Aécio: Crise de confiança permanece mesmo com ajuste fiscal de Dilma

Para o senador, as medidas aprovadas pelo governo Dilma Rousseff esta semana são insuficientes para trazer de volta a confiança dos investidores no Brasil

Foto : George Gianni

A crise de confiança na economia brasileira permanece mesmo após a aprovação pelo Congresso das principais medidas do ajuste fiscal proposto pelo governo. A avaliação é do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves. Para o tucano, as medidas aprovadas pelo governo Dilma Rousseff esta semana são insuficientes para trazer de volta a confiança dos investidores no Brasil e fazer frente à recessão que atinge em cheio os trabalhadores e as famílias brasileiras.

“É um ajuste extremamente rudimentar, que se sustenta em apenas dois pilares: aumento de carga tributária e a supressão de direitos trabalhistas. Não há hoje no Brasil aquilo que seria essencial para a superação dessa gravíssima crise em que o governo da presidente Dilma nos colocou que é a confiança para que os investidores voltem a investir, voltem a estabelecer parcerias com o setor público e permita uma perspectiva de redução de taxa de juros de longo prazo para que o país volte a crescer com a inflação sob controle”, afirmou Aécio Neves, em entrevista à imprensa.

Aécio avaliou que o governo Dilma não tem sido capaz de sinalizar para os investidores que existe um ambiente seguro no país para a retomada dos investimentos, que agora são o passo necessário para que a economia volte a crescer gerando empregos.

“O governo da presidente Dilma, além da tragédia na condução da economia, além da tragédia no seu comportamento ético que transformou o Brasil no país da corrupção, nos envolveu em uma crise que, a meu ver, permeia todas as outras, e ainda a mais grave que é a crise de confiança, de credibilidade. Os investidores não investem e na indústria todos os setores, sem exceção, estão demitindo nesse ano porque não confiam no governo. Não acreditam que ele tenha capacidade de permitir que o Brasil recupere o seu processo de crescimento”, disse o senador.

 

A conta paga pelos trabalhadores

Aécio Neves também criticou o repasse para os trabalhadores da conta paga pela população pelos erros cometidos na condução da economia e pelo excesso de gastos do governo. As medidas provisórias aprovadas essa semana pelo PT e pela base do governo restringiram o acesso dos trabalhadores ao seguro-desemprego, mudaram a pensão por morte, o seguro-defeso e ao abono salarial. O PSDB votou contra todas essas mudanças que alteraram direitos trabalhistas.

“Esse ajuste é a demonstração clara, é o carimbo do estelionato eleitoral que a presidente da República cometeu na campanha e é o carimbo também da sua irresponsabilidade. Porque se ela tivesse tomado as medidas, que já sabia eram necessárias, durante o processo eleitoral, ou mesmo no ano anterior ao processo eleitoral, em 2013, o custo para os trabalhadores e para as famílias brasileiras seria muito menor”, avaliou o presidente do PSDB.

 

Balcão de negócios
O líder tucano criticou também as negociações de cargos federais feitas pelo governo em troca dos votos necessários no Congresso para aprovação das MPs do ajuste.

“O governo sempre teve maioria, mas precisou restabelecer a pior das práticas políticas, que é o grande balcão de favores. Durante as votações, tanto na Câmara como aqui no Senado, os telefones dos ministros, de parlamentares com o vice-presidente da República não paravam de tocar. Por quê? Eram compromissos que eram assumidos para que os parlamentares votassem a favor do governo. Se foi uma vitória aritmética do ponto de vista dos votos, a meu ver foi uma derrota política”, avaliou Aécio Neves.

O senador cobrou da presidente Dilma Rousseff as mudanças prometidas por ela aos seus eleitores durante a campanha ano passado, mas descumpridas agora na relação política do governo com os partidos aliados.

“Mudou para pior. Nunca o custo foi tão alto para que os votos a favor do governo viessem. São cargos distribuídos da forma menos aconselhável e recomendável possível. E isso, a meu ver, é a perspectiva de lá na frente termos novos escândalos, como o da Petrobras, porque a repartição é feita sem qualquer critério. O governo, na verdade, trocou os cargos públicos, as funções públicas por votos no Congresso Nacional. Eu não comemoraria isso como uma vitória. Isso é, a meu ver, a radiografia mais clara do fracasso de um governo que não tem mais condições de convencer sequer a sua própria base”, criticou.

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