O senador Aécio Neves criticou, na noite desta terça-feira (1/04), em plenário, manobra da base do governo do PT para tentar inviabilizar no Senado a instalação da CPI da Petrobras. Aécio Neves lamentou que o governo atue para impedir as investigações por meio de manobras, enquanto não apresenta explicações para as graves denúncias trazidas a público.
O requerimento de instalação da CPI da Petrobras já reúne as assinaturas necessárias de senadores e busca investigar as denúncias de um rombo de US$ 1,2 bilhão nas contas da estatal, causado pela compra da refinaria de Pasadena (EUA); os US$ 20 bilhões investidos na construção da refinaria Abreu e Lima, após previsão inicial de US$ 2 bi, em parceria com a Venezuela; denúncias de pagamento de suborno a diretores da empresa para beneficiar a companhia holandesa SBM; e a colocação em alto-mar de plataformas que ofereciam risco aos funcionários da Petrobras.
Abaixo, trechos de fala do senador Aécio Neves:
Oposição
“Não foi a oposição que resolveu, de repente, investigar um governo adversário. As denúncias que levam a esse requerimentos e as assinaturas necessárias surgiram por ações de muitos, inclusive servidores da própria Petrobras, por denúncias na empresa que causam indignidade à sociedade brasileira. O que a oposição faz é cumprir suas prerrogativas. Estamos falando da essência do Parlamento”.
Ameaças
“A imprensa noticia ação de pressão sobre determinados parlamentares que o assinaram. Uma ação terrorista: ‘vamos investigar ações nos estados dos adversários eventuais da presidente da República’. Que fiquem muito à vontade”.
Falta de respostas
“Mas o que mais me chama atenção. Nenhuma palavra, nenhuma voz de nenhuma liderança do governo para dizer ‘não, Pasadena foi um ótimo negócio para a Petrobras e para o Brasil. Não, o orçamento da Abreu e Lima está sendo cumprido integralmente. Não houve qualquer tipo de desvio em relação às empresas holandesas’. Não há nenhuma voz da base do governo para defender as ações da Petrobras ou aquilo que foi lá realizado”.
“Ao contrário. As justificativas, quando chegam aos nossos ouvidos, são absolutamente contraditórias. O ex-presidente da Petrobras, atual secretário de Planejamento do governo do PT da Bahia diz que foi um ótimo negócio, que atendeu às circunstâncias de mercado daquele momento. A presidente do Conselho da Petrobras naquele momento [a presidente Dilma Rousseff] diz que não teria tomado essa decisão que já haviam sido inclusive publicadas em balanços da parceira Astra um ano antes”.
Gleisi Hoffmann
“Eu perguntarei à senadora Gleisi Hoffman se por acaso definíssemos investigar apenas Pasadena, que é o assunto que está nas ruas, nas escolas, nas universidades, sendo discutido por toda a população brasileira, teríamos a assinatura da senadora, já que o argumento aqui trazido é de termos apresentado quatro denúncias? Claro que não.”
BNDES
“Se a base do governo acha que tem denúncias que devam ser apuradas, que apresente seus requerimentos, como me parece já se prepara um sobre a Alstom. Certamente, terão a lisura de incluir em relação a esta empresa os contratos com a Petrobras, a Eletrobras, os contratos feitos com a CBTU para os metrôs de Belo Horizonte, de Porto Alegre, Brasília, dentre outros. Querem investigar o setor elétrico, que o façam, se acham que é um fato determinado para isso. Se querem investigar os portos, que apresentem requerimentos. Vamos incluir os portos brasileiros, os portos cubanos, os financiamentos do BNDES. Será que não seria a grande oportunidade para abrirmos esta caixa-preta dos financiamentos secretos do BNDES para países amigos?”
Fato determinado
“Há um fato determinado. Denúncias de extrema gravidade na Petrobras, seja na aquisição da refinaria de Pasadena com prejuízos de mais de US$ 1,2 bilhão para os brasileiros, seja em relação às refinarias, em especial Abreu e Lima, orçada em US$ 2 bilhões e que já gastou US$ 18 bilhões, seja em relação às denúncias de propinas pagas por empresa holandesa a servidores da Petrobras, ou as plataformas colocadas no mar sem os equipamentos de segurança necessários.”