Aécio Neves – Entrevista coletiva em 
Uberlândia

O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, hoje (28/10), em Uberlândia, onde esteve para participar do Conversa com os Mineiros, o primeiro de uma série de encontros regionais do partido em Minas Gerais. O senador falou à imprensa sobre os objetivos do encontro, a agenda nacional do PSDB para o ano que vem, as privatizações realizadas pelo PT, a implantação do gasoduto no Triângulo Mineiro, entre outros assuntos.

Leia a transcrição da entrevista abaixo:

 

Sobre o encontro em Uberlândia

Reunimos aqui as principais lideranças políticas do conjunto de partidos que,  desde de 2002, vêm dando sustentação a esse projeto transformador que hoje é conduzido em Minas, com extrema eficiência, pelo governador Anastasia. Está na hora, sim, de começarmos a definir nossas bandeiras, conversarmos com as várias regiões do Estado – vamos fazer outros encontros como esse –, mas não foi por acaso que começamos em Uberlândia.  A importância política, cultural, econômica de Uberlândia no cenário de Minas justifica que aqui tenha sido dada a largada, o pontapé inicial.

Estou extremamente otimista de que vamos ter, em Minas Gerais,  mais quatro anos de governo sério, de governo honrado. É bom para Minas, mas também estou seguro que, no plano nacional o sentimento é de mudanças. E, obviamente, com Minas unida essa mudança fica muito mais fácil.

 

Sobre a chapa para o governo de Minas

O PSDB tem felizmente quadros extraordinários que estão aqui colocados, e essa decisão vai ocorrer com absoluta naturalidade. Já que, infelizmente, o governador Anastasia, pela legislação, não pode disputar mais um mandato – que seria o caminho natural –, mas infelizmente ele já foi reeleito, teremos um novo nome. E acho que as coisas caminham com naturalidade. As pessoas estão conversando entre si. Não há uma data marcada, determinada para esse lançamento, mas o que é mais importante hoje é estarmos unidos, e isso hoje foi uma demonstração de força, de unidade do nosso campo político que, ao longo desses últimos anos, só se fortaleceu e se ampliou. O normal é você perder forças, nós adquirimos força. E no momento que esta decisão estiver madura ela vai ser tomada pelo conjunto dos partidos e não apenas pelo governador e pelo senador.

 

Sobre a agenda do PSDB para o ano que vem

Estamos construindo essa agenda nesses vários encontros pelo Brasil. Já estivemos no Nordeste há menos de dois meses atrás. Fizemos um grande encontro da região Sul do país em Curitiba (PR), volto inclusive ao Rio Grande do Sul na semana que vem. Vou depois, ainda na semana que vem, a Manaus (AM), no encontro da região Norte. Volto a Belém (PA) para concretizar a agenda da região Norte, depois fazemos um grande encontro em Goiânia (GO) na região Centro-Oeste.

A partir daí estaremos prontos, acredito que na primeira quinzena de dezembro, para lançar não um programa de governo, há tempo ainda, mas as linhas gerais daquilo que vou chamar, agenda para o futuro. As principais ações, que na nossa visão, deveriam, rapidamente implementadas para que o Brasil volte a crescer de forma digna. Vamos crescer, já foi dito aqui hoje, apenas mais do que a Venezuela esse ano. Isso não se justifica. E o crescimento, no período da atual presidente da República, do Brasil comparado aos vizinhos da América do Sul é vergonhoso.

Cresceremos em torno de 1,8% enquanto a América do Sul – e olha que não estamos falando de países industrializados, países extremamente competitivos – vamos ter um crescimento de 5,1%, o Brasil vai crescer um terço.

 

Sobre privatizações do PT

Precisamos apresentar linhas gerais de condução da política macroeconômica, da política social e da agenda de investimentos em parceria com o setor privado. A grande verdade, é que esse longo aprendizado do PT, que tanto demonizou, por exemplo, as parcerias com o setor privado e agora as realiza de forma envergonhada, mas realiza, custou muito caro ao Brasil. O PT realizou, poucos dias atrás, a maior privatização da história do Brasil no pré-Sal. Mas tem dificuldades de sequer admitir isso.

Nós não podemos demonizar o capital privado. Temos de criar condições no Brasil de respeito a contratos, condições jurídicas que não se alterem a todo instante para que os investimentos tenham segurança de vir para o Brasil. O Brasil apostou, ao longo desses últimos anos, apenas no crescimento via consumo. Isso exauriu-se. Isso chegou no limite. Mais de 60% das famílias hoje estão endividadas. No momento em que deveríamos ter nos preparado para dar continuidade a este crescimento pela via do investimento, o que fizemos foi o contrário, afastamos o capital privado. Estive há poucos dias em Nova York, falando para um grupo enorme de investidores de todo o mundo, e a visão que se tem em relação ao Brasil é de enorme pessimismo. Exatamente pelo intervencionismo do governo, pela flexibilização na condução da política econômica. Por isso, acho que ano que vem é hora de encerrarmos esse ciclo e iniciarmos um outro.

 

Sobre definição da candidatura nacional do PSDB

Tenho dito há muito tempo e repito hoje aqui: a principal das artes das política é administrar o tempo. Não há necessidade de termos uma candidatura colocada agora. Tenho viajado o Brasil como presidente nacional do PSDB. Tenho buscado construir esta agenda nesta condição de dirigente partidário. Acho que no início do ano que vem teremos o clima adequado para a definição de quem irá empunhar essas bandeiras. Nada adianta você ter um candidato hoje que as pessoas não compreendam com clareza o que ele representa, que tipo de visão tem em relação à Federação como disse, em relação ao financiamento da saúde, da segurança, à política externa.

Vamos construir, as linhas gerais daquilo que será o embrião de um programa para o Brasil e, a partir daí, o partido estará pronto para, no início do ano que vem, ter o seu candidato com muita naturalidade e extremamente unido. A nossa unidade é o combustível mais valioso que temos para vencer as eleições.

 

Sobre implantação do gasoduto no Triângulo Mineiro e implantação da fábrica de amônia

Eu iniciei esta mobilização. Esta negociação para o gasoduto começou no meu governo, no ano de 2008 e 2009, na objeção forte da Petrobras. Eu faço aqui a homenagem e me lembro que em uma dessas reuniões me acompanhou o ex-presidente José Alencar, que foi importante para que esta decisão fosse tomada. Mas só foi tomada porque eu assumi o compromisso e o governador Anastasia está honrando, de a Cemig participar da construção do gasoduto. Se não, não teríamos sequer a possibilidade da fábrica de amônia vir para Uberaba.

Foi uma negociação ampla conduzida por nós. O governo federal demorou muito a dar esta autorização e espero que possamos, em um entendimento de alto nível, do governador Anastasia e do governador Geraldo Alckmin, ter rapidamente o anúncio do início da construção da fábrica em Uberaba.

O importante é voltar ao passado e lembrar. Só está sendo viabilizada essa fábrica porque o governo de Minas assumiu o compromisso com a construção do gasoduto. Achava inclusive que poderia ser feito pela própria Petrobras, mas ela não quis fazê-lo. Assumi esse compromisso, o governador Anastasia está honrando, e por isso estou convencido que a fábrica de amônia vem para Uberaba.

 

Sobre o discurso do PSDB

Acho que o PSDB tem que fazer esse esforço, de falar para as pessoas. Mas falar a verdade, que deixamos de ter os indicadores sociais avançando no Brasil. Temos o retorno do crescimento do analfabetismo, uma agenda de trinta anos atrás. Estamos vendo investimentos que poderiam ser carreados para o Brasil, para gerar emprego e renda, indo para outras reuniões do mundo. O Brasil não pode crescer eternamente como o país do pleno emprego de dois salários mínimos. Queremos qualificar o emprego, fortalecer a nossa indústria, garantir competitividade às empresas nacionais. Tenho muito confiança que as pessoas entenderão que o governo do PSDB é a garantir de um governo sério, honrado e corajoso para fazer as mudanças que o PT não fez. O PT abriu mão de ter um projeto de país e se contenta hoje com um projeto de poder. E é isso que vamos combater com muita coragem, muita determinação.

 

Sobre encontros do PSDB nos estados

Estou chamando o Brasil para conversar. Tenho andado todos os estados, conversando não apenas com a classe políticas, mas com setores da sociedade. Hoje conversando conosco representantes do agronegócio, dos micro e pequenos empresários, catadores de papel. Estamos ampliando esse leque. E vamos mostrar muito o que fizemos em Minas Gerais. Acho que os exemplos de Minas, que tem a melhor educação fundamental do Brasil, o melhor atendimento de saúde do Sudeste, foram conquistas de governos sérios, que sabem trabalhar. E é disso que o país precisa. Estou muito animado, muito otimista.

 

Sobre os resultados das pesquisas

O que essas pesquisas mostram de consistente a um ano das eleições, me lembro da intenção de voto do governador Anastasia, que talvez não tivesse a um ano da eleição 3% de intenção de votos, e venceu em primeiro turno. O fato consistente nessa pesquisa é um só. Mais de 60% da população não quer dar um segundo mandato à presidente da República. Todas elas mostram a mesma coisa, mesmo tendo ela 100% de conhecimento, uma mídia avassaladora diária nos principais veículos de comunicação do país.

O sentimento que acho que vai reger essas eleições é o de mudança, e ninguém estará em melhores condições do que o PSDB, pela estrutura que tem, pelos governos exitosos que tem, a começar pelo de Minas Gerais, para fazer esse enfrentamento. Na hora certa vamos chegar muito competitivos para vencer as eleições.

 

Sobre motivo do adiamento da visita do ministro Fernando Pimentel a Uberlândia marcada para hoje

Tem que perguntar para ele. Nosso evento estava marcado e estamos com nossos companheiros mostrando a força da nossa aliança. Mas é legítimo que o ministro também venha aqui. Temos que mostrar, por exemplo, que Uberlândia no tempo de Odelmo avançava muito mais do que tem avançado no tempo do PT.

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