O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, reforçou nesta terça-feira (20/10), as críticas de parlamentares da oposição ao silêncio do governo brasileiro diante da decisão da Venezuela de vetar o ex-presidente do TSE, Nelson Jobim, na missão da Unasul (União das Nações Sul-americanas) que acompanhará as eleições legislativas marcadas para dezembro no país vizinho.
Diante da recusa do governo venezuelano e da falta de garantias de que a missão poderá de fato acompanhar as fases do processo eleitoral e verificar se existe igualdade na disputa, o TSE desistiu de participar da missão da Unasul.
“Assistimos agora ao TSE se manifestar, de forma veemente e positiva, em relação também à não aceitação da indicação do ex-ministro Nelson Jobim como presidente desta comissão. E nada oficial do governo federal. Mais uma vez, o governo caudatário. O que assistimos é o governo do Brasil abdicando da sua liderança regional natural que a natureza e o trabalho de séculos de brasileiros nos possibilitaram ter”, disse Aécio Neves em aparte ao senador Aloysio Nunes Ferreira, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Para o senador, o governo brasileiro é omisso e faz vistas grossas à escalada autoritária no governo de Nicolás Maduro. “Quando se fala de liberdade e democracia não há de se respeitar fronteiras. Infelizmente, a submissão do governo brasileiro causa gravíssimos prejuízos à liberdade e à democracia nesse país irmão que é a Venezuela”, afirmou.
Leia, a seguir, o pronunciamento feito pelo senador Aécio Neves sobre as eleições na Venezuela:
“Nos últimos meses, temos vivido intensamente as preocupações em relação ao que acontece não apenas na Venezuela, mas na região, mas, obviamente, pela gravidade da situação especial, na Venezuela. E essa questão, como aqui disse adequadamente o Senador José Agripino, de observadores internacionais foi sempre colocada, inclusive quando nós lá estivemos, como talvez a virada de página. Seria a concessão, o gesto que o governo Maduro faria no sentido de legitimar quaisquer que fossem os resultados das próximas eleições marcadas agora para o início de dezembro. Essa reação patrocinada pela Unasul, na verdade, vai ao encontro na direção das nossas mais profundas e graves preocupações.
E o que é mais grave ainda é que nós temos assistido a manifestações, Senador Renan, inclusive com o apoio de V. Exª, marcantes do Parlamento brasileiro em relação a essa questão da supressão dos direitos e das liberdades democráticas na Venezuela. Assistimos agora ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se manifestar, de forma veemente e positiva, em relação também à não aceitação da indicação do ex-ministro Nelson Jobim como Presidente desta comissão. E nada oficial do Governo Federal. Mais uma vez, o Governo caudatário.
Mais uma vez, o Poder Executivo olhando para frente como se nada enxergasse, como se não fosse ele, de alguma forma, também responsável pela aliança que ele firmou, que com o governo venezuelano firmou e, na verdade, a incapacidade de cobrar avanços de maior transparência nas várias ações daquele país, em especial aos, ainda, presos políticos, o que assistimos é o governo do Brasil abdicando da sua liderança natural regional que a natureza e o trabalho de séculos de brasileiros nos possibilitaram ter.
Na verdade, se aqui, internamente, as coisas vão, da forma que sabemos, muito mal na economia, no ambiente social, muito mal na questão moral, agora também assistimos a responsabilidade do governo federal também pela falta de transparência que me parece orientará ou conduzirá mais essas eleições venezuelanas. Fica aqui o apoio do PSDB a essa moção aqui apresentada pelo senador José Serra, mas em especial, os cumprimentos à Vossa Excelência pelo papel que tem desempenhado à frente da Comissão de Relações Exteriores desta Casa.
Firme, sempre equilibrado, como é da natureza da Vossa Excelência. Mas sempre firme para dizer aquilo que repetimos tantas vezes, quando se fala de liberdade e democracia não há de se respeitar fronteiras. Infelizmente, a submissão do governo brasileiro causa gravíssimos prejuízos à liberdade e à democracia nesse país irmão que é a Venezuela.”