, construa essa linha. Temer já mostrou disposição de colher inspiração no que já apresentamos ao país”, afirmou.

Para Aécio, o que o Brasil precisa discutir daqui para frente é uma reforma política que recrie a cláusula de barreira, estabeleça voto distrital misto e proíba coligações proporcionais. Também é preciso coragem para modernizar a legislação trabalhista, garantindo empregos; investir na profissionalização das agências reguladoras, dos fundos de pensão e das estatais; simplificar o sistema tributário e debater a questão previdenciária.

O presidente nacional do PSDB reconheceu que um eventual governo Temer terá dificuldades, mas ressaltou que a mudança do governo é uma necessidade para o Brasil. “Dilma não garante as condições de continuar o mandato, porque a economia vai continuar paralisada e ninguém vai botar um real no país. A qualificação do governo tende a piorar”, disse.

Aécio Neves acrescentou que, na hipótese de o pedido de impeachment não ser aprovado na Câmara, o caminho natural seria o impulso ao processo de cassação da chapa eleitoral de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alimentado pelo agravamento da crise econômica e pelos fatos novos da Operação Lava Jato.

Ele avaliou que um cenário de vitória do governo na votação do impeachment poderia significar a maior das derrotas para o Brasil e para a própria Dilma. “Ela não readquirirá confiança. Governo sem credibilidade não é governo. Haverá um vácuo que precisará ser preenchido de alguma forma”, considerou.

‘Brasil requer urgência’

Aécio destacou ainda que, seja qual for a decisão tomada pelos parlamentares na votação, “o Brasil requer urgência”. Para o senador, a força do impeachment é alimentada pelo próprio governo e seus equívocos.

“Ouço muito líderes do PT, gente da base da presidente, culpando a oposição e as manifestações pelo clima de instabilidade, mas se hoje a presidente corre risco é por responsabilidade exclusiva dela. Ela está empenhada em preservar um único emprego no país, o seu. Ela sozinha jogou pela janela o ativo essencial, insubstituível, que é a credibilidade”, apontou.

“Não sou dos mais radicais oposicionistas e concedo que um terço da crise que estamos vivendo provém do desaquecimento externo. Mas a grande parte se deve ao que passamos no país. Uma queda do PIB [Produto Interno Bruto] de 10% em três anos é cenário de país em guerra. É claro que toda esta instabilidade, acrescida da Operação Lava-Jato, afeta muito mais o governo do que afetaria em um cenário de razoável instabilidade econômica”, completou.

Leia a entrevista na íntegra aqui.