Aécio Neves – Entrevista durante encontro com sindicalistas e deputados do Solidariedade

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (26/11), em Brasília, durante encontro com sindicalistas e deputados do Solidariedade. Aécio Neves destacou que o novo partido possui algumas das principais lideranças da Força Sindical, que não se deixaram cooptar pelo governo.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre o encontro

O Solidariedade vem desde o início de sua formação dizendo que não se curva à cooptação do governo, a esse governismo de cooptação que se tornou regra no Brasil. O Solidariedade traz na sua constituição algumas das principais lideranças da Força Sindical, que também é uma central sindical que não se deixou cooptar pelo governo. Por isso, valorizo muito essas manifestações de apoio das principais lideranças de todos os estados brasileiros que vieram aqui hoje. E um partido social-democrata, como o PSDB, tem que ter a preocupação e apresentar ao Brasil uma pauta sindical, uma pauta que qualifique o emprego, que reverta o processo de desindustrialização que vivemos hoje no Brasil. E que nos tire do final da fila em crescimento do PIB. Esse ano, vamos crescer apenas mais que a Venezuela, com uma inflação sempre no teto da meta. Isso não é justo com o Brasil das potencialidades que temos. Esse encontro não só revigora a proposta do PSDB, mas nos permite discutir uma nova e ousada agenda no Brasil.

 

Sobre alianças do governo

A presidente tem no entorno do seu projeto um grande número de partidos, mas isso não me parece consistente. Porque o que amálgama, o que aproxima esses partidos é exclusivamente a distribuição de nacos de poder. E no momento, que eu acredito que vá acontecer, em que a candidatura da presidente mostrar suas fragilidades, porque será uma candidatura sempre na defensiva – na defensiva do desarranjo da economia, na defensiva na não entrega dos investimentos em infraestrutura que estão abandonados pelo Brasil afora, na defensiva quando formos olhar os indicadores sociais que deixaram de melhorar –, acredito que boa parte, sobretudo da base desses partidos políticos, se as cúpulas mantiverem o entendimento, poderá estar buscando algo novo para o Brasil.

É muito mais consistente termos menos aliados, menos partidos políticos, mas mais gente, mais povo, mais pessoas querendo mudança, do que mais cúpulas como tem a presidente, e menos base, que é o que, acredito, vai acontecer no momento da eleição.

 

Sobre encontros com o governador Eduardo Campos

Especula-se muito sobre todas as vezes que encontro com o Eduardo, e olha que a maioria das vezes sequer a imprensa noticia. Tenho uma relação com o Eduardo de muito tempo, respeito a candidatura do Eduardo. Acho que, passo a passo, a tendência é que o seu discurso, de alguma forma, se aproxime do discurso que o PSDB vem fazendo desde o início do governo Lula, de oposição a tudo que está aí. Já assistimos isso em relação ao diagnóstico da questão econômica, aos questionamentos em relação à eficiência do governo na infraestrutura. A visão do Brasil em relação ao mundo. Cada vez mais percebo que há uma aproximação da compreensão das dificuldades do Brasil que o Eduardo tem em relação a que, nós do PSDB, tradicionalmente, temos defendido. Mas temos que respeitar sua provável candidatura à Presidência da República.

Nós, desde o início, sempre estimulamos inclusive a candidatura da Marina. O PSDB apoiou a constituição da Rede, ao contrário do PT, que achou que podia ganhar por W.O. Portanto, temos que respeitar outras candidaturas, acho que isso oxigena o ambiente eleitoral, acho que isso traz maior densidade ao debate, onde vamos fugir daquela dicotomia criada pelo PT de nós ou eles:  os que estão no governo, os que aceitam cargos no governo, somos nós (governistas), os que querem bem ao Brasil. Os que fazem oposição aos desmandos do governo são impatrióticos, são aqueles que querem mal ao Brasil, são os pessimistas.

Isso não pode haver. Isso não é justo para com o Brasil. E nós do PSDB vamos cumprir o nosso papel. Seremos oposição sem adjetivos a isso que está aí. Porque somos brasileiros e queremos que o Brasil inicie um novo ciclo, onde eficiência e ética possam caminhar juntos. E nenhuma das duas caminha no governo do PT.

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