O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, criticou, nesta sexta-feira (14/08), em Maceió (AL), as declarações dadas ontem pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), durante solenidade no Palácio do Planalto, em que convocou a militância do PT a sair às ruas com armas na mão.
Aécio disse que o Brasil assistiu com perplexidade à declaração feita na presença da presidente da República, sem que ela contestasse a grave incitação à violência feita na sede do governo. O senador disse que os brasileiros sairão às ruas no domingo (16), nas manifestações marcadas contra o governo, levando como arma a Constituição brasileira.
“O Brasil assistiu com perplexidade à declaração, na sede do governo nacional, no Palácio do Planalto, na presença da senhora presidente da República, e sem que ela fizesse qualquer contestação, a palavra de um dirigente sindical, conclamando seus companheiros a se entrincheirarem e pegarem em armas. Quero dizer ao presidente da CUT e, principalmente aos brasileiros, que nós não vamos nos entrincheirar, nós vamos de cabeça erguida para as ruas de todo o Brasil no próximo domingo, levando como nossa única arma a Constituição do Brasil. Essa é a arma de que dispomos para fazer com que a lei seja cumprida”, afirmou.
O presidente nacional do partido também ressaltou que a oposição não se intimidará com as ameaças do presidente da CUT e de setores do PT. Aécio disse que o PSDB seguirá agindo de forma pacífica e corajosa em defesa dos interesses do país e da democracia. A saída para a grave crise que o Brasil atravessa, ressaltou Aécio, passa pela Constituição.
“Para nós, qualquer que seja o desfecho dessa gravíssima crise, inclusive se a presidente readquirir as condições de governabilidade e continuar no cargo, tem que ser pela via constitucional. O que não aceitamos é que a defesa da Constituição que fazemos, e isso passa pela defesa das decisões dos tribunais, possa ser chamada, como têm chamado alguns que perderam o discurso, de tentativa golpista. Somos na verdade formuladores, junto com outras forças políticas, da atual Constituição. Diferente do PT, louvamos a Constituição, assinamos a Constituição e vamos fazê-la cumprir”, ressaltou Aécio Neves, lembrando que o PT se recusou, em 1988, a assinar o texto da atual Constituição.
A legitimidade dos votos da oposição
Aécio voltou a defender a importância das instituições responsáveis pelas investigações de corrupção no país e de fiscalização do governo. O senador ressaltou que a sociedade espera que a Polícia Federal, Ministério Público e os Tribunais de Contas da União (TCU) e Eleitoral (TSE) sigam agindo com independência e responsabilidade.
“Não abriremos mão da legitimidade do voto que recebemos para exercer a plenitude democrática a nossa função de contraponto a este governo que aí está, apontando os seus equívocos, garantindo o funcionamento pleno das nossas instituições, assim como vem ocorrendo com a Polícia Federal, com o Ministério Público. Temos de garantir que os tribunais, seja o Tribunal de Contas da União, seja o Tribunal Superior Eleitoral, funcionem sem qualquer tipo de constrangimento e que possam julgar as demandas que lá estão com a isenção que deles espera a sociedade brasileira. O PSDB não faz pré-julgamentos”, defendeu.
Responsabilidade pela crise é do PT
Durante a entrevista, em Maceió, Aécio Neves afirmou que a presidente Dilma Rousseff e o PT perderam a credibilidade com a sociedade por terem mergulhado o Brasil em uma gravíssima crise e, hoje, pagam o preço de terem mentido aos brasileiros na campanha eleitoral.
“Não há como terceirizar a responsabilidade pela crise que hoje assola o Brasil, tira os empregos dos trabalhadores, tira comida da mesa dos trabalhadores, com a inflação, com os juros na estratosfera, pune aqueles que se endividaram, estimulados por este governo. Tivemos, pela primeira vez em 20 anos, uma queda real da renda do trabalhador brasileiro. E a responsabilidade por tudo isso é da senhora presidente da República e do seu partido, que, no ano passado, e mesmo no ano anterior, não tomaram as medidas que poderiam ter tomado para minimizar o efeito dessa crise”, afirmou Aécio Neves.