O deputado federal Aécio Neves considerou incompreensível e inadequada a declaração feita pelo presidente do Brasil em relação à ex-presidente do Chile Michele Bachelet.
Em pronunciamento na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (04/09), Aécio disse que a declaração agrediu também os brasileiros e repete erro cometido pelo governo do PT nas relações diplomáticas.
Em redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro atacou o pai da ex-presidente do Chile, morto sob ditadura de Augusto Pinochet.
Segue íntegra do pronunciamento
Eu me sinto no dever, como antigo parlamentar, com tantos anos de dedicação à vida pública, em especial à esta Casa, me sinto na obrigação de fazer um registro. É incompreensível, mais do que inadequado, é incompreensível que nós ouçamos do presidente do Brasil, e não apenas de uma parcela do Brasil, palavras tão questionáveis, tão duras em relação a uma ex-presidente de um país irmão, de um país vizinho. Isso porque quando o presidente da República fala, fala o país que ele representa.
É hora de buscarmos convergências e não buscarmos crescer na divergência.
Quero aqui dizer que esse é um sentimento amplo dentro do meu partido, mas dentro da sociedade brasileira, de repulsão a essa verborragia que em nada atende aos interesses do país.
Atacar uma ex-presidente de um país vizinho para defender seus ideais, seu pensamento, não é o caminho mais adequado. Fica aqui um sentimento que estamos caminhando na direção oposta ao que deveríamos fazer na busca de um entendimento regional para que o Brasil reassuma a sua liderança natural, que tem pela sua pujança econômica, pelo seu território quase que continental nessa região.
Ao contrário disso, estamos nos isolando. Aquele isolamento que o PSDB condenava ao qual o PT estava nos levando.
Infelizmente, posições como essa acabam, por uma outra via, com outros argumentos, chegando, infelizmente, ao mesmo fim.
Fica aqui uma palavra quem sabe de alerta para que possamos ter do presidente da República palavras que possam expressar o sentimento da nacionalidade, de todos os brasileiros, e não apenas de uma parcela menor.