Aécio Neves – Entrevista – Jantar em homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso

Local: Belo Horizonte

Assuntos: homenagem ao ex-presidente FHC, oposição, crise no governo, eleições 2012.

Sobre a homenagem.

É um privilégio para nós, mineiros, que temos, agora, Fernando Henrique como nosso conterrâneo. A história vai fazer ao presidente Fernando Henrique a justiça que, talvez, as circunstâncias ainda não tenham feito. A grande ruptura que se deu no Brasil, do atraso, da hiperinflação, para o Brasil do desenvolvimento, da inclusão social, foi exatamente no governo Itamar, com Fernando Henrique ministro da Fazenda, e, depois, no próprio governo Fernando Henrique, com o Plano Real, com a modernização da economia, com a Lei de Responsabilidade Fiscal.  Essas são as construções sólidas, estruturais, que foram feitas no Brasil nos últimos 20 anos. Do governo do PT para cá, nenhuma outra ruptura foi feita, nenhuma outra grande reforma foi feita. Por isso, ter o presidente Fernando Henrique como nosso conterrâneo, agora, é motivo de enorme orgulho, porque se trata de um grande estadista.

Sobre declarações do presidente do PT, Rui Falcao, em BH.

Eu me preocuparia se ele me elogiasse. Então, os atores estão no local correto. Não o conheço bem, provavelmente ele também não conhece a nossa ação, a nossa estratégia. Acho que o governo do PT deveria se preocupar com o PT. Devia se preocupar com as crises permanentes nas quais o governo está mergulhado. Acho que o governo não está muito em condições de analisar o que faz ou deixa de fazer a oposição. Vamos continuar apontado os equívocos, a falta de iniciativa, do governo. Talvez, a contribuição que ele poderia dar ao Brasil, maior, seria forçar os eu partido a discutir as grandes reformas estruturantes que nos últimos oito anos não foram discutidas. Onde está a iniciativa do PT, com toda a sua base de apoio, em torno da reforma política, da reforma tributária, para avançarmos na diminuição da carga tributária, na própria reforma desse paquidérmico Estado brasileiro, ineficiente em muitas áreas. Portanto, o que tem faltado ao Brasil é um projeto de País. O PT, infelizmente, acomodou-se em torno de um projeto de poder. Ao PT, satisfaz a ocupação do aparelhamento da máquina pública em índices esses nunca antes vistos nesse País. Então, lamentavelmente o que estamos assistindo, hoje, é o PT amarrado na sua própria armadinha. Falta ao PT e falta àqueles que estão no poder, hoje, um projeto de País. Optaram por manter um projeto de poder e isso é muito pouco. Vamos continuar criticando essa forma de agir do PT.

O senhor acha que o José Dirceu tem influência no governo como foi denunciado?

Falo da oposição, não falo do governo. Até porque, aqui em Minas, somos um pouco mais delicados.

E em Belo Horizonte, senador, como fica a questão da sucessão municipal? A aliança pode ser reeditada?

Tenho dito e vou repetir: o partido, em Belo Horizonte, vai conduzir essas negociações. Existem setores que gostariam de ter uma candidatura própria, até mesmo pela força do partido em Belo Horizonte, manifestada nas últimas eleições. Ganhamos largamente com o governador Anastasia, ganhamos com o candidato José Serra, agora, compartilhamos a administração com o prefeito Marcio Lacerda. É preciso que essa questão amadureça a partir das bases do partido. Qualquer que seja a decisão das bases terá o meu apoio.

O presidente Fernando Henrique falou da sua articulação para se aproximar do PMDB. Ele vê que isso pode se refletir em outros estados.

Olha, aqui temos, a verdade é essa, historicamente, uma aliança com setores do PMDB. Em municípios, centenas de municípios em Minas Gerais, administramos conjuntamente com o PMDB. No meu governo mesmo, em momentos importantes, o PMDB, ous etores do PMDB, estiveram ao nosso lado. A política é feita de gestos. No momento em que o PMDB faz um gesto de desgarrar-se da oposição pouco mineira e muitas vezes pouco responsável que o PT vem fazendo, e que certamente gerou um incômodo no PMDB, temos que responder a essa sinalização, dizendo que todos que queiram nos ajudar nesse processo de imensa transformação por que passa Minas Gerais, já há alguns anos, hoje sob o comando do governador Anastasia, serão muito bem-vindos.

E vai ampliar isso, senador?

Acho que estamos dando alguns sinais. Cada estado tem a sua realidade, tem que ser respeitada. Mas, jamais deixarei de estar discutindo com as pessoas de bem as questões de interesse de Minas e de interesse do Brasil.

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