O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (19/03), sobre a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras. Aécio Neves cobrou uma investigação profunda sobre o caso, que levou a Petrobras a ter um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão e teve a aprovação direta da presidente Dilma Rousseff.
Leia a transcrição da entrevista do senador:
Sobre as denúncias em relação à compra da refinaria Pasadena
Queremos uma investigação profunda porque hoje o Brasil fica sabendo que uma operação extremamente lesiva à Petrobras, que levou prejuízo de US$ 1,2 bilhão teve a aprovação direta e pessoal da então presidente do Conselho de Administração da Petrobras, atual presidente Dilma Rousseff, especialista no setor.
Hoje, a Presidência da República diz que foi induzida a um erro por um parecer falho, incompleto. E o que é mais grave é que o responsável por esse parecer, então diretor internacional da Petrobras, não foi afastado e nem foi investigado. Foi promovido. Ele hoje é diretor financeiro de uma das mais importantes empresas brasileiras, a BR Distribuidora. A gravidade é que, ao invés de investigar as razões deste parecer, se o que a presidente da República diz é correto – mais uma vez terceirizando responsabilidades – este servidor deveria ser investigado e afastado. Ele foi promovido. Infelizmente, é a forma como o PT trata os cargos públicos.
Segundo o senador Humberto Costa, ainda não dá para afirmar que este foi um mau negócio.
Foi um péssimo negócio. Afirmado não por mim, mas pela própria Petrobras. No seu balanço de 2012, consolidou um prejuízo de US$ 450 milhões apenas nesta operação. E mais US$ 600 milhões deverão ser consolidados brevemente. Foi uma operação lesiva ao interesse da Petrobras, lesiva ao interesse nacional, e o que é grave, teve a participação direta, omitida até este instante, da presidente Dilma Rousseff. O Brasil elegeu uma presidente da República sob a aura da competência gerencial, da competência administrativa. E aqui não há nenhuma acusação em relação ao comportamento e à probidade pessoal da presidente da República, mas sim um questionamento à capacidade de tomar decisões. A Petrobras é hoje a empresa não financeira mais endividada do mundo. Teve a sua nota de crédito rebaixada por uma das mais importantes agências de risco internacionais. Perdeu mais de 50% do seu valor de mercado apenas nesses últimos quatro anos. Não é sequer a maior petroleira da nossa região, perde já para a colombiana, pela gestão temerária do PT, que se apropria do Estado em benefício próprio, em benefício do seu projeto de poder. E uma dúvida está no ar: qual a força desse senhor que depois de aconselhar a Petrobras a um ato tão irresponsável como este, dito pela própria Petrobras, é hoje promovido e hoje tem um espaço de comando extremamente importante na área financeira do governo federal?
Criada a comissão, quem os senhores pretendem ouvir?
A comissão tem as suas prerrogativas e vai, obviamente, buscar ouvir a presidente da Petrobras, o ex-presidente, o próprio diretor. Mas o que queremos é mais do que isso. Acho que agora é uma questão com a sociedade brasileira. E acho pessoalmente, digo isso como presidente do maior partido de oposição no Brasil, que a presidente da República deve uma explicação direta à sociedade brasileira. O que a fez tomar esta decisão? O conhecimento profundo do tema e depois uma mudança, como alguns líderes disseram, das condições de mercado? O desconhecimento do tema ou foi induzida por um relatório que tinha outras intenções? Com a palavra a presidente da República. O Brasil aguarda da senhora presidente da República, uma reposta cabal e definitiva sobre esta ação extremamente lesiva à Petrobras e ao Brasil.